Homem negro tem pés e mãos amarrados e é carregado por policiais em SP
Policiais militares carregaram homem amarrado pelos pés e mãos após prisão – Reprodução/Redes sociais

Um homem negro teve os pés e as mãos amarrados e foi carregado por policiais militares após ser detido acusado de roubar itens de um supermercado localizado na zona Sul de São Paulo.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o homem sendo arrastado e carregado pelos PMs. Ele é colocado em uma maca e depois na parte de trás de uma viatura. Enquanto é carregado, ele grita de dor e diz que está colaborando com a polícia.

As cenas foram gravadas em uma Unidade de Pronto Atendimento da Vila Mariana.

Revolta

Após o ocorrido, o ouvidor das polícias de SP, Claudinho Silva, informou que solicitará as imagens de monitoramento da UPA e que a Corregedoria fará uma apuração rigorosa. “A gente não pode naturalizar esse tipo de tratamento”, disse. “Aquilo é tortura, não é abordagem policial”, continuou. Para ele, existiam outras condições para render o homem, pois o número de policiais era grande e, no limite, o acusado poderia ter sido algemado pelas pernas.

O ouvidor ainda afirmou que a forma como o homem foi carregado lembra um “pau de arara” – instrumento de tortura utilizado contra as pessoas que eram consideradas inimigas da ditadura. “Aquele formato de carregamento, quando você vai fazer alguma analogia na história, é com o pau de arara”, afirmou Claudinho.

Nas redes sociais, o padre Júlio Lancellotti, conhecido pelas ações sociais que realiza com os moradores de rua, publicou o vídeo questionando o comportamento dos policiais. “A pobrefobia institucional. A escravidão foi abolida?”, perguntou.

Nota da PM

Em nota, a Polícia Militar lamentou o ocorrido e afirmou que a conduta dos agentes não é compatível com o treinamento e valores da instituição.

A corporação informou ainda que foi instaurado um inquérito para apurar o episódio e os policiais envolvidos foram afastados preventivamente das atividades operacionais.

“As ações estão em desacordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição”, disse a nota.

Com informações da Folha de S. Paulo.