No Brasil, o principal vetor da febre maculosa é o carrapatos do gênero Amblyomma (Carrapato estrela) – Foto: Prefeitura de Jundaí/SP

O Rio Grande do Norte não registrou casos suspeitos de febre maculosa em 2023. A doença ganhou visibilidade após a morte de três pessoas na cidade de Campinas, no estado de São Paulo, na última semana. A doença infecciosa é causada por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), já foram notificados 18 casos suspeitos de febre maculosa no Rio Grande do Norte no período entre 2019 e 2022, sendo que apenas um caso está registrado como confirmado, proveniente da cidade de Mossoró. Não houve registros de óbitos relacionados à doença nesse período.

O caso confirmado em Mossoró ocorreu em 2021 e apresentou um diagnóstico inicial indicando febre maculosa. No entanto, em um segundo teste realizado pelo laboratório de referência, a presença da doença não foi confirmada. Apesar disso, o caso foi concluído como confirmado, levando em consideração os resultados iniciais.

Mariana Giordano e Douglas Costa morreram no mesmo dia. Ela, de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram
Mariana Giordano e Douglas Costa morreram em decorrêcia da febre maculosa em São Paulo – Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com a Sesap, foi realizada uma investigação acerca do caso, mas apenas um carrapato pôde ser coletado. O inseto foi enviado para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, para testes, e não foi identificada a presença da bactéria Rickettsia, responsável pela febre maculosa.

É importante ressaltar que, até o momento, em 2023, não há notificações de casos suspeitos da doença. No entanto, é fundamental que a população continue atenta aos sintomas e tome medidas preventivas para evitar a picada de carrapatos, que são os vetores da doença.

Número de casos no Brasil

Em 2023, o estado de São Paulo registrou 12 casos, sendo que quatro evoluíram para cura, seis para óbitos e dois continuam em investigação. No Brasil, este ano já foram confirmados 53 casos da doença, dos quais oito resultaram em óbitos. A maior concentração de casos é verificada nas regiões Sudeste e Sul, e de maneira geral ocorrem de forma esporádica.

Quando notificado de casos suspeitos, o Ministério da Saúde presta apoio técnico a estados e municípios no manejo clínico e na investigação dos casos, promovendo a divulgação das informações às secretarias estaduais e municipais de saúde para identificação precoce de eventuais novos casos suspeitos e para promoção do tratamento oportuno a fim de evitar óbitos.

Em áreas consideradas de risco, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de roupas que cubram todo o corpo, priorizando calças, blusas ou camisetas com mangas compridas e sapatos fechados. Dê preferência às cores claras. Dessa forma, os carrapatos podem ser vistos com maior facilidade pelo corpo. Examine o corpo com frequência, quanto mais rápido os carrapatos forem retirados, menores as chances de infecções. Caso o animal esteja infestado por carrapatos, procure orientação de um médico veterinário.

O Instituto Adolfo Lutz confirmou na terça-feira (13) a morte por febre maculosa do piloto Douglas Costa, de 42 anos. Além dele, outra jovem, de 28 anos, também morreu com a doença, segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo. A confirmação da morte da namorada do piloto, Mariana Giordano, de 36 anos, saiu na segunda-feira (12).

Conheça mais sobre a febre maculosa

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. A doença é causada por bactéria do gênero Rickettsia, transmitida por picada de carrapato. Ela não é transmitida diretamente entre pessoas pelo contato. No Brasil, os principais vetores são carrapatos do gênero Amblyomma.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença pode variar desde formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com alta taxa de letalidade. Os principais sintomas da febre maculosa são dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.

A prevenção da febre maculosa é baseada em impedir o contato com o carrapato. Portanto, em locais onde haverá exposição a carrapatos, algumas medidas podem ajudar a evitar a infecção: usar roupas claras para ajudar a identificar o carrapato; utilizar calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramados; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta e usar repelentes de insetos.

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a remoção – com uma pinça – se um carrapato for encontrado no corpo; não apertar, nem esmagar o carrapato e, depois de remover o carrapato inteiro, lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água. Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença.

Sintomas da febre maculosa podem ser facilmente confundidos

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta que os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta e que há no estado duas espécies da bactéria causadora da doença. Na região metropolitana da capital, há pouquíssimos registros dada a urbanização da área.

E, no interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, nas regiões mais periféricas da área metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Ambas as versões são potencialmente letais e demandam atendimento rápido para o recebimento de antibiótico específico.

Dados do governo paulista apontam que os municípios de Campinas e Piracicaba são hoje os que apresentam o maior número de vítimas da doença. Em 2023, houve 10 casos de febre maculosa com quatro óbitos, inclusive o confirmado nessa segunda-feira (12).

“A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”, diz nota da secretaria.

Tratamento:

A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. O ideal é manter a medicação por dez a quatorze dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total. Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito.

Prevenção:

Para se proteger e facilitar a visualização dos carrapatos e dos micuins é muito importante que as pessoas, quando entrarem em locais de mato, estejam de calça e camisa compridas e claras e, preferencialmente, de botas. A parte inferior da calça deve ser posta dentro das botas e lacrada com fitas adesivas. Se possível, evite caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos e, a cada duas horas, verifique se há algum deles preso ao seu corpo.

Quanto mais depressa ele for retirado, menores os riscos de infecção. Ao retirar um carrapato, não o esmague com as unhas. Com o esmagamento, pode haver liberação das bactérias que têm capacidade de penetrar através de pequenas lesões na pele; também não force o carrapato a se soltar encostando agulha ou palito de fósforo quente. O estresse faz com que ele libere grande quantidade de saliva, o que aumenta as chances de transmissão das bactérias transmissoras da doença.

Os carrapatos devem ser retirados com cuidado, por meio de uma leve torção, para que sua boca solte a pele. Existem também repelentes com concentrações maiores do produto químico DEET (N-N-dietil-meta-toluamida), que são eficientes contra mosquitos e carrapatos.