Senador Rogério Marinho (PL) ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro

Política Políticos se antecipam e esquentam bastidores para as eleições de 2026

Situação e oposição têm nomes postos para a disputa pelo Governo do Estado, embora o cenário ainda possa sofrer alterações ao longo dos próximos meses

por: Jaqueilton Gomes

Publicado 31 de março de 2025 às 16:00

Poucos meses após o fim das eleições municipais, o Rio Grande do Norte já vivencia um clima eleitoral que se volta para as disputas de 2026. Com nomes já postos na mesa, situação e oposição já têm pré-candidatos com o bloco na rua. Contudo, ainda há muita água para passar sob a ponte, e o tempo de mais de um ano até o início do novo período eleitoral pode mudar tudo.

No grupo governista, a governadora Fátima Bezerra (PT) aposta as suas fichas no secretário da Fazenda do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Xavier, para substituí-la, enquanto ela pode tentar uma volta ao Senado Federal.

Já na oposição, o quadro tem algumas complicações devido ao excesso de postulantes, porém, o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), deu a partida e se anunciou como pré-candidato a governador. Pelo menos outros dois nomes relevantes estudam a possibilidade de disputar o mesmo cargo com a marca da oposição: Rogério Marinho (PL) e Styvenson Valentim (PSDB).

O cientista político Alan Lacerda, professor do Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), comenta sobre o momento político potiguar. Ele acredita que esse movimento antecipado não tem grande impacto no eleitorado.

Senador Styvenson Valentim

“A antecipação é normal, ainda mais porque a cadeira vai estar aberta. A governadora não pode mais se candidatar, então os políticos vão fazendo movimentos. Isso, entretanto, não atinge o grande eleitorado. Eles vão fazendo movimentos para melhor se posicionar e às vezes esses movimentos, digamos que são ainda ensaios. Então eu diria que tanto a pré-candidatura do secretário Cadu Xavier como a do ex-prefeito Álvaro Dias são movimentos que podem não se concretizar”, explica o professor.

Ele lembra ainda uma situação semelhante que ocorreu antes das eleições de 2014: “Isso já ocorreu antes no estado. Ainda em 2013, Henrique Alves fez todo um movimento, na ocasião ele era deputado federal, em torno do nome do ex-ministro e ex-senador Fernando Bezerra, que terminou não sendo o candidato, porque não era ele o candidato, era o Henrique mesmo. Era uma típica manobra política”.

Secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier

No campo oposicionista, os senadores Styvenson Valentim e Rogério Marinho mantêm uma espécie de acordo para decidir quem assumirá o principal lugar da chapa. Mesmo após Álvaro Dias queimar a largada, eles seguem em silêncio sobre o futuro. Com relação a esse grupo, Alan prevê a possibilidade de uma chapa incluindo os três, que atualmente são os principais personagens da oposição potiguar.

“Eu acho que o acordo entre os senadores Styvenson e Rogério Marinho é sólido, e eu suspeito que haverá uma candidatura de Rogério a governador, e Styvenson tentará a reeleição – ao Senado – na mesma chapa. Aí, o segundo nome da chapa, eu creio que eles vão preencher, não é obrigatório, mas eu creio que eles vão preencher, e aí pode entrar sim o ex-prefeito Álvaro Dias, ou outro nome”, avalia.

Fator Fátima Bezerra

Se na oposição o cenário para a disputa ao Senado parece bem encaminhado, na situação ainda há incógnitas. As recentes pesquisas que avaliam mal a gestão de Fátima Bezerra levantam dúvidas sobre a capacidade dela aparecer como uma opção viável na disputa.

“Meu prognóstico é que a avaliação melhorará ao longo deste ano ainda, em 2025. Houve já uma pesquisa estadual, a gente tem que ver as outras que vão surgir de outros institutos. Eu acho que vai melhorar, mas eu não vejo um governo com alta popularidade. Então, sim, pode melhorar ao ponto de ela se candidatar ao Senado e vencer, porque são duas vagas, mas se não melhorar, fica muito difícil, e aí pode acontecer o que aconteceu com a governadora Wilma, que na ocasião já era ex-governadora em 2010, e acabou em terceiro na disputa pelo Senado”.

Com duas cadeiras disponíveis, a futura composição da bancada potiguar no Senado passará por uma disputa intensa. Se Fátima Bezerra tem grandes chances de voltar, caso melhore a popularidade, Styvenson Valentim navega em águas tranquilas rumo à reeleição, se de fato for disputá-la.

“Styvenson é um candidato forte. Ele tem bastante lembrança, reconhecimento de nome, foi candidato a governador em 2022, embora tenha ficado em terceiro, mas as pessoas vão lembrar do nome dele. Olhando assim, precocemente, é muito difícil predizer o resultado da eleição de senador. Mas se Fátima melhorar a popularidade, eu acho que cria-se um cenário para que um nome de cada lado seja eleito. Ela retornaria ao Senado e Styvenson seria reeleito. Mas isso é só uma maneira de pensar e também depende como é que vão ser as candidaturas ao Senado da chapa do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, porque é evidente que ele vai se candidatar a governador. Inclusive, a própria Zenaide pode ir para lá e tentar a reeleição associada a Allyson. Mas, em havendo melhora da popularidade de Fátima, eu acho que fica um cenário favorável para ela e para o senador Styvenson”, destaca Alan Lacerda.

Jean Paul Prates e Walter Alves

Outro ponto discutido com o professor Alan Lacerda foi a possibilidade da situação ter outras opções de candidatos a governador. Inicialmente, ele disse que a candidatura de Carlos Xavier pode não vingar, logo, um outro nome longe do fogo oposicionista deve emergir. No entanto, ele acredita que a possibilidade dessa opção ser o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é mínima, e explica o porquê.

“Eu acho que ele perdeu força justamente ao sair da Petrobras, ao ser demitido precocemente. Ele seria um candidato muito forte a governador, possivelmente num partido aliado ao PT, mas não no PT, dado que a governadora obviamente resiste ao nome dele. Eu acho que ele seria um nome se ficasse na presidência da Petrobras, por exemplo, até o fim deste ano, ou até o início do ano que vem. Mas ele saiu, então o papel dele na eleição do ano que vem vai ser bastante limitado”, comenta Lacerda sobre as possibilidades para Jean Paul Prates.

Se o ex-senador não é o nome ideal para a situação, Lacerda aponta o que acredita ser o futuro candidato a governador da base aliada de Fátima Bezerra.

“O movimento de Walter Alves, de não se colocar como candidato, é mais um para ganhar tempo e não ser objeto do fogo político agora. E o apelo de Lula – que pediu para Walter rever a decisão de não ser candidato – está baseado em uma valorização do nome dele. Então eu acho que sim, no fim das contas, depende um pouco da evolução da popularidade do governo Fátima, mas eu acho que no fim das contas o candidato da situação vai ser o vice-governador e ele vai disputar no cargo, porque Fátima já terá renunciado para se candidatar ao Senado. Acredito que há um certo drible aí, de diversas forças lançando nomes que não vão ser eles mesmos. Meu cenário base é de que o candidato da situação ao governo do Estado será Walter Alves. No cargo, ou seja, ele vai disputar a reeleição, porque ele já vai ser governador a partir do início de abril do ano que vem”, completa Alan Lacerda.