Rosalba Ciarlini (PP) pode disputar a prefeitura de Mossoró e Natália Bonavides é pré-candidata à Prefeitura de Natal – Fotos: Fotos: Divulgação/Prefeitura de Mossoró e Mário Ágara

Em 2020, apenas 22% dos municípios potiguares elegeram mulheres como prefeitas. Foram 37 eleitas dentre as 103 candidatas registradas nas eleições daquele ano. O número representou uma queda em relação à eleição anterior – em 2016 -, quando 46 mulheres foram eleitas no Rio Grande do Norte, o que representava 27,5% das 167 prefeituras do estado.

Nas eleições deste ano, uma coincidência pode fortalecer a participação feminina na política municipal do RN, se considerarmos que as três maiores cidades do estado podem iniciar 2025 sendo governadas por mulheres. Em Natal, Parnamirim e Mossoró, a força política das mulheres desponta nos nomes de Natália Bonavides (PT), Professora Nilda (SDD), além de Isolda Dantas e Rosalba Ciarlini (PP).

A eleição do trio seria um marco na história política do estado. Juntas, elas administrariam 1.268.593 potiguares, ou seja, 38,4% da população do Rio Grande do Norte, se considerarmos apenas essas três cidades, sem contar eleições em prefeituras de municípios menores.

Analisando o cenário obtido nas urnas eletrônicas em 2020, o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Homero Costa, explica que a sub-representação das mulheres em cargos políticos é uma exclusão histórica. Ele considera que não há resposta exata para promover uma mudança no cenário político atual, mas aponta caminhos que ajudarão, passo a passo, a diminuir a desigualdade de gênero na política.

“Não há uma resposta, pronta e acabada. Creio que cabe às mulheres responderem e para isso, é necessário maior engajamento político, desde a filiação aos partidos, a participação em suas instâncias de deliberação (onde também são minorias), e um trabalho, árduo, difícil, mas necessário de conscientização política”, explica Costa.
O crescimento da representatividade das mulheres na política pode ser benéfico para todo o cenário que está descredibilizado há anos, sustenta Homero Costa.

“Os parlamentos não gozam de muita credibilidade, há uma enorme rejeição aos partidos e seus representantes, e uma maior presença das mulheres é importante não apenas em termos numéricos, mas também da possibilidade de melhorar a qualidade da representação”, diz o professor.

No entanto, ele lembra que é preciso estar atento à inserção de algumas mulheres, que na verdade representam a “extensão do poder” de homens: “muitas vezes, a simples presença (das mulheres) nos parlamentos não significa necessariamente uma conquista, mas uma extensão do poder de alguns homens, que colocam esposas, filhas e etc em determinados espaços legislativos na impossibilidade, por exemplo, de se candidatarem. Mas nem todas são assim, há muitas excelentes representantes tanto nas prefeituras, Câmaras Municipais, como nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, além de governadoras, como é o caso do Rio Grande do Norte”, completa Homero.

Natal e Mossoró podem ter novidades e nomes conhecidos

Natal e Mossoró, as duas maiores cidades do estado, terão no pleito eleitoral deste ano, a representação de algumas mulheres com considerável aceitação e que podem governar os respectivos municípios a partir de 2025.
Única mulher deputada federal pelo Rio Grande do Norte na atual legislatura, Natália Bonavides (PT) já confirmou sua pré-candidatura à prefeita de Natal. Ela mantém como central a luta das mulheres por mais direitos. “A questão da representatividade na política é muito importante, pois ajuda a enfrentar uma questão histórica e estrutural que é a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade. Quanto mais mulheres verdadeiramente comprometidas com um programa de mudança da sociedade, de defesa dos direitos humanos e da classe trabalhadora ocupam a política, mais avanços concretos conseguimos garantir”, diz Natália.

“Instrumentos importantes como a reserva de vagas e recursos para candidaturas femininas são um avanço, mas não suficientes. Fora a própria prática que muitas vezes ainda deturpa esses mecanismos, é preciso que as cidades consigam se preparar para um novo modelo de sociedade que pare de excluir as mulheres”, explica a deputada Natália Bonavides.

Em Mossoró, dois nomes despontam. A deputada estadual Isolda Dantas (PT) aponta que a baixa representatividade feminina na política é reflexo do nível de desigualdade da sociedade. “Se a gente ainda tem altos números de violência contra as mulheres, de assassinato, se a gente ainda ocupa os piores postos de trabalho, se a gente ainda ganha 70% do salário dos homens, isso repercute também na política”, diz Isolda Dantas, que completa explicando o que pode ser feito para mudar esse cenário: “para mudar isso é preciso um conjunto de políticas e uma construção da compreensão da sociedade que nós mulheres sabemos, podemos e já demos demonstração de que nós atuamos em vários, em todos os lugares, e com muita eficiência, com muita capacidade, com muita qualidade”.
Rosalba Ciarlini (PP) representa marco histórico na política potiguar. Primeira senadora do RN e primeira prefeita de Mossoró, ela também governou o estado, e pode voltar às disputas eleitorais este ano, apesar de não confirmar sua pré-candidatura.

“Para fortalecer a presença das mulheres na política, precisamos estimular, estar presentes e convocar elas para que a gente possa ter mais destaque, já que o nosso estado é um estado pioneiro na questão da mulher na política. Tivemos aqui o primeiro voto, a primeira prefeita do Brasil, já tivemos três mulheres no Governo do Estado. Então, nós mulheres temos essa responsabilidade de convocar, de incentivar e estimular, e queremos contar com a parceria de todos os nossos companheiros, filhos, maridos, amigos, para que também entendam a importância da mulher estar na política”, explica a ex-governadora Rosalba Ciarlini.

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