Na votação do arcabouço fiscal, apenas dois senadores do RN votaram. Foto: Senadores do RN . Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Na votação do arcabouço fiscal, apenas dois senadores do RN votaram. Foto: Senadores do RN . Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O projeto do novo arcabouço fiscal foi aprovado na noite de quarta-feira (21) no Senado por 57 votos a favor e 17 contra. Agora o texto segue para a Câmara dos Deputados, já que sofreu alteração. Dos três senadores potiguares, apenas dois votaram a matéria: Rogério Marinho (PL) e Zenaide Maia (PSD). O terceiro senador do RN, Styvenson Valentim (Podemos), não compareceu à votação, de acordo com informações registradas pelo Senado Federal.

Rogério marinho, que é líder da oposição ao governo Lula no Senado, votou contrário ao projeto que define regras para a substituição do atual teto de gastos, com objetivo de evitar o descontrole das contas públicas. Já Zenaide Maia, que é vice-líder do governo na Casa, votou a favor.

Reprodução da listagem da votação. Fonte: Senado Federal
Reprodução da listagem da votação. Fonte: Senado Federal

O projeto do novo Arcabouço fiscal precidasa de 41 votos para ser aprovado. Todos os destaques – sugestões de mudanças ao texto-base – foram rejeitados. Como houve alterações no Senado, a proposta volta para a Câmara, que pode revertê-las. Os deputados só devem analisar o assunto, contudo, na primeira semana de julho.

Mais cedo, o texto já havia passado pelo crivo da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Depois, no plenário, em uma articulação de última hora, o relator do projeto, Omar Aziz (PSD-AM), atendeu a um apelo do Ministério do Planejamento e acatou uma emenda do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que foi incorporada ao texto-base.

O dispositivo permite incluir no Orçamento de 2024 a previsão de despesas chamadas de “condicionadas”, ou seja, que só seriam executadas após aprovação de crédito extraordinário pelo Congresso, evitando corte de despesas no envio do Orçamento. O limite para essas despesas condicionadas será a diferença entre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, acumulado nos 12 meses até junho, e o realizado até dezembro do ano anterior.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu ativamente a emenda, mais cedo, em reunião de comissões da Câmara dos Deputados. Ela também passou pelo plenário do Senado. “É criar uma despesa condicionada na nossa LDO e, principalmente, na nossa LOA (Lei Orçamentária Anual), cujos valores e ministérios serão de responsabilidade da Câmara, porque nós vamos colocar como (despesa) discricionária (não obrigatória, como investimentos), exatamente para que todos os parlamentares tenham a liberdade para alocar no Ministério dos Transportes, Infraestrutura e tudo mais”, declarou Tebet.

Aziz já havia tentado aumentar o limite de despesas do governo no próximo ano, mas com uma mudança no período de cálculo do IPCA que servirá de referência para o aumento de gastos. Essa proposta do Senado foi rejeitada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo relator do texto na Casa, Claudio Cajado (PP-BA).

O texto enviado pela Fazenda considerava para o cálculo da inflação o valor oficial do indicador de janeiro a junho de 2023 mais a projeção da inflação de julho até dezembro. Como há tendência de aceleração neste ano, isso poderia aumentar o nível de despesas em 2024.

Na Câmara, os deputados fixaram essa janela de julho do ano anterior a junho do ano vigente, retomando a atual regra e que, neste ciclo, seria menos favorável ao governo. No Senado, foi cogitada a possibilidade de mudar para dezembro do ano anterior a novembro do ano vigente, porque isso permitiria a atualização com valores oficiais no teto da lei fiscal.

O arcabouço fiscal foi enviado pela Fazenda ao Congresso em abril, e aprovado pela Câmara em maio. A proposta substitui o atual teto de gastos, com regras mais flexíveis para as despesas do governo. Pelo projeto, os gastos só poderão crescer em até 70% do aumento da receita, dentro do intervalo de 0,6% a 2,5% acima da inflação. Ou seja, as despesas sempre crescerão menos que as receitas, para evitar um descontrole das contas públicas.