Mariana Giordano e Douglas Costa morreram no mesmo dia. Ela, de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram
Mariana Giordano e Douglas Costa morreram no mesmo dia. Ela, de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram

O Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, confirmou o diagnóstico de febre maculosa em uma mulher residente em São Paulo, que morreu em 8 de junho. A dentista e biomédica Mariana Giordano, de 36 anos, começou a apresentar febre e dores de cabeça em 3 de junho e foi internada no dia 6 na capital paulista. A confirmação ocorreu nesta segunda-feira (12).

O namorado dela, o piloto de automobilismo Douglas Costa, de 42 anos, morreu no mesmo dia. Ele apresentou sinais e sintomas parecidos e foi internado em 7 de junho na cidade de Jundiaí. Seu exame segue em análise no Instituto Adolfo Lutz.

A dentista relatou marcas de picada de inseto no corpo após uma viagem do casal a Campinas, no interior paulista. Ela e ele fizeram viagem juntos para o município de Monte Verde, em Minas Gerais, na semana seguinte da viagem a Campinas.

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo divulgou nota externando receber com preocupação a notícia de mortes provocadas pela febre maculosa. A entidade afirmou que, nos últimos anos, o estado vem sofrendo um desmonte da estrutura de pesquisa científica, essencial para orientar ações de vigilância epidemiológica.

“Sem investimentos em ciência, a resposta a casos como este, de morte provocada por uma bactéria, fica comprometida e expõe a sociedade ao risco de novos casos e mortes. É urgente investir em Institutos de Públicos de Pesquisa, alguns há 20 anos sem concurso público, além de salários defasados em relação a outros Estados da Federação”, dizem os pesquisadores, na nota.

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. A doença é causada por bactéria do gênero Rickettsia, transmitida por picada de carrapato. Ela não é transmitida diretamente entre pessoas pelo contato. No Brasil, os principais vetores são carrapatos do gênero Amblyomma.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença pode variar desde formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com alta taxa de letalidade. Os principais sintomas da febre maculosa são dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.

A prevenção da febre maculosa é baseada em impedir o contato com o carrapato. Portanto, em locais onde haverá exposição a carrapatos, algumas medidas podem ajudar a evitar a infecção: usar roupas claras para ajudar a identificar o carrapato; utilizar calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramados; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta e usar repelentes de insetos.

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a remoção – com uma pinça – se um carrapato for encontrado no corpo; não apertar, nem esmagar o carrapato e, depois de remover o carrapato inteiro, lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água. Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença.

Sintomas da febre maculosa podem ser facilmente confundidos

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta que os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta e que há no estado duas espécies da bactéria causadora da doença. Na região metropolitana da capital, há pouquíssimos registros dada a urbanização da área.

E, no interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, nas regiões mais periféricas da área metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Ambas as versões são potencialmente letais e demandam atendimento rápido para o recebimento de antibiótico específico.

Dados do governo paulista apontam que os municípios de Campinas e Piracicaba são hoje os que apresentam o maior número de vítimas da doença. Em 2023, houve 10 casos de febre maculosa com quatro óbitos, inclusive o confirmado nessa segunda-feira (12).

“A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”, diz nota da secretaria.