Síndromes gripais: especialista aponta diferenças entre a gripe e as populares viroses
Dados da Sesap mostram que abril já é, proporcionalmente, o mês que tem mais casos registrados de síndromes gripais – Foto: Freepik

Durante os primeiros meses deste ano, o número de casos de síndromes respiratórias tem aumentado consideravelmente no Rio Grande do Norte. Esse fenômeno sazonal é comum e acontece pelo menos uma vez a cada ano nos períodos em que o clima se torna mais frio. Os casos que comumente ouvimos nas ruas são de gripe e virose, no entanto, há uma variedade maior circulando e precisamos estar atentos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico produzido pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap), que monitora a incidência de casos de infecção por influenza e outros vírus respiratórios, o mês de abril já é, proporcionalmente, o que mais tem registrado casos de síndromes gripais. Os dados contabilizam apenas os números até o dia 20 desse mês; no entanto, o resultado é uma incidência de casos 31,8% maior do que a registrada em todo o mês de janeiro e 28,7% maior do que a de todo o mês de fevereiro. Segundo o levantamento, os 20 primeiros dias de abril têm 2,6% menos casos do que todo o mês de março, mas a tendência é que haja um aumento dos registros.

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O médico Raimundo Vinícius, otorrinolaringologista, especialista que atende casos relacionados a nariz, garganta, laringe e regiões do corpo comumente afetadas pelas síndromes gripais, aponta pelo menos quatro tipos virais que se destacam nesse período sob influência da mudança climática: influenza, sincicial respiratório, rinovírus e adenovírus.

Ele explica que o termo virose, comum nesse período, não está relacionado especificamente a um desses vírus, podendo ser atribuído à infecção por cada um deles, que têm características muitas vezes semelhantes, mas têm origens e etiologias diferentes, precisando de exames laboratoriais para definir qual de fato está agindo em cada paciente.

Entenda as diferenças entre gripe e virose

Gripe e virose são termos genéricos e diferentes, utilizados para apontar a infecção por algum vírus respiratório. “A gripe é atribuída ao vírus da Influenza, que tem um comportamento de mudar anualmente, por isso as campanhas de vacinação anuais. Ela tem a capacidade de responder de forma bem frustrante em alguns organismos, mas pode acometer vias respiratórias mais baixas, e esse é o risco da influenza, pois compromete funções mais importantes da nossa respiração, podendo provocar nas crianças a bronquiolite e a bronquite que são bem comuns, pneumonias e síndromes respiratórias mais graves de dificuldade respiratória”, explica o médico Raimundo Vinícius.

Médico otorrinolaringologista, Dr. Raimundo Vinícius
Médico otorrinolaringologista, Dr. Raimundo Vinícius – Foto: Divulgação

Já sobre a chamada virose, ele explica que “é um termo que a gente associa aos resfriados comuns, vírus que acometem as vias respiratórias mais altas, basicamente causando ardência ou irritação de garganta, com sintomas mais leves de nariz. São mais leves do ponto de vista de duração e de sintomas”, mas alerta para complicações que podem decorrer dela: “são portas de entrada para desdobramentos como a sinusite. Essa agressão inicial compromete nossa capacidade de resposta imunológica e alguns microrganismos se aderem com maior facilidade e aí entram as bactérias e, no caso, as sinusites”.
Quando procurar a urgência

Com a maior incidência de infecções, aumenta também a procura por atendimento médico. No entanto, Raimundo Vinícius orienta sobre o melhor momento para que o paciente procure, de fato, uma emergência.

“O ideal é observar as primeiras 24 horas”, diz o médico, que orienta em casos de sintomas leves, baseados em uma orientação prévia, tratá-la em casa. A hora de buscar ajuda é quando se observa persistência de sintomas e sinais de gravidade, que são, de acordo com o doutor Raimundo Vinícius, “na linguagem mais popular, falta de ar, cansaço, chiado no peito, boca muito aberta e sonolência excessiva”.

Prevenção e atenuantes de sintomas

O médico Raimundo Vinícius aponta algumas práticas comuns que são eficazes na prevenção de infecções. “Hábitos de vida, como a alimentação saudável, se hidratar, exercícios físicos, higiene do sono, bem como a higiene das mãos e o uso de máscara, isso tudo fortalece a capacidade do nosso sistema imunológico”.