Em um dos cartões postais da cidade, o Rio Potengi, a marca de roupas Lura lançou sua nova coleção de primavera-verão inspirada no típico prato potiguar: a ginga com tapioca. O evento, que aconteceu no Complexo Cultural da Rampa, trouxe, através do desfile, símbolos da cultura do Rio Grande do Norte.
Criada em agosto de 2023 por Iran Honório e Lucas Medeiros, a proposta da marca é fugir dos estereótipos nordestinos ao mesmo tempo que celebra a cultura potiguar. Com uma produção completamente local, o primeiro desfile da marca teve o objetivo de mostrar a essência da Lura.
“Tudo isso que apela para a moda no Nordeste já é muito pejorativo, quando a gente vê a linha do cangaço, a linha do couro e das praias e apenas das festas. Isso isola o Rio Grande do Norte e o Nordeste em si. A Lura vem mostrando que o Nordeste não é só uma faceta de tempo. Ele é constante e o orgulho de estar aqui é muito maior do que qualquer outra coisa.”, explicou Iran.
Junto com os fundadores, estão Brunna Vinni e Gustavo Adrio, diretores criativos da Lura. Para Brunna, a nova coleção tem como objetivo destacar a inovação na moda potiguar, apresentando-a sob uma perspectiva renovada. A diretora afirma que a ideia é continuar mostrando que a marca é genuinamente potiguar, mas de um jeito autêntico e único.
“A gente visa pessoas que casem com o que a gente acredita enquanto marca, porque a gente entende também que essa possibilidade de fazer moda ainda não é acessível para todas as pessoas. Então, a gente busca trazer essa representatividade para além do público que a gente busca nichar, mas pra dentro da marca”, comentou.
O diretor criativo, Gustavo, explicou que a nova coleção foi inspirada pela originalidade de Natal e pela necessidade de revitalizar o espaço urbano da cidade. Ele ressalta que o time quis celebrar a história de Natal e o orgulho potiguar, trazendo essa herança para um local revitalizado e moderno, mas que ainda reflete onde Natal começou.
Ele ainda conta que a representatividade acaba sendo refletida na modelagem das roupas, que tem o propósito de servir a diferentes corpos e fugir da limitação oferecida pelo mercado nesse quesito. “Que tenha toda essa pluralidade, não só como na equipe, mas como nas peças e no design estético, que é o fundamento da marca”, completou.
Em relação à moda potiguar, Gustavo e Brunna ressaltaram que o crescimento tem ocorrido de maneira gradual. “Aos poucos a gente está viabilizando outras marcas e conhecendo novos artistas independentes. Não só de roupas, mas da cultura em geral. E é um processo, de degrau em degrau a gente vai construindo essa história e posicionando marcas e mostrando a potência regional”, disse Gustavo.
Para Brunna, o crescimento do nicho tem estado atrelado ao investimento de políticas públicas que fomentem esse tipo de mercado. “A gente tem muitos artistas incríveis e talentosos que só precisam de investimentos e políticas públicas. Esse próprio desfile só está acontecendo por uma política pública, porque foi aprovado no edital de Lei Paulo Gustavo”, ressaltou.
O desfile “Ginga e Tapioca” foi realizado com o apoio da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital de Seleção de Projetos de Economia Criativa N° 02/2023, uma parceria entre o Governo Federal e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
A equipe que produziu o desfile incluiu diversos potiguares, como Iran Honório e Luciano Medeiros, fundadores da marca; Brunna Vini, diretora geral; Gustavo Adrio, diretor criativo; Efraim Tavares, na direção de styling; Dandadora, na trilha sonora; Naomi Leão, na direção de passarela; Pedro Azevedo, na direção de beleza; e Carla Jesus, na direção de beleza capilar.
Além dos profissionais locais, o desfile contou com contribuições de especialistas de outras regiões do Nordeste, como Naomi Leão e Efraim Tavares. Ambos são pernambucanos com ampla experiência no mundo da moda, incluindo participações no Fashion Week, um dos eventos mais importantes da moda global.