Gabriel Pichorim decidiu empreender na gastronomia – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

A exemplo de Thiago Menezes e George Nacre, o engenheiro mecânico Gabriel Pichorim é mais um profissional que opta por investir em uma transição de carreira. Graduado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde também estava cursando um mestrado em Engenharia Aeroespacial, Pichorim resolveu largar de mão a caminhada traçada até aqui na área de exatas, e entrou de vez na busca por uma nova profissão que possa lhe render melhores opções no mercado de trabalho, que lhe dê prazer no ofício diário. Para dar os primeiros passos dessa mudança, ele optou pelo mesmo caminho daqueles que fizeram a transição bem-sucedida, e está iniciando sua trajetória no curso de Cozinheiro no Senac.

“Eu senti que não estava feliz na área, certas questões internas, eu estava me sentindo muito ansioso também. E eu percebi que, na minha vida, todos os momentos bons eram com amigos, com a família, com a minha namorada, e eram momentos sempre muito próximos da cozinha”, explica Gabriel Pichorim, contando um pouco da opção de trocar a engenharia pela cozinha.

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre mudança de carreira. Leia a anterior: Mudança de Carreira: potiguares explicam como fazer uma transição bem-sucedida.

Aos 30 anos, Gabriel viu na gastronomia a oportunidade de obter conhecimento necessário para, além de mudar de carreira, empreender, e assim começar o próprio negócio e espantar de vez o fantasma do desemprego através.
“O gabarito que o Senac Barreira Roxa tem é muito grande na parte técnica. E eu estou muito feliz de ter a oportunidade de participar desse curso, pela proximidade do mercado de trabalho, pelas pessoas que estão aqui, que me permitem fazer conexões, conhecer mais pessoas, fazer networking, e desenvolver esse plano. Em 2023 eu pretendo, sim, abrir o meu restaurante, de maneira alinhada, bem estruturada, com processos bem estruturados para que ele consiga rodar com a perfeição que uma cozinha profissional exige”, conta Pichorim.

Aos 30 anos, Pichorim é graudado em Engenharia Mecânica, e fazia mestrado em Engenharia Aeroespacial quando resolveu largar os cálculos e se dedicar à gastronomia – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

Apesar de ser ingressante no curso, Gabriel Pichorim não quer perder tempo, e já tem dados os primeiros passos no empreendedorismo. O produto não poderia vir de outro lugar, a não ser da cozinha, novo ambiente de trabalho do engenheiro mecânico em transição para cozinheiro.

“Hoje eu estou bem pequeno, mas já estou produzindo pães para vender no condomínio. É uma maneira inicial, me faz bem psicologicamente, tem sido uma terapia para mim, mexer nas massas. E é um mundo novo, eu entrei de paraquedas nesse mundo da panificação, comecei com pães italianos. Mas gosto muito também de trabalhar com tortas e também já fiz algumas para o pessoal do condomínio”, conta Gabriel Pichorim, novo empreendedor da gastronomia potiguar.

Ainda que as histórias que contamos até aqui deem a ideia de que a transição de carreira é um negócio fácil, são precisos alguns cuidados na hora de tomar uma decisão tão importante. Afinal, existe um momento certo para optar por uma mudança de carreira? O professor Antônio Alves, do curso de Administração Pública da UFRN, na área de Gestão de Pessoas, responde esse questionamento.

Qual o momento ideal para mudar de carreira?

“Momento certo é aquele que você começa a perceber que o que você está fazendo já não mais lhe satisfaz. Eu vou muito de uma perspectiva da motivação, porque eu não acho que se deva mudar de carreira apenas motivado por questões financeiras, de reconhecimento, de valorização. Eu acho que você tem que mudar de carreira pensando também em algo que vai te satisfazer”, explica Antônio Alves, que completa: “sempre vai haver espaço no mercado de trabalho, mas para quem for bom, para quem tiver competência, e as competências que eu digo são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que esse mercado vai exigir”.

Complementando, Itamar Diniz, professor e coordenador da Escola de Gestão e Negócios da Universidade Potiguar (UnP), diz que o momento certo está ligado a identificar o talento do indivíduo. “O tempo certo é quando você identifica qual é o seu talento, o que é que te faz bem. É quando você se dá conta de que quer fazer o que gosta, não aquilo que faz por obrigação, ou apenas pela remuneração financeira, pois isso, infelizmente, pode atrapalhar a vida profissional dessas pessoas”, explica Diniz.

De acordo com o professor Antônio Alves, o perfil das profissões e dos trabalhadores vêm mudando com o passar do tempo, e isso é que impulsiona a eclosão o que tem sido a chegada da quarta revolução industrial, também conhecida como Revolução 4.0.

“Nós passamos por três grandes Revoluções Industriais, movimentos que demarcam os espaços de tempo, onde o perfil do trabalhador era um, e a cada revolução dessa, ele muda. Aparecem novas profissões, com novos perfis, exigindo novas competências. Então, agora nós estamos vivenciando o que se chama a quarta Revolução Industrial, que é a Revolução 4.0 de alta tecnologia, que é a grande mudança que passa a ser exigida do trabalhador”, diz Antônio Alves.

Professor Antônio Alves, da UFRN: “Foco nas competências” – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

Ele comenta que as mudanças trazidas pela Revolução 4.0 apontam para um perfil mais tecnológico de conhecimentos que passarão a ser cada vez mais exigidos dos trabalhadores em busca de um lugar no mercado de trabalho.

“A força motriz de toda essa revolução é o conhecimento da tecnologia. Quando eu falo conhecimento da tecnologia, é óbvio que não é conhecimento de software, mas sim saber lidar com ela. Todas as profissões, praticamente. Então, hoje para você se fixar no mercado, você precisa, de certa maneira, dominar a tecnologia dentro da sua área. Não é que você tenha que ser um especialista na tecnologia, mas você tem que saber entender que hoje, a maioria das profissões vão exigir esse conhecimento, porque tudo vai ser intermediadas por essa tecnologia”, explica o professor Antônio Alves.

Programa do Senac foca em novas tecnologias

Antenado às tendências do mercado de trabalho futuro, o Senac RN lançou, ainda em 2021, o Programa Senac de Educação 4.0, com o intuito de preparar profissionais para o mercado cada vez mais consolidado das novas tecnologias. De acordo com Raniery Pimenta, diretor regional do Senac RN, o programa é “focado em formar profissionais para preencher uma importante lacuna no mercado brasileiro, o Programa é fruto da modernização dos portfólios da instituição para atender as necessidades dos setores impactados pela transformação digital”.

Entre as opções de cursos inseridos no portfólio a partir da atualização em 2021 estão Administrador de Redes; Arquitetura de Sistemas Cloud Computing; Proteção de Dados em Segurança de Redes de Computadores; Operador de Computador; Business Intelligence com Power BI; Lógica de Programação e outros.

Assim como a tecnologia não para de evoluir e se reinventar, o Programa Senac de Educação 4.0 já passou por uma atualização neste ano de 2023, e encaixou no seu portfólio a habilidade do momento no quesito tecnologia, que são os cursos voltados à área de Inteligência Artificial.

“Os participantes poderão compreender conceitos importantes desde a introdução à Inteligência Artificial, passando pelo aprendizado de máquina (machine learning), ética e redes neurais, aplicados para área de atuação específica”, explica Pimenta.

As novidades implantadas neste ano trazem sete títulos dentro dos segmentos de design, marketing, gestão, T.I e educação, voltados para uso especializado das novas tecnologias.

Os desafios do novo mercado de trabalho

O professor Itamar Diniz chama a atenção para uma espécie de consenso que se criou relacionado às tecnologias, que determina ser a área de TI (Tecnologia da Informação) àquela apontada como a profissão do futuro. “A área da TI percebemos que está muito forte, mas costumo reforçar para as pessoas que independentemente de você ser da TI, a sua área em algum momento vai precisar da tecnologia. Então, em qualquer ramo de atuação que você estiver inserido, você vai precisar se posicionar de uma forma equilibrada com os avanços tecnológicos que chegam, porque senão o mercado vem e engole esse profissional”, diz Diniz, que completa: “se você não tiver uma habilidade mínima, um conhecimento tecnológico, muitas vezes vai ser descartado do mercado de trabalho”.

Professor Itamar Diniz reforça que o profissional deve entender melhor suas habilidades – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

Em resumo, Itamar Diniz esclarece que na verdade não haverá profissões do futuro, mas sim, profissionais. “Se a gente perceber, nós teremos um leque de oportunidades para todo mundo. Então todos os profissionais têm oportunidade, mas aqueles que se destacam terão maiores oportunidades”.

O professor Itamar Diniz comenta que a chamada virada de chave para o profissional que pretende mudar de área está em entender quais são suas habilidades. Segundo ele, “muitos profissionais bons são descartados do mercado porque não estão no lugar correto, e são muito bons em outras funções que deveriam se tornar habilitadas”.

Com isso ele aconselha que, se você quer mudar, e identifica potencial habilidade noutra área, não perca tempo e o faça.

“Faça acontecer. Se você é um profissional, já formado, e entende que tem outras habilidades, a tendência é você seguir para o que você sabe ser bom e pode ser bom naquilo, porque naturalmente isso vai te trazer uma felicidade profissional, e você será muito mais produtivo”.

Dicas para fazer uma boa transição de carreira:

  • Buscar identificar em si aquilo que gosta
  • Ter conhecimento do mercado
  • Ficar atento a profissões que estão despontando
  • Criar um diferencial competitivo se especializando
  • Se familiarizar cada vez mais com a tecnologia
  • Competência só obtém com capacitação

Assista à reportagem em vídeo sobre a transição de carreira:

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