Apesar de poucos focos espalhados pelo Brasil, todas as regiões têm previsão de chuva nos próximos dias — Foto: Canva/Creative Commoms

As fortes chuvas que atingem o Sul do Brasil devem avançar para o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná. Em áreas desses estados os temporais podem ser de forte intensidade, especialmente em Santa Catarina e sul e oeste do Paraná. Essa situação acontece após a formação de uma ampla área de baixa pressão atmosférica, juntamente com a formação e deslocamento de uma frente fria que provocam novas áreas de instabilidade.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até o dia 5 de maio, são previstos ventos fortes com rajadas acima dos 60 km/h, ocorrência de descargas elétricas, possível queda de granizo e chuvas ainda volumosas podendo superar os 100 milímetros (mm) entre o norte do estado gaúcho e o sul de Santa Catarina (figuras 1a e 1b).

Figura 1: Precipitação (chuva), em milímetros (mm), acumulada em 48h até as 9h de sábado (4) pelo modelo Cosmo 2,8 km e 96h até 9h de 6 de maio pelo modelo Cosmo 7 km.

Ao longo do dia 2 e parte desta sexta-feira (3), devido ao deslocamento da frente fria para o norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e também para o sul do Paraná, o tempo ficará estável na metade sul gaúcha, com queda nas temperaturas em todo estado e em parte de Santa Catarina. Entretanto, entre a sexta e o decorrer do sábado (4), o sistema frontal recua de Santa Catarina para o Rio Grande do Sul elevando novamente as temperaturas.

Temperaturas máximas (em °C ) previstas pelo modelo Cosmo-Inmet 7Km para sexta-feira (3) e sábado (4).

Ainda de acordo com o Inmet, o persistente bloqueio atmosférico vai impedir o avanço do sistema frontal, fazendo com que a chuva retorne durante a sexta (3) ao Rio Grande do Sul. Essa chuva, ainda pode ter forte intensidade entre a metade norte gaúcha e divisa com Santa Catarina, especialmente no nordeste do estado gaúcho, litoral norte, serra do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina. No final de semana, embora com chuva de menor intensidade, o estado gaúcho ainda permanece com tempo instável.

CHUVA NA REGIÃO SUL

Grande parte do Rio Grande do Sul segue sendo atingido por chuvas persistentes e volumosas desde o dia 27 de abril. Em algumas regiões, especialmente na ampla faixa central dos vales, planalto, encosta da serra e metropolitana, os volumes de chuva chegaram a passar dos 300 milímetros (mm) em menos de uma semana. No município de Bento Gonçalves, por exemplo, os volumes chegaram a 543,4 mm.

Desde o dia 29 de abril, quando a chuva volumosa ficou estacionária sobre o Rio Grande do Sul, os volumes ficaram entre 200 mm e 300 mm em diversas áreas. Na capital do estado, Porto Alegre, o volume chegou a 258,6 mm em apenas três dias. Esse valor corresponde a mais de dois meses de chuva, quando comparado a Normal Climatológica dos meses de abril (114,4 mm) e de maio (112,8 mm).

As estações do Inmet que mais registraram chuva de 26 de abril até as 9h desta quinta (2), foram: Soledade (488,6 mm); Santa Maria (484,8 mm) e Canela (460 mm). A estação meteorológica convencional de Santa Maria teve recorde de chuva em 24h, com acumulado de 213,6 mm, no dia 1º de maio. Essa foi a maior chuva registrada no município, em 112 anos de observação, superando o volume anterior de 182,3 mm, ocorrido em 23/06/1944. Em apenas três dias, o volume de chuva na cidade chegou a 470,7 mm, valor que corresponde três meses de chuva, conforme a média climatológica.

O Inmet explica que, o período entre o final de abril e o início de maio de 2024, ainda tem influência do El Niño. O fenômeno responsável por aquecer as águas do Pacífico, ajudou a bloquear as frentes frias e concentrar os sistemas de áreas de instabilidade na altura do Rio Grande do Sul causando a chuva mais intensa em parte do estado gaúcho e sul de Santa Catarina nos últimos dias. Além dessa condição, a temperatura do Oceano Atlântico Sul bem mais elevada, próximo da faixa equatorial, também contribui para a umidade, intensificando as chuvas. O transporte de umidade a partir da Amazônia e o contraste térmico com o ar mais aquecido ao norte da Região Sul, além de ar mais frio ao sul do Rio Grande do Sul também ajudou a fortalecer as tempestades (figura 3).