Ofício sobre a ameaça foi entregue ao ministro Flávio Dino – Foto: vereadora Brisa Bracchi

A vereadora de Natal, Brisa Bracchi (PT), entregou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, um ofício com o relato da ameaça de “estupro corretivo” que recebeu por e-mail esta semana. Durante agenda oficial em Natal, o ministro se comprometeu em adicionar o caso ao inquérito da Policia Federal que investiga outros casos semelhantes. Nas últimas semanas, pelo menos outras seis parlamentares de diversas capitais brasileiras também foram ameaçadas.

As ameaças começaram em 14 de agosto contra a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS). Ao longo das últimas semanas, as deputadas estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Bella Gonçalves (PSOL-MG), e as vereadoras Mônica Benício (PSOL), do Rio de Janeiro, e Iza Lourença (PSOL) e Cida Falabella (PSOL), ambas de Belo Horizonte, também registraram boletins de ocorrência após receberem as mensagens agressivas.

Esta semana, a vereadora Brisa Bracchi (PT) recebeu um e-mail com uma ameaça de “estupro corretivo”. A informação foi confirmada em um vídeo publicado no perfil da parlamentar, nesta quarta-feira (11). De acordo com a assessoria da vereadora, ela vai entrar com uma representação criminal à Polícia Civil nesta sexta-feira (13).

Na ameaça, o autor do e-mail se apresenta como pesquisador, afirma que o estupro corretivo é uma prática cientificamente comprovada para “cura lésbica” e se oferece a ir até a casa da parlamentar “testar o experimento”. Além disso, o autor do email apócrifo afirma que “ser sapatão é uma aberração”.

Um trecho do e-mail cita: “Quando uma mulher lésbica ou bissexual é submetida ao coito vaginal por um varão capacitado da forma correta (recomenda-se que a lésbica esteja nua, com os pulsos amarrados atrás das costas com cordas ou algemas plásticas, os olhos vendados com pano e a boca amordaçada com pano ou fitas adesivas. E que o terapeuta introduza o pênis na vagina dela o máximo de vezes possível), ela recupera sua feminilidade perdida e volta a ser heterossexual”.

A advogada Maíra Recchia, integrante do MeToo Brasil e presidente do Observatório Eleitoral da OAB-SP, disse que há indícios de “um conluio, um combinado de ações para tentar silenciar essas parlamentares”. Os crimes investigados são racismo, ameaça, intolerância e violência política de gênero.

Todas registraram denúncias nas polícias civis de seus respectivos estados, mas a autoria do crime ainda não foi identificada. Além disso, um grupo de deputadas também acionou o Ministério da Justiça (MJ), que decidiu federalizar as investigações por meio da Polícia Federal (PF). Todas as mensagens às parlamentares ameaçadas, incluindo o caso da vereadora Brisa Bracchi, foram assinadas pelo mesmo autor: ‘Astolfo Bozzonio Rodrigues’.