Afastamento dos servidores está ligado à transtorno bipolar, episódios depressivos e ansiedade generalizada – Foto: Freepik

Durante 15 anos, a técnica de enfermagem Eloá Miranda (nome fictício) se dedicou a prestar serviços para a saúde pública do Rio Grande do Norte em unidades hospitalares do Estado. Mas problemas no ambiente de trabalho, além de questões relacionadas a pessoas com cargos de chefia desencadearam sérios problemas na vida da mulher, de 38 anos, que precisou ser afastada das funções após ser acometida com doenças ligadas à mente.

“Enfrentei questões como pessoas com cargos de chefia que não tinham preparo ou vocação para liderar uma equipe, para melhorar o mínimo possível o ambiente de trabalho que, por si só, já era insalubre e estressante, tornando uma obrigação e não mais prazeroso. Além disso, a falta de resolutividade da situação refletiu de forma negativa na questão saúde mental e física”, disse a técnica de enfermagem.

Afastada desde 2016, a técnica de enfermagem faz acompanhamento recorrente com profissionais para diminuir os sintomas e buscar o controle das doenças desenvolvidas, segundo ela, no ambiente de trabalho.

“Desenvolvi ansiedade, angústia, insônia, choro fácil, comportamento e falas agressivas, movimentos involuntáiros e outras doenças. Fui diagnosticada com depressão, distúrbio pós traumático, bipolaridade e borderline e faço uso até hoje de farmacológicos. Durante muito anos sem assistência financeira”, contou a servidora.

No mês dedicado à conscientização da saúde mental, conhecido como “Janeiro Branco”, é imperativo refletir sobre o impacto das doenças mentais no ambiente de trabalho, especialmente no setor público do Rio Grande do Norte.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, um crescente número de servidores tem sido afetado por transtornos psicológicos, resultando em afastamentos e desafios significativos para a administração pública.

Em 2023, 477 servidores da saúde do Rio Grande do Norte solicitaram afastamentos ou licenças por doenças que acometem a saúde mental.

Desses pedidos, a maior parte está ligada à transtorno bipolar, episódios depressivos, ansiedade generalizada, transtorno de adaptação, transtorno depressivo recorrente e transtorno misto ansioso e depressivo.

A saúde mental dos trabalhadores é uma questão que vem ganhando destaque nos últimos anos, e o Janeiro Branco surge como uma campanha para promover a reflexão sobre a importância do cuidado psicológico.

No contexto dos servidores públicos do Rio Grande do Norte, os desafios são evidentes, com uma parcela significativa enfrentando pressões crescentes, cargas de trabalho excessivas e ambientes de trabalho estressantes.

Serviço de apoio aos servidores

Segundo a secretaria, o Estado tem investido em equipes dos Núcleos de Atenção à Segurança e Saúde do Trabalhador (NASSTs), contando atualmente com 12 NASSTs em unidades de saúde e dois em processo de implantação. A pasta afirmou que os NASSTs dispõem de profissional especializado em saúde mental seja um psicólogo ou psiquiatra, que promovem ações voltadas à saúde mental dos servidores, em conjunto com os demais profissionais das equipes dos NASSTs.

Entre as atividades desenvolvidas estão ações de vigilância em saúde do trabalhador, bem como ações de promoção à saúde mental por meio de atividades de educação permanente e estímulo à prática de um ambiente de trabalho saudável.

Além disso, as equipes dos NASSTs realizam acompanhamento e monitoramento dos casos de servidores acometidos por transtornos mentais.

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