Acordo garante retomada integral do transporte público em Natal

Um estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) apontou vários problemas no sistema de transporte público de Natal. Além dos problemas financeiros e operacionais, o estudo também mostra que o sistema de transporte público de Natal é ineficiente e não atende às necessidades dos usuários. De acordo com a análise, a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) sugere que a tarifa atual de R$ 3,90 (para pagamento no cartão – ou R$ 4 para pagamento em dinheiro) passe a ser de R$ 4,85.

Com relação à frota, a avaliação da ANTP também apontou que a idade média dos ônibus em Natal é de 11,12 anos, quase três vezes a ideal.

O documento foi apresentado pela Prefeitura do Natal dentro de uma ação movida na Justiça pela deputada federal Natália Bonavides (PT) contra o Município e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn).

O estudo em questão é o resultado de um contrato firmado entre a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) em outubro de 2022.

O serviço contratado é para a prestação de consultoria a respeito do transporte público da capital, e prevê a elaboração de relatórios e apresentação de propostas para o sistema de transporte público e coletivo da capital potiguar.

As informações estão em análise pelo Município e devem servir para possíveis mudanças tarifárias do transporte público, bem como servirão para a transição do sistema atual para a rede que será projetada com a futura licitação pública do setor — que ainda não tem prazo para acontecer.

STTU aponta que tarifa de ônibus deveria ser reajustada para equilibrar economicamente o setor de transporte público

O estudo apontou que o sistema é fragmentado, com várias empresas operando linhas diferentes, o que dificulta a integração e a transferência entre linhas. A ANTP também apontou que o sistema não é acessível a pessoas com deficiência, idosos e famílias com crianças.

Uma das questões cruciais apontadas no documento é a necessidade de considerar novas formas de remuneração das empresas e financiamento do sistema. O relatório propõe até mesmo uma separação entre a tarifa de uso e a tarifa de remuneração. A ANTP indicou ainda que o atual sistema de transporte público cobre cerca de 90% do território da cidade, quando deveria, no mínimo, atender 95% da capital.

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Outro aspecto destacado pela ANTP é a idade avançada dos ônibus que operam no sistema de transporte público de Natal. A idade média dos veículos é de 11,12 anos, quase três vezes mais do que a média considerada ideal, que seria de 10 anos.

“Segundo dados de cadastro de frota recebidos da STTU no mês de dezembro, fica constatado que 83,38% dos ônibus cadastrados na frota patrimonial estão acima da idade máxima permitida”, diz o relatório.

De acordo com o estudo da ANTP, a tarifa calculada para o ano de 2023 seria de R$4,36 por passageiro. Os cálculos feitos pela ANTP são  referentes aos dados de junho de 2022 a maio de 2023.

No entanto, a tarifa atualizada com base nos dados operacionais dos últimos 12 meses deveria ficar em R$4,85 por passageiro, segundo a STTU. A agregação de todos os custos resulta em um custo total do sistema de R$ 14,99 milhões. O cálculo consta em nota técnica apresentada à Justiça.

Reclamações dos usuários

O banco de dados da Superintendência de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) contabilizou um total de 2.076 registros de reclamações durante 2017 a 2022. A maior parte das reclamações está relacionada a problemas na oferta do serviço e no comportamento dos motoristas.

Entre as principais queixas estão:

  • Não atender pedido de embarque e desembarque nos pontos: Essa ocorrência representa quase 40% das reclamações, podendo ser resultado de excesso de ocupação do veículo no caso dos embarques ou de postura inadequada dos operadores no caso dos desembarques.
  • Intervalos excessivos: A falta de regularidade nos horários dos ônibus é outro fator que gera insatisfação entre os usuários.
  • Descumprimento de quadro de horário: O não cumprimento dos horários previstos para as viagens também é uma queixa frequente.
  • Conduta de Operador: A conduta dos motoristas é apontada como problemática, o que pode refletir em situações desagradáveis durante as viagens.
  • Descumprimento de itinerário: Alterações não programadas no trajeto dos ônibus também estão entre as reclamações.
  • Elevador com problemas operacionais: A falta de manutenção adequada nos elevadores dos veículos é uma preocupação dos usuários com mobilidade reduzida.
Recomendações

Diante da complexidade dos problemas enfrentados no transporte público de Natal, a ANTP apresentou uma série de recomendações no seu relatório final. Algumas dessas propostas incluem:

  • Acréscimo de 17,5% na oferta de transporte nos horários de pico da manhã, considerando a maior demanda nesses momentos;
  • Ampliação da oferta nos horários de pico à tarde e no pós-pico, especialmente nas regiões turísticas da cidade;
  • Maior oferta de serviços aos finais de semana, permitindo melhores condições de atendimento aos moradores e turistas;
  • Regularização dos contratos de prestação dos serviços, definindo obrigações legais, técnicas e formais para o poder público e as prestadoras de serviço;
  • Alteração estrutural na relação entre os operadores do sistema opcional e as empresas do sistema regular, buscando uma integração mais eficiente.
Licitação dos ônibus

A licitação do transporte público de Natal é uma das notícias mais aguardadas pela população e deve acontecer até o fim deste ano, de acordo com Daliana Bandeira, secretária municipal de Mobilidade Urbana. Entre prazos e adiamentos, o processo se arrasta há anos, e um dos passos mais recentes é a análise das informações prestadas pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

A lei que a secretária cita é de 2018 e deveria ser utilizada como parâmetro para a licitação do serviço. No entanto, algumas exigências contidas na norma (piso rebaixado e ar-condicionado nos veículos) inviabilizavam a participação das empresas na disputa e, para evitar uma nova tentativa frustrada, o município optou por revogá-la, o que foi oficializado no último dia 11 de maio pela Câmara Municipal de Natal.

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