A presença de escorpiões nas cidades está fortemente associada a fatores ambientais e urbanos. Foto: Rafael Minguet Delgado/Pexels
Com a chegada da estação mais quente, especialistas alertam para aumento do risco de picadas; CIATox orienta como prevenir, quando buscar atendimento e onde encontrar o soro no estado
Publicado 22 de dezembro de 2025 às 14:30
Com o início oficial do verão neste domingo (21), os casos de acidentes com escorpiões voltam a acender o alerta no Rio Grande do Norte e em todo o país. Somente em 2025, o Brasil já registrou mais de 173 mil acidentes envolvendo escorpiões. No RN, de janeiro até o início de novembro, foram 4.405 notificações, número que se aproxima do total de 4.913 casos registrados em todo o ano de 2024, segundo dados do Centro de Informação e Assistência Toxicológica do RN (CIATox).
O aumento dos registros está diretamente ligado ao período mais quente do ano, quando os escorpiões se tornam mais ativos e passam a circular com mais frequência em áreas urbanas. No estado, a espécie mais comum é o escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus), considerada de alta toxicidade e responsável pela maioria dos acidentes de importância clínica.
De acordo com a responsável técnica do CIATox RN, Kalianna Gomes, o verão coincide com uma fase em que os escorpiões já atingiram a fase adulta. O período reprodutivo ocorre entre agosto e o início de outubro. Agora, esses animais já são jovens adultos, o que favorece o aumento dos acidentes, especialmente dentro das residências.
A presença de escorpiões nas cidades está fortemente associada a fatores ambientais e urbanos. Um dos principais é a proliferação de baratas, principal fonte de alimento desses animais. “Manter caixas de gordura limpas, áreas de serviço organizadas e fazer o controle de pragas é essencial. Onde tem barata, o escorpião encontra alimento”, alerta Kalianna.
Outro fator decisivo é o crescimento urbano desordenado. A expansão sem planejamento e o saneamento precário criam ambientes ideais para abrigo e reprodução. Esgotos, entulhos, mato alto e terrenos baldios próximos às casas facilitam a presença do animal. Dentro das residências, eles buscam locais escuros e úmidos, como ralos, caixas de esgoto, atrás de móveis e em áreas pouco movimentadas.
Nas áreas externas, o cuidado deve ser redobrado com pilhas de tijolos, telhas, pedras, madeira, folhas secas e lixo acumulado. “A limpeza constante é uma das principais formas de prevenção. Quintais limpos e sem entulho reduzem muito o risco”, reforça a especialista.
Kalianna explica que nem todo acidente com escorpião passa pelo CIATox. “O CIATox é o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do estado. Trabalhamos com atendimento 24 horas, por telefone ou mensagens, mas funcionamos por demanda espontânea. Isso significa que nem todo caso de picada chega até nós”, esclarece.
Sobre o acesso ao soro antiescorpiônico, a técnica explica que o tempo de administração depende da evolução clínica do paciente. “A maioria dos casos apresenta apenas dor local e dormência. Esses pacientes devem procurar um pronto-socorro, UPA ou hospital, onde serão avaliados e medicados. Não adianta ir direto para uma unidade que tem soro, porque a maioria não vai precisar dele”, destaca.
Segundo ela, apenas casos que evoluem com sinais de gravidade são encaminhados para as unidades de referência. “Se houver agravamento, o paciente será transferido para um hospital que disponha do soro. O uso é indicado apenas quando realmente necessário”.
O que fazer em caso de picada
A orientação inicial é manter a calma. “Lavar o local com água e sabão é fundamental. Não se deve colocar nenhuma substância, pomada ou preparo caseiro, nem fazer garrote ou torniquete”, orienta Kalianna. Compressas mornas podem ajudar a aliviar a dor, mas não substituem a avaliação médica.
Ela reforça que o CIATox pode ser acionado logo após o acidente. “Muitas vezes, no momento do aperreio, a pessoa não sabe para onde ir. O CIATox está disponível para orientar tanto o cidadão quanto os profissionais de saúde”, diz.
Crianças e idosos continuam sendo os grupos mais vulneráveis ao agravamento dos sintomas. “Crianças abaixo de 10 anos, especialmente menores de 7 anos, e idosos são grupos de risco. Eles precisam ser avaliados, identificar a espécie do escorpião e permanecer em observação no serviço de saúde”, explica.
O atraso no atendimento pode trazer consequências graves. “O soro atua neutralizando o veneno. Quanto mais cedo ele é administrado em quem realmente precisa, maior a neutralização. O atraso permite que o veneno cause mais danos ao organismo, podendo levar a quadros graves e até ao óbito”, alerta.
Unidades de referência no RN
No Rio Grande do Norte, o soro antiescorpiônico está disponível em unidades específicas. Em Natal, o atendimento ocorre no Hospital Giselda Trigueiro (adultos) e no Hospital Maria Alice Fernandes (crianças até 14 anos). Em Mossoró, os referenciais são o Hospital Regional Tarcísio Maia (adultos) e o Hospital da Mulher (pediatria).
Também são unidades de referência o Hospital Regional de Caicó e o Hospital Regional Cleodon Carlos de Andrade, em Pau dos Ferros, ambos atendendo adultos e crianças. A orientação, no entanto, é sempre procurar primeiro o pronto-socorro mais próximo.
📌 SERVIÇO – CIATox RN
O que é: Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Rio Grande do Norte
Atendimento: 24 horas, por telefone e mensagens
Atua em: Acidentes com animais peçonhentos, medicamentos, produtos químicos, agrotóxicos, plantas e outras intoxicações
Público: População em geral e profissionais de saúde
📞 (84) 98883-9155
📞0800 281 7005
📧 ciatoxrn@gmail.com
📱 Instagram: @ciatoxrn
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