A Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) reuniu nos dias 26 e 27 de agosto, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mais de 1,1 mil estudantes

Nos dias 26 e 27 de agosto de 2023, foi realizada, em Campinas, São Paulo, a Fase Final da 15ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O estado do Rio Grande do Norte saiu dela com duas equipes medalhistas, e uma delas é do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

A equipe “Devotchkas” vem do Campus Pau dos Ferros, no Alto Oeste Potiguar, e alcançou medalha de bronze na competição. O grupo é formado pelas estudantes Ana Júlia Medeiros, do Curso Técnico Integrado em Apicultura; Clarice Sobrinho; e Maria Rita Aires, ambas do Curso Técnico Integrado em Informática. Na trajetória até a medalha, as meninas contaram com a orientação dos professores de História Lucas Chnaiderman e Gabriel Oliveira.

De Pau dos Ferros para Campinas

“Foi mágico”. “Fugiu dos sentidos”. “Foi incrível”.  É assim que as componentes da equipe medalhista do IFRN na ONHB caracterizam o momento da conquista. Clarice, de 19 anos, entrou em um avião pela primeira vez e foi rumo ao pódio. Para ela, poder representar o Instituto e o RN foi motivo de orgulho. “Me permitiu explorar temas e fontes históricas fascinantes, além de trabalhar com uma equipe maravilhosa e com nossos professores. A ONHB foi um marco na minha vida que jamais esquecerei”, contou.

Poder participar da ONHB e sair dela com uma medalha foi uma das melhores experiências na vida da jovem Ana Júlia, também de 19 anos. A estudante conta que ela e as colegas tentaram, por mais de uma vez, passar para a Fase Final da competição, mas nunca haviam conseguido. “Quando conseguimos neste ano, ganhamos uma medalha e o título de uma das cinco melhores equipes de escola pública do país. Foi inacreditável!”, disse.

Chegar à final exigiu esforço e dedicação das meninas. Maria Rita, de 17 anos, reconhece a medalha como um símbolo de vitória: “O momento em que fomos chamadas para receber a medalha coroou, simbolicamente, toda a jornada, que teve altos e baixos. É gratificante demais, e, até agora, meio surreal, perceber a magnitude do que a gente conquistou através de todo o processo de aprendizagem e das relações que estabelecemos que, por fim, deram significado à medalha”.

Preparação

Maria Rita revela que o preparo para chegar ao pódio da 15ª ONHB teve início em 2021. A estudante conta que as quatro primeiras fases da competição foram marcadas por reuniões presenciais semanais com os professores orientadores. “As questões eram discutidas em grupo, juntamente com as outras equipes do nosso Campus, o que eu diria que foi essencial”.

A partir da quinta fase da Olimpíada, foram feitas diversas pesquisas em documentos disponibilizados pelos orientadores. As estudantes ainda produziram textos, que foram revisados pelos docentes, além de realizarem simulados elaborados pelos professores, com o objetivo de prepará-las para a realização da prova em trio.

Referências históricas

O nome da equipe é de difícil pronúncia: “devotchkas”. O termo vem do russo “девочка” e significa “garotas”. A inspiração para o nome veio do livro “Laranja Mecânica” (1962), do escritor britânico Anthony Burgess, lido pela estudante Maria Rita.

Falando em referências, perguntamos às “devotchkas” o que pensam a respeito da frase “um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la”, do filósofo irlandês Edmund Burke. Para Clarice, a declaração significa que, “se ignorarmos o passado, podemos repetir os mesmos padrões de comportamento que levaram a conflitos, injustiças, violências ou retrocessos”. A jovem diz concordar com o pensamento do filósofo e afirma que estudar o passado é uma forma de evitar que os mesmos erros cometidos se repitam, bem como valorizar as conquistas e as lições que foram aprendidas. “Paralelo a esse pensamento, a ideia do sociólogo potiguar Jessé Souza, de que o indivíduo é influenciado pelo paradigma no qual é criado, instiga o historiador a comprometer-se com o distanciamento do objeto ao qual se propõe analisar”, declarou.

A importância de estudar História

O professor de História Lucas Chnaiderman, um dos orientadores da equipe medalhista do IFRN, explica a importância de estudarmos a história do Brasil: “Acredito que apenas ao estudar a história do Brasil é possível compreender por qual razão estamos onde estamos. Ou seja, apenas o estudo da história pode nos dar a consciência crítica de nós mesmos e do mundo ao redor. Quando estes adolescentes estudam história, eles conseguem se apropriar do mundo, compreendê-lo, e, só dessa forma, é possível que eles também sejam capazes de construir um futuro diferente. Sendo assim, acredito que estudar história é uma poderosa ferramenta para a crítica e para agir”.

Gabriel Oliveira, docente que também orientou a equipe “Devotchkas”, afirma que a ONHB é uma “experiência sensacional”, tanto na formação histórica, com acesso a diversas fontes e análises de diversos temas da história do país, como pela oportunidade de interação entre professores e estudantes participantes. “A viagem para estar na fase final na Unicamp, em Campinas, foi um momento muito bonito para coroar esse processo, que começa desde o início do ano, com a divulgação, inscrição, aulas preparatórias e orientações. E, em conjunto com tudo isso, ver uma instituição pública como o nosso IFRN, e, de modo ainda mais especial para nós, por ser uma equipe do Campus de Pau dos Ferros, no meio do sertão, ganhando uma medalha, é muito especial e nos dá esperança na luta pela educação pública”, finalizou.

ONHB

A Olimpíada Nacional de História do Brasil é um projeto de extensão organizado, anualmente, pela Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, e desenvolvido pelo Departamento de História por meio da participação de docentes, estudantes de graduação e de pós-graduação. O evento é destinado a alunos de escolas públicas e particulares.

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