Troféu da Série B do Campeonato Brasileiro – Foto: André Borges/CBF

O Ministério Público de Goiás está investigando uma suspeita de manipulação de resultados nos jogos da Série B do Brasileirão do ano passado. Nesta terça-feira, um ex-jogador de time goiano foi alvo de operação com mandado de busca e apreensão em Minas Gerais.

Um grupo especializado teria buscado fraudar resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro.

O objetivo era influenciar apostas esportivas de altos valores. O esquema teria a participação de jogadores profissionais de futebol.

Segundo o MP, há indícios de que o grupo atuou em pelo menos três jogos da Série B no final de 2022. Os investigados teriam movimentando mais de R$ 600 mil. Os nomes dos alvos da operação, batizada de Penalidade Máxima, não foram divulgados inicialmente. Só que nomes começaram a vazar em alguns jornais da imprensa goiana.

O Jornal O Popular, de Goiânia, em matéria assinada por Paula Pereira, revelou um dos procurados: Romário, ex-Vila Nova, foi um dos alvos da operação do Ministério Público de Goiás. O jogador é um dos alvos de mandado de busca e apreensão da operação – não em Goiânia, mas em Minas Gerais.

O jogador concordou e depois desistiu de participar do esquema, mas recebeu adiantamento por meio da conta do de outro jogador também do Vila Nova, que é investigado por ter emprestado a conta para pagamento dos manipuladores.

Segundo a matéria do O Popular de acordo com dados dos investigadores, os apostadores fizeram apostas casadas de pênaltis em três jogos da última rodada da Série B do ano passado, que ocorreu entre 5 e 6 de novembro: Vila Nova x Sport, Tombense x Criciúma e Sampaio Correia x Londrina.

Os pênaltis só não ocorreram no jogo do Tigre. Na partida entre Sampaio Corrêa e Londrina, houve, no primeiro tempo, pênalti para o Londrina, que foi marcado com recurso do VAR, e o goleiro pegou.

No jogo entre Criciúma x Tombense, também houve pênalti no primeiro tempo a favor do Criciúma, e o goleiro do Tombense pegou.

Curiosamente, dois dos três jogos naquele momento não interferiam nem em rebaixamento, nem em vaga de acesso. Eram jogos apenas para cumprir tabela. Vila Nova e Sport valia uma possível vaga de acesso para o time pernambucano, caso este goleasse o Vila Nova por sete gols de diferença e o jogo Vasco e Ituano terminasse empatado – Sport sequer marcou gol no Vila Nova (jogo foi 0 a 0).

De acordo com a matéria do jornal O Popular, assinada por Paula Pereira, Romário topou participar do esquema, mas recuou. O jogador ficou fora do jogo contra o Sport, não foi sequer relacionado. De acordo com a investigação, nos termos do acordo, o atleta deveria arranjar alguém para cumprir o combinado, neste caso.

Em novembro, Romário foi dispensado do Vila Nova, rescindindo o contrato, mas a justificativa do clube goiano foi apenas de que o jogador cometeu ato de indisciplina grave.

Foram cumpridos mandados de prisão e nove mandados de busca e apreensão em Goiânia, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).

A investigação apontou que o grupo convencia atletas a manipular resultados nas partidas por meio de ações, como fazer pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras táticas.

Em troca, os jogadores receberiam parte dos prêmios de apostas feitas. A estimativa é que cada envolvido tenha recebido R$ 150 mil por aposta.