Daniela Freire, jornalista
Os últimos dias de chuvas intensas na capital potiguar mostraram ao natalense didaticamente que é uma completa falácia o discurso criado pela Prefeitura do Natal sobre os alagamentos na engorda de Ponta Negra
Publicado 17 de março de 2025 às 16:15
Expostos
Os últimos dias de chuvas intensas na capital potiguar mostraram ao natalense didaticamente que é uma completa falácia o discurso criado pela Prefeitura do Natal sobre os alagamentos na engorda de Ponta Negra. Isso porque o que está sendo visto acontecer no local contradiz o que foi dito pela atual gestão nas diversas entrevistas que concedeu à imprensa, após as primeiras inundações no local, ainda em janeiro, e depois que a própria Prefeitura anunciou em seu site, no dia 28 de fevereiro, que “a drenagem da engorda” estava “entrando em funcionamento”.
Apanhado
Para expor o que esta jornalista vem chamando de “mentiras” sobre os alagamentos da engorda, a coluna fez um levantamento a respeito do que a gestão Paulinho Freire, que assumiu o ‘legado’ do antecessor Álvaro Dias, mantendo, inclusive, o mesmo secretário de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), responsável pela obra, Thiago Mesquita, disse a respeito dos transtornos que agora fazem parte da ‘nova’ e, segundo classificou o ex-prefeito, “revolucionária” orla.
A promessa
Thiago Mesquita – que agora anda calado – afirmou, antes de a Prefeitura anunciar que a drenagem estava “entrando em funcionamento”, no último dia 28 de fevereiro, que: 1) “Inundações após fortes chuvas são uma solução temporária, adotada durante a troca de drenagem, pois o equipamento anterior tinha 30 anos e já não suportava as chuvas” (Tribuna do Norte); 2) “Pequenos lagos podem vir a acontecer, eventualmente, na fase de finalização do sistema de drenagem” (Tribuna); 3) “Quando a drenagem for 100% finalizada episódios como esses não ocorrerão mais” (Tribuna do Norte); 4) “O alagamento não é problema, é solução” (98FM); 5) “Após a drenagem o tamanho dos lagos será menor e vai infiltrar em horas” (98FM); 6) “Quando a drenagem estiver pronta os alagamentos vão diminuir” (G1).
Desmentidos
De acordo com o que está no site da Prefeitura do Natal, a drenagem da engorda de Ponta Negra ficou pronta e entrou em funcionamento no final de fevereiro. A própria secretária municipal de Infraestrutura (Seinfra) da capital, Shirley Cavalcanti, afirmou, no dia 6 de março, ao G1, que “A obra de drenagem da engorda de Ponta Negra foi concluída e todos os 16 dissipadores passaram a funcionar no fim de fevereiro”. Neste dia 13 de março, no entanto, novas chuvas inundaram quase que completamente a orla engordada, incluindo a base do Morro do Careca e dos bares e restaurantes que funcionam ali ao lado, desmentindo totalmente a gestão Paulinho Freire e também, porque não dizer, a ex-gestão Álvaro Dias.
E o Morro?
Aliás, vale ressaltar aqui que a proteção do Morro do Careca foi um dos pontos altos nos discursos de Álvaro Dias para justificar a realização da engorda de Ponta Negra às pressas, passando por cima de determinações do órgão ambiental responsável, invadindo e ameaçando publicamente o Idema e usando jazida sem licença para a obra. Agora, a situação do Morro do Careca na ‘nova’ praia de Ponta Negra de Álvaro e Paulinho em dias de chuvas fortes parece até mais preocupante, já que a sua base fica completamente alagada
“Será sempre assim”
A gestão Paulinho não gostou de ser chamada de “mentirosa” – quando trata da engorda – por esta jornalista. Considerou a colocação “pesada”, “injusta” e até “inverídica” e enviou uma resposta, através do jornalista Marcos Alexandre, da Secom Natal, que é profissional competente e um amigo, a qual faço questão de publicar neste espaço. Antes, é preciso ressaltar um resumo do que disse a Comunicação da Prefeitura a esta jornalista: “Chamo atenção ainda para este ponto do que lhe passei: A Seinfra explica que precipitações com volume acima de 40 milímetros vão gerar alagamentos desse tipo. Será sempre assim. Em resumo, os alagamentos não vão acabar. Tanto que estão previstos no projeto. Sempre que chover muito, como ontem (13), haverá alagamento”.
Você sabia?
Em outras palavras, a Prefeitura está afirmando que a nova e “revolucionária” orla de Ponta Negra estará alagada “sempre que chover acima de 40mm”. A coluna não se lembra de ter ouvido o secretário Thiago Mesquita, ou mesmo técnicos da Prefeitura, avisarem aos cidadãos que seria para sempre assim mesmo após a conclusão da obra de drenagem. A Secom foi questionada pela coluna sobre este ponto e teve como resposta que o aviso está no projeto. A coluna pediu o trecho do projeto que diz que a orla ficará sempre alagada com chuvas acima de 40mm. Ficou de ser aprentado o trecho nesta segunda-feira (17), mas até o encerramento desta edição não havia sido entregue.
Achando bom?
E uma pergunta que não quer calar: Os empresários donos de bares e restaurantes de Ponta Negra tinham conhecimento de que a praia e a base do Morro do Careca ficariam alagados em dias de chuvas acima de 40 milímetros? Os donos de empreendimentos no local estão satisfeitos com o que tem ocorrido em dias de chuvas mais fortes? Era esse o cenário que esperavam?
Com a palavra, a Prefeitura
A questão é puramente técnica. Vamos lá: os 16 dissipadores instalados, e que já estão funcionando desde o dia 28 de fevereiro, conforme divulgamos, ajudam a conter a velocidade e a pressão do forte volume d´água que vem da parte mais alta da região (sobretudo da av. Roberto Freire), para a mais baixa, exatamente a praia. Em nenhum momento, dissemos que os dissipadores acabariam com os espelhos d´água, como os que se formaram mais uma vez. Ao contrário, o que estamos informando, seguidamente, é que esses alagamentos estão previstos no projeto do aterro hidráulico (com a engorda e a drenagem) sempre que houver chuvas mais intensas, como a desta sexta-feira (14), quando a zona sul de Natal chegou a registrar 124 milímetros em cerca de 10 horas. A Seinfra explica que precipitações com volume acima de 40 milímetros vão gerar alagamentos desse tipo. Será sempre assim. Além do mais, o maior ganho proporcionado pelos dissipadores é evitar a formação de voçorocas, o que gera perda de material e um prejuízo real ao projeto. A bem da verdade e em respeito aos leitores que formam a grande audiêcia que você tem, minha amiga, te peço que veicule essas informações. Ficamos também inteiramente à disposição sempre que você precisar de dados sobre este e outros temas relacionados à Prefeitura.
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