Um relatório produzido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), que o NOVO teve acesso exclusivo, apontou que 42,45% dos pacientes com Covid-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Rio Grande do Norte morrem. Ou seja, 4 a cada 10 pacientes internados nesses leitos não conseguem se recuperar.

Segundo o estudo, que não traz a identificação dos hospitais, há unidades que têm média de mortalidade de até 70%. Em outras quatro unidades hospitalares, a média fica entre 50 e 50%.

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O pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), Rodrigo Silva, diz que o estado em que o paciente chega ao hospital influencia na internação.

Ele explica que o paciente que já chega à unidade de atendimento intubado tem menos chances de sobreviver. “Classificamos os pacientes de intubação em dois grupos. O primeiro é aquele que já chega ao hospital intubado, esse, infelizmente, tem 90% de chances de vir a óbito. Já o paciente que, por ventura, precise ser intubado durante o tratamento tem de 60 a 66% de chances de sobreviver”, exemplifica o pesquisador.

Ricardo Volpe, coordenador do setor de atenção à saúde da Sesap, explica que os hospitais com a maior taxa de mortalidade são aqueles que recebem pacientes oriundos do interior do estado. No relatório a diferença no número de óbitos nas UTIs entre os hospitais do RN é atribuída a eficácia das tecnologias médicas adotadas, a gravidade do paciente, adequação ao processo de cuidado de cada paciente e a “erros aleatórios”. Uso inadequado de medicamentos, tecnologias e falhas na supervisão também são possíveis fatores apontados no relatório como agravantes nesse elevado índice de mortes.

Caso Giselda

Durante toda a pandemia o Hospital Giselda Trigueiro (HGT), referência em doenças infectocontagiosas, manteve a taxa de mortalidade em seus leitos de UTI-Covid em torno de 22,53%, chegando a alcançar o índice de 8,64% no mês de agosto de 2020. Em março deste ano, quando a pandemia se agravou e fila à espera de leitos cresceu, esse número chegou a 32,28%.

Para o diretor geral do HGT, André Prudente, isso acontece porque o hospital começou a se preparar antes do vírus chegar ao Brasil. “Começamos os treinamentos mesmo antes da explosão de casos. Além disso, por ser especializado em doenças infectocontagiosas, o manejo dos doentes críticos com infecções virais é mais habitual, ou seja, as equipes já estão um pouco mais preparadas para o enfrentamento”, afirmou ele.