O uso de ar-condicionado exige cuidados para evitar incêndios. Foto: Cedida/Micarla de Sousa
O uso de ar-condicionado exige cuidados para evitar incêndios. Foto: Cedida/Micarla de Sousa

Com a recente onda de calor que atingiu Natal nas últimas semanas, muita gente incluiu o ar-condicionado como item prioritário na lista de compras. O uso do equipamento, no entanto, exige cuidados para evitar incêndios que podem ser provocados pelo excesso de carga elétrica.

Em Natal, nos últimos dias ocorreram ao menos três ocorrências provocadas pelo aparelho elétrico. Na noite de 19 de março, um incêndio causado por um curto-circuito em um ar-condicionado atingiu o quarto da ex-prefeita de Natal, Micarla de Sousa.

De acordo com ela, o aparelho estava desligado quando começou a pegar fogo. Os bombeiros chegaram rapidamente ao local e ninguém se feriu.

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O caso mais recente aconteceu em uma casa no bairro Candelária, Zona Sul de Natal, em 25 de março. Os proprietários estavam dormindo e despertaram com o cheiro da fumaça. As chamas se espalharam rapidamente e invadiram todos os cômodos da residência.

A suspeita é de que um curto-circuito no ar condicionado possa ter sido a causa das chamas. Ninguém ficou ferido.

Entre janeiro e dezembro de 2023, Segundo dados do Corpo de Bombeiros Militar do RN, foram registrados 397 incêndios em estruturas residenciais familiares. A corporação, contudo, não possui dados específicos sobre incêndios causados por aparelhos de ar-condicionado.

Estatísticas do Corpo de Bombeiros apontam as instalações elétricas mal feitas como as principais causas de incêndio no Brasil, sendo que 20% das vítimas envolvidas nesses acidentes não sobrevivem.

As falhas elétricas geradas a partir de fiação mal conectada ou com muitas emendas (as famosas gambiarras) e os erros quanto ao dimensionamento da carga estão entre as principais causas de incêndios na rede elétrica.

Mas, por que tantos incêndios começam no ar-condicionado? Conforme o Corpo de Bombeiros, a incompatibilidade entre a rede elétrica e a tensão do equipamento é a principal causa de princípio de incêndio neste item.

“Se a fiação não é adequada para a tensão mais forte do ar-condicionado, o fio acaba esquentando demais e derretendo, entrando em curto-circuito”, explica o Tenente-Coronel Christiano Couceiro.

Cuidados com a fiação elétrica

Sobre os curtos-circuitos em ar-condicionado, o professor José Luiz da Silva Junior, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRN, explica que esses equipamentos possuem componentes internos que precisam funcionar em conjunto.

“Se o ventilador para de funcionar por sujeira ou falta de manutenção, produz aquecimento no compressor e nos fios que levam a energia para o ar condicionado e começa a derreter a isolação. A consequência disso é um curto-circuito e, se o disjuntor não atuar, um incêndio”, explica o professor.

Para quem ainda vai instalar o ar-condicionado, José Luiz alerta que é necessário avaliar as condições da fiação elétrica do imóvel que vai receber o aparelho já que haverá uma demanda maior de energia. “É fundamental que seja avaliada toda a parte elétrica e se ela comporta o aparelho desejado”, detalha.

O engenheiro eletricista ressalta que somente um eletricista experiente, técnico ou engenheiro podem fazer o diagnóstico da rede elétrica do imóvel.

Ele destaca ainda que, como o ar-condicionado é um equipamento que requer muita energia para funcionar, o ideal é manter um circuito exclusivo, com disjuntor e fiação compatíveis com o aparelho a fim de evitar sobrecarga na rede elétrica. “Isso evita curtos ou quedas da rede elétrica”, afirma.

O disjuntor é um componente que protege a rede elétrica, a fiação e os equipamentos que nela estão ligados contra curtos-circuitos e sobrecarga de tensão.

José Luiz destaca ainda que além do dimensionamento correto de fios e disjuntores também é importante a capacidade do ar condicionado estar corretamente dimensionada para o tamanho do ambiente que será climatizado. Na tentativa de escapar do calorão, é imprescindível observar algumas condicionantes para que o ar-condicionado não seja um risco à segurança.

O professor da UFRN, afirma que o recomendável é desligar o aparelho ao sair de casa. “Ao ficar ligado na energia, se estiver superaquecendo, o ar condicionado não avisa e o problema pode acabar causando um incêndio”.

O engenheiro eletricista destaca ainda que desligar o aparelho quando o ambiente estiver desocupado é também uma questão de economia, uma vez que o ar-condicionado é disparado o aparelho que mais consome energia em uma residência podendo fazer a conta no final do mês crescer assustadoramente.

É preciso ficar atento a alguns sinais durante o funcionamento

Mesmo que manutenção do seu aparelho esteja em dia e sendo feita por profissional qualificado é preciso ficar atento a alguns sinais durante o funcionamento. Primeiramente, o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte orienta que caso o aparelho apresente qualquer inconformidade, é preciso desligá-lo e retirá-lo da tomada e, se possível, desligar também o disjuntor.

Além disso, desligamentos frequentes de disjuntores, queima acentuada de lâmpadas e aparelhos podem ser um sinal de que a instalação elétrica do imóvel precisa de revisão. Também podem causar incêndio as oscilações no fornecimento de energia elétrica uma vez que a voltagem (tensão) baixa pode queimar o motor do aparelho.

O ar condicionado pode pegar fogo até mesmo estando desligado, caso a instalação seja velha e os fios de alimentação do ar estejam descascados.

Ao relembrar tragédias como a do centro de treinamento das categorias de base do Flamengo, que deixou dez adolescentes mortos em fevereiro de 2019, vale refletir sobre os motivos de os incêndios iniciados em ar condicionado se alastrarem tão rapidamente.

O Corpo de Bombeiros alerta que o ar-condicionado está instalado em um ambiente confinado e que possui alta carga de perigo de incêndio. Diante do curto circuito, o equipamento superaquece e derrete, entrando em contato com os demais materiais do ambiente, como por exemplo colchões, sofás, papéis, cortinas etc, alastrando rapidamente o fogo pelo ambiente.

Veja dicas de segurança:

  • Cheiro de queimado vindo do aparelho ao ligá-lo ou após certo tempo de uso;
  • Paralisação do funcionamento sem motivo;
  • Sons incomuns durante o funcionamento;
  • Cabos ou plugues superaquecidos;
  • Alteração da cor dos plugues;
  • Deformidades dos cabos ou folgas.

Meu ar-condicionado pegou fogo, o que eu faço?

O Corpo de Bombeiros orienta que em caso de suspeita de um incêndio em um equipamento elétrico, é importante tomar medidas imediatas para tentar apagar o fogo e minimizar os danos, além de sempre entrar em contato imediatamente com o Corpo de Bombeiros.

“Uma das coisas que podem ser feitas é desligar a fonte de energia do equipamento. Se você não souber como fazer isso, desligue a energia elétrica na caixa de disjuntores ou no interruptor principal. Também é importante usar um extintor de incêndio classe C para tentar apagar o fogo.

Não tente apagar o fogo se você não se sentir seguro ou se o fogo estiver fora de controle”, alerta Couceiro.O CBM orienta que, em caso de incêndio, é recomendado o uso de extintor para equipamentos elétricos, que são à base de gás carbônico, pois não conduzem eletricidade.

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