Áreas em oito municípios já são monitoradas pelo LabSis – Foto: LabSis

Paredes tremendo, janelas balançando, sofás e camas mexendo. Esses foram alguns relatos de potiguares após os tremores de terra registrados nos últimos dias no Rio Grande do Norte.

“Na tarde do domingo (31), eu estava deitada na rede, na sala, assistindo televisão. Eu escutei um ruído diferente nas telhas e senti que a rede e as paredes tremeram. Fiquei assombrada. Pensei que fosse o telhado que ia desmoronar com o gesso”, contou Edite Barbosa, moradora da zona Norte de Natal.

O temor de alguns potiguares pode estar relacionado ao período crítico da década de 1980 quando a cidade de João Câmara, na região do Mato Grande, foi o epicentro de um abalo de magnitude 5.1, provocando rachaduras, desmoronamento e obrigando moradores a deixarem suas casas. De lá pra cá, o fenômeno continua acontecendo no Rio Grande do Norte, mas em escalas menores.

De acordo com o geofísico e técnico do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis), Eduardo Menezes, “temos falhas tectônicas em municípios como João Câmara, Pedra Preta, Parazinho, Taipu, Poço Branco, Augusto Severo, São Rafael e Caraúbas. Essas são as áreas que já monitoramos”, disse.

No último dia 31 de julho, um tremor de terra de magnitude 3.7, registrado na região de Touros, foi sentido por natalenses e voltou a assustar a população. “Na hora em que vi tudo tremer, comecei a pensar em como iria fugir caso acontecesse algo pior.  Mas aí parou, foi rápido. Mesmo assim tive muito medo”, revelou Edite Barbosa, dona de casa.

Da madrugada do dia 31 de julho até a madrugada de 1º de agosto, oito abalos foram registrados pelo LabSis. O mais forte teve magnitude 3.7. Além deles, outro de magnitude 2.0 foi registrado na quarta (3) e um menor, de 1.6, na sexta-feira (5). Esse último foi o primeiro evento registrado pela nova estação sismográfica operada pelo LabSis no município de Touros.

O técnico do Laboratório de Sismologia explicou ainda que não é possível prever quando os tremores vão acontecer. “A probabilidade sempre existe, mas não se consegue prevê-los em nenhum lugar do planeta. O que dá para ser feito são os monitoramentos e mapeamentos das áreas sismicamente ativas”, detalhou Menezes.

Dessa vez, o município de Touros, no litoral Norte potiguar, foi o mais afetado pelos tremores de terra no RN. De acordo com a Defesa Civil do município, algumas casas apresentaram rachaduras após a série de abalos na região.

Ainda segundo o geofísico Eduardo Menezes, isso ocorre por causa da localização. “Isso acontece porque Touros é a área mais próxima do epicentro dos eventos mais recentes”, disse. Todos os tremores tiveram epicentro em uma área no Oceânico Atlântico, distante cerca de 30 quilômetros da costa.