Johnny Medeiros, 26, hoje é gerente de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde na empresa Vipetro

Na indústria da construção civil, os alicerces não são apenas de concreto e aço, mas também de responsabilidade, compromisso e cuidado com a vida humana. Em um setor que emprega milhões de trabalhadores em todo o mundo, a segurança do trabalho é uma preocupação central, não apenas como uma obrigação legal, mas como um imperativo ético e moral. A cada dia, canteiros de obras se transformam em verdadeiros ecossistemas de atividades complexas e dinâmicas, onde máquinas potentes se entrelaçam com mãos habilidosas e mentes criativas. No entanto, nesse cenário de progresso e desenvolvimento, os riscos e perigos são inerentes, exigindo um compromisso com a segurança em todos os níveis. 

Segundo Herika Arcoverde, diretora-executiva do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Rio Grande do Norte – Sinduscon/RN, o sindicato incentiva que todas as empresas associadas tenham práticas consistentes de segurança e saúde do trabalho. “Entendemos que trabalhar com segurança é acreditar que o trabalhador é a ferramenta mais importante para a empresa. Aqui no estado, e no nosso segmento, os números de acidentes são decrescentes, confirmando que as políticas e ações estão inseridas ao dia-a-dia das empresas”, afirma.

“O Sinduscon não apenas promove a conscientização sobre a importância da segurança no setor, mas também é um membro ativo em grupos de trabalho interinstitucionais, como o GETRIN RN, colaborando com representantes dos empresários, trabalhadores, governo e sociedade para aprimorar as políticas de segurança laboral. Além disso, o Sinduscon participa do projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho” da CBIC, com a correalização do SESI, mostrando seu compromisso com a promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis”, aponta Herika.

De acordo com dados do Observatório da Segurança e Saúde do Trabalho, 4689 foram as notificações de acidentes registrados em 2012, enquanto em 2022 as notificações foram de 4195, uma diminuição de 10,53%.

Os afastamentos acidentários representaram uma diferença bastante expressiva de menos 62,97% em comparação ao ano inicial da pesquisa. Os esforços conjuntos das empresas, apoiadas pelo Sinduscon, em investir em treinamentos, capacitações e parcerias estratégicas têm contribuído para essa redução, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro para todos os colaboradores.

Essa melhoria evidencia o aumento do compromisso das empresas da construção civil no Rio Grande do Norte com as melhores práticas de segurança, resultado da implementação de medidas como o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), além da realização de treinamentos específicos conforme exigido pelas normas regulamentadoras, como NR-35 e NR-18. Além disso, inclui-se a elaboração de laudos técnicos e a capacitação dos membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

Para Vilmar Segundo, empresário da Vipetro, os acidentes de trabalho são presentes nas empresas de um modo geral. “O mercado tem trabalhado muito forte para reduzir isso a próximo de zero, os clientes principalmente privados cobram das empresas políticas de prevenção e atuação positiva para que a segurança seja cada vez mais presente. Nunca presenciei acidente qualquer de trabalho, mas já tivemos alguns em nossa empresa que foram tratados com a devida atenção naquele momento”, compartilha. 

Segurança na prática 

Johnny Medeiros, 26, hoje é gerente de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde na empresa Vipetro, mas começou sua carreira profissional como engenheiro de segurança do trabalho há treze anos num projeto de implantação de planta industrial numa empresa de fabricação de bebidas. De lá para cá, atuou em diversos projetos, inclusive na implantação de projetos de geração de energias renováveis.

Para ele, um plano de segurança significa colocar no papel de maneira simplificada, de fácil entendimento o planejamento necessário para com os problemas de segurança de um projeto. Assim sendo, significa a prática de se antecipar aos problemas e características de um projeto definindo ações para eliminar ou suavizar seus efeitos.

“A maior dificuldade em se fazer um plano é considerar de maneira assertiva o fator que mais está susceptível a variação de um projeto para outro, o fator humano. O maior desafio é conseguir entender como os fatores humanos e sua interação com o trabalho podem reduzir ou aumentar os riscos de um acidente ou doença. Assim, se faz necessária uma busca contínua pelo entendimento das pessoas, e promover ações para protegê-las”, explica.

Segundo afirma, geralmente os funcionários não têm resistência a seguir normas de segurança. “Posso afirmar que em sua esmagadora maioria, eles sabem claramente da importância da segurança e de suas normas para a garantia de um trabalho seguro. A educação contínua quanto as questões de segurança e saúde do trabalho é a melhor forma de acompanhar isso de perto, sendo a educação não só considerada a relacionada ao treinamento, capacitação ou instrução, mas também aquela relacionada a repreensão e a inibição de atos falhos, alinhando o reconhecimento da falha com a mudança de postura”.

“É clara a preocupação das empresas com a segurança e a saúde de seus colaboradores, e cada vez mais se investe para ter um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, e esse investimento não é encarado como um preço a se pagar, e sim é encarado como um valor que isso traz a empresa e todas as partes interessadas”, finaliza.