Jean Paul Prates
Senador Jean Paul Prates (PT) – Foto: Carlos Azevedo/NOVO Notícias

Com pouco mais de dois anos de mandato, o senador do Rio Grande do Norte, Jean Paul, lamenta que a pandemia tenha diminuído as oportunidades de mostrar o trabalho que ele vem fazendo no Senado Federal, e garante que ele não é um senador sem votos.

Como o senhor avalia o seu trabalho no Senado Federal?

Eu encaro essa missão no Senado como sempre encarei qualquer trabalho de consultoria, de intervenção em empresas que já fiz na minha vida. É como se fossem quatro anos de uma missão. A minha equipe é com pessoas de cada um dos segmentos para atender tipos de ‘clientes’ diferentes: prefeitos, populações, grupos e movimentos sociais. Cada um tem suas demandas e a gente montou um time para entender cada uma dessas demandas. Então nossa missão no mandato é técnica nesse sentido, e política no sentido de atender exatamente cada demanda dessa. Eu vejo isso como uma missão”.

E como é, na prática, o seu trabalho?

“Gosto desse trabalho, gostei do que fiz até agora, acho que o Estado e a população potiguar reconhecem que estamos trabalhando muito, não só na forma de emendas, que todos os parlamentares têm a mesma cota, mas extrapolando isso, construindo novos recursos, colocando o RN na pauta nacional dos debates, na resistência ao Governo Bolsonaro em muitas coisas que a gente acha um retrocesso. Faço oposição e resistência racional, com argumentos técnicos, mostrando, como a gente fez no debate da Eletrobras, que a privatização era um erro, por Medida Provisória mais ainda, da forma que foi, sem vender primeiro as ações excedentes ao governo, mas já vendendo direto a maioria do controle direto da Eletrobrás de uma vez, com Chesf, Furnas, tudo junto no meio, a gente considerou um erro”.

Falando sobre futuro agora, o senhor considera ser candidato à reeleição?

Eu gostaria de ser reconduzido ao Senado por méritos e métricas próprias, mas eu estou à disposição do partido. Se nenhum cenário na política me agradar, eu não tenho problema em ficar fora dela e ajudar os governos. Ajudar Lula e Fátima como eu puder. Não estou preocupado necessariamente com isso. Eu quero trazer alguma contribuição. Se eu não tiver contribuição a fazer, ou for atrapalhar, eu prefiro ficar de fora

Senador, sabemos que o jogo político começa a se desenhar para 2022, e considerando que o seu cargo é uma das mais valiosas moedas que a Governadora pode oferecer em troca de apoio, como o senhor avalia essa situação?

Se estou no partido, eu vou trabalhar para o partido. O mandato é do partido e falo isso em qualquer reunião e nas cidades onde eu vou. Digo sempre que o mandato é de vocês, é do partido e não é meu. Não é porque entrei como suplente, é porque acho que o mandatário desse é um representante. A gente representa todos. Senão você deixa de representar essas pessoas e trata o negócio como se fosse um castelo, um feudo seu. Não é!”.

Falando ainda sobre Fátima Bezerra, como o senhor vê a situação política dela?

eu a vejo em um cenário muito bom. Acho que a Governadora pode ter tranquilidade para conversar com todo mundo e construir alianças. Ela tem uma situação relativamente tranquila, não por ela estar de salto alto, achando que já ganhou. Isso estaria errado. Eu acho que ela tem tranquilidade para decidir como vai correr esse ano. No ano que vem ela vai ter que decidir realmente. Esse ano eu acho que tem tempo para conversar, e mais, precisa de tempo para consolidar a própria situação da pandemia”.

Uma das novidades contra o Governo Fátima é a instalação da CPI da Covid na Assembleia Estadual. O senhor acredita que isso representa uma ameaça para o projeto de reeleição dela?

Essa CPI é um resultado político. Os adversários não têm candidato, então eles têm que procurar um palco para esse candidato surgir e eventualmente emergir ali uma figura que se fortaleça no discurso, em alguma coisa. Acho que não tem nada que prospera realmente ali, a não ser realmente um palanque, um palco”.

Recentemente o ex-prefeito de Natal e candidato derrotado por Fátima na eleição de 2018, Carlos Eduardo Alves direcionou críticas à sua atuação. Como o senhor recebeu essa investida do ex-prefeito?

“Quanto ao Carlos Eduardo eu considero ele um cara muito antipático ao fazer o que ele fez. Acho até grosseiro. Porque ele me conhece muito bem. Ele sabe que eu liguei para ele no começo do ano, quando houve boatos da turma dele, que começaram a jogar, maldosamente, boatos que eu queria tomar a sigla do PDT dele. Eu liguei para ele e disse: “Prefeito Carlos Eduardo, aqui é o Senador Jean. Estou ligando para lhe dizer que no dia que eu quiser voltar para o PDT, eu vou lhe procurar, porque o considero o líder da legenda no RN”.

O senhor não quis responder diretamente o ex-prefeito, quando ele disse que não o conhecia?

Como é que ele diz que não me conhece? Isso não é fazer política. Para mim isso é querer lacrar. Ah você vai responder: Não! Eu vou alimentar o que? Alguém que quer lacrar para cima de mim. Deixa ele falando sozinho. O cara não me conhece, eu vou falar com alguém que não me conhece? O cara querer ser senador e não conhecer o senador que está em exercício? Tem coisa mais surreal que isso? Esse cara já está desqualificado para ser senador só pelo fato de não conhecer o senador em exercício. Ou ele quer ser grosseiro, ou ele é muito desqualificado para ser senador”.

Ainda sobre a possibilidade de alianças para o próximo ano, recentemente temos visto especulações ligando o MDB ao PT. Essa seria uma aliança do seu agrado?

“O MDB seria muito bem-vindo. O MDB é um partido naturalmente aliançavel com o PT para as próximas eleições. É o mais imediato aliado, fora da esquerda. É muito mais fácil, por exemplo, que no caso do PDT, que tem uma questão com Ciro e Lula, e tem toda uma situação para resolver”.

Mesmo com a situação Ciro e Lula, e as críticas de Carlos Eduardo ao senhor, você acredita que as portas para o PDT ainda podem ser abertas no PT?

Eu vejo com bons olhos qualquer apoio que Fátima receba, principalmente dele, que é importante no colégio eleitoral de Natal”.