Eleita a melhor nadadora paralímpica da década, a potiguar Joana Neves já garantiu vaga no Mundial – Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Um metro e 23 centímetros de pura simpatia e muito talento. Essa é Joana Maria Jaciara da Silva Neves Euzébio ou simplesmente Joana Peixinha, uma gigante na piscina e também nos títulos. A nadadora paralímpica natalense nasceu com acondroplasia, tipo mais comum do nanismo, condição que afeta o crescimento dos ossos e começou a praticar natação aos 10 anos, por recomendação médica. Logo, o que podia ser considerado uma espécie de tratamento, foi descoberto como vocação. E por que não paixão? Aos 13 anos, Joaninha passou a competir e, aos 14, já participava da primeira competição internacional.

Hoje, aos 35 anos, Joana coleciona títulos, medalhas e uma ‘bagagem’ de impressionar. Seu premiado currículo inclui a participação em três paralimpíadas e cinco mundiais. O sexto, inclusive, já está garantido, pois no início deste mês de abril, a nadadora conquistou o índice para o Campeonato Mundial de Natação em meados de junho. A décima edição do Campeonato Mundial acontecerá no Complexo Olímpico de natação Penteada, na capital Funchal e será o maior evento paradesportivo já realizado em Portugal. A competição estava inicialmente marcada para setembro de 2021, mas devido ao adiamento dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, o Mundial foi reagendado para este ano.

Em suas três participações nos Jogos Paralímpicos, Joaninha conquistou, ao todo, cinco medalhas. Foi bronze em Tóquio, no ano passado, e, no Rio, em 2016, conquistou duas pratas e um bronze. Em Londres, em 2012, um bronze. Joaninha ainda brilhou em Mundiais, conquistando nove medalhas, sendo dois ouros, duas pratas e cinco bronzes distribuídos nas edições dos Mundiais de 2010, 2013, 2015, 2017 e 2019.  Todas estas conquistas levaram Joana Neves ao prêmio de melhor nadadora paralímpica da década de 2011 a 2020, no Troféu Best Swimming. Ela concorreu com nomes importantes da natação paraolímpica como a também potiguar Edênia Garcia, Susana Schnarndorf e Maria Carolina Santiago.

Para o Mundial no próximo mês de junho, a preparação tem sido diária. “Quando a competição se aproxima, os treinos sempre ficam mais intensos. Agora, estamos treinando todos os dias, muito forte, com foco total no Mundial. Faltam menos de dois meses e tenho que estar pronta para nadar bem e sair da piscina com a sensação de dever cumprido, independente de resultado. Se a medalha vier, melhor ainda”, afirma Joaninha, que irá competir nos 50m livre, 100m, 50m borboleta e, talvez, em algum revezamento.

O Mundial é a competição mais próxima, mas Joaninha também já está de olho na próxima Paralimpíada, a de Paris, que será realizada em 2024, quando a atleta estará com 37 anos. “O futuro a Deus pertence. Mas estou trabalhando para ter condições de disputar mais uma paralimpíada porque pretendo encerrar minha carreira nos Jogos de 2024”, disse a atleta.

Questionada sobre o que passa em sua cabeça a cada vez que sobe no pódio, Joaninha é enfática. “Quando nado muito bem e conquisto uma medalha, é inevitável que passe um filme na minha mente. Não consigo segurar as lágrimas, pois sempre tenho a sensação de que valeu a pena abrir mão de muitas coisas para conquistar tudo o que almejei”, encerra Joana Peixinha.

Se depender da torcida potiguar, as medalhas do Mundial e dos Jogos de 2024 já estão garantidas.

O Mundial é a competição mais próxima, mas Joaninha também já está de olho na próxima Paralimpíada de Paris – Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB