“Nesse momento de dor, receba seu quase netinho aí no céu. Vamos saborear o amargor das perdas momentâneas com o coração aliviado de quem jogou limpo a vida toda. Página quase virada, pai. Te amo e te honraremos sempre”, disse na publicação
Publicado 19 de setembro de 2024 às 16:24
A empresária Clara Bezerra, do Restaurante Camarões — um dos mais respeitados de Natal — usou sua conta no Instagram para fazer um relato emocionante e que causa indignação, ao mesmo tempo. Ela contou como recebeu a notícia de que sua empresa perdeu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o julgamento do recurso contra a rede de restaurantes Coco Bambu.
O Grupo Camarões ingressou com a ação judicial alegando que a rede Coco Bambu estaria copiando sua identidade visual, conhecida como trade dress, e aliciando seus funcionários. Os ministros, sob relatoria de Marco Buzzi, concluíram que não foram encontrados elementos que indicassem confusão mercadológica ou violação de direitos sobre o conjunto de imagem (trade dress), conforme alegado pelo grupo de restaurantes de Natal.
Clara Bezerra começa o relato informando que o resultado do julgamento veio logo após a perda de um bebê. “15 anos se passaram e quis o destino que essas perdas fossem dolorosamente simultâneas“.
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Leia o relato da empresária do Restaurante Camarões na íntegra:
Já estava escrito que 17/09 seria um dia BEM triste. Eu deveria estar no consultório confirmando a perda do bebê, mas pedi à recepcionista que passasse minha vez, pois precisava acompanhar aquele julgamento. 15 anos se passaram e quis o destino que essas perdas fossem dolorosamente simultâneas.
A justiça modificou o entendimento anterior e esclareceu que ali não havia nada errado. O outro indagava convicto: “Que loucura é essa da cabeça de vocês? Que soberba supor que nossa origem tem a ver com vocês? Sua marca é extremamente fraca!” Loucura mesmo.
Só porquê uns funcionários daí vieram pra cá? Só porquê eu tinha as receitas que você achava que eram suas? Só porquê usei as travessas que você usava, minha arquitetura lembrava a sua e o meu uniforme o seu? Só porquê usei uns descritivos dos pratos que você, Clara, redigiu? Só porquê alguns clientes estavam confusos? Ou porquê utilizei também o seu nome e sua marca? Mas olha, logo depois eu mudei TUDO e segui crescendo. Olha o que eu me tornei, olha meu tamanho! Como assim esse mérito não é só meu? Que devaneio achar que isso tem a ver com vocês, seus nanicos! Parabéns, Brasil. Você não perdoa mesmo os amadores.
Essa história poderá ser contada como uma derrota nos contos empresariais, mas será orgulhosamente lembrada por quem vivenciou os fatos e a verdade do lado ético. E qual o peso disso, Clara? Depende. Depende do que seus pais lhe ensinaram que mais vale.
Paizinho, que triste não poder lhe abraçar HOJE. Que saudade! Que dor! Por tudo que sofremos juntos, que tristeza! Mas que ORGULHO saber que você construiu isso. Modelo que seria tão inspirador, copiado, estudado, testado, validado e até esgotado Brasil afora. Chamaram de modelo fraco, sem proteção, sem originalidade, nada autoral e olha isso, pai. 35 anos depois, quanta gente grande inspirada em você! Mas por que danado você seguiu pequeno? Orgulho maior foi ter aprendido que sucesso e grandeza não podem ser medidos pela régua dos outros.
Nesse momento de dor, receba seu quase netinho aí no céu. Vamos saborear o amargor das perdas momentâneas com o coração aliviado de quem jogou limpo a vida toda. Página quase virada, pai. Te amo e te honraremos sempre.