As Dançadeiras de São Gonçalo - Foto: Divulgação
O filme “As Dançadeiras de São Gonçalo” valoriza a memória, a fé e a identidade de mulheres quilombolas e terá exibição na Mostra Horizontes do Festival Goiamum, em Natal, dia 11 de julho
Publicado 4 de julho de 2025 às 14:30
Finalizado em 2024, o documentário As Dançadeiras de São Gonçalo é uma obra de escuta, território e memória. Com 16 minutos de duração, o curta mergulha na tradição centenária da Dança de São Gonçalo, mantida viva pelas mulheres da comunidade quilombola Pêga, em Portalegre, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte.
Dirigido por Jorge Andrade, o filme homenageia de forma sensível e poética essas mulheres que, ao dançarem, mantêm vivo um legado ancestral. Cada gesto é transformado em memória, fé e resistência, em um elo entre o sagrado, a história e a identidade quilombola.
Assista ao trailer de As Dançadeiras de São Gonçalo https://www.youtube.com/watch?v=-pzRWSPYGY8
Uma dança que atravessa o tempo
A Dança de São Gonçalo é uma manifestação presente em diferentes partes do Brasil, mas no Rio Grande do Norte apenas as comunidades quilombolas Pêga e Arrojado, ambas de Portalegre, mantêm viva essa tradição. Suas origens remontam à devoção ao santo português, mas aqui ganharam contornos próprios e uma profunda conexão com a cultura local.
“As Dançadeiras de São Gonçalo” vai além do registro ritualístico. O filme escuta, respeita e valoriza as histórias das mulheres que dançam não apenas por fé, mas por seus ancestrais, sua cultura e sua identidade.
“O filme nasce de um lugar de escuta e cuidado”, afirma o diretor Jorge Andrade. “Buscamos compreender o que motiva cada uma delas a continuar dançando. Mais do que registrar a tradição, queríamos revelar os gestos, as pausas, os silêncios, tudo o que carrega sentido e que resiste, mesmo quando não é dito.”
Vozes que protagonizam a própria história
A motivação para o projeto surgiu do desejo de reverter a forma como outras obras audiovisuais frequentemente abordam comunidades quilombolas e grupos historicamente marginalizados, quase sempre pelo viés da falta, da dor ou da ausência. O documentário rompe com essas narrativas, sendo construído a partir de uma abordagem que nasce do território, do afeto e da escolha política de celebrar a vida, sem ignorar os desafios, mas sem permitir que eles sejam o centro da história.
A professora quilombola Ielândia Jacinto, uma das participantes do filme, resume a força do trabalho:
“É tão grandioso ver um trabalho sem o manto de induzir o retrospecto da dor alheia. É tão lindo ver a história contada a partir de si, do lugar de fala — e falas de alegria, por saber contar quem é. É um trabalho construído e apresentado com muita ética, respeitando a história de nossas vidas, evidenciando a nossa força e coragem.”
Exibição no Festival Goiamum
A obra foi apresentada inicialmente dentro das próprias comunidades quilombolas, em sessões realizadas em Portalegre ainda em 2024, como forma de devolutiva e reconhecimento.
Agora, inicia sua circulação mais ampla. O filme foi selecionado para compor a Mostra Horizontes do Festival Goiamum, evento de destaque em Natal, que contou com mais de 900 filmes inscritos.
A exibição será no dia 11 de julho, às 16h, no auditório do Departamento de Comunicação Social da UFRN (DECOM).
Sobre o projeto
As Dançadeiras de São Gonçalo integra o projeto Gente que Faz História, uma série documental voltada à valorização das culturas e contribuições das comunidades quilombolas de Portalegre. A iniciativa se dedica a contar histórias de resistência e identidade a partir de olhares internos, revelando aspectos muitas vezes apagados das narrativas oficiais.
O documentário tem apoio do Sebrae-RN, por meio do edital de Economia Criativa, e da Prefeitura de Portalegre, via Lei Paulo Gustavo.
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