Colégio Estadual do Atheneu Norte-riograndense
Colégio Estadual do Atheneu Norte-riograndense – Foto: Rogério Vital/NOVO Notícias

Há muito tempo o Rio Grande do Norte não apresenta bom rendimento no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que mede através da Prova Brasil, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A projeção é que isso piore com os resultados nesses tempos de pandemia.

No ano de 2019, o Ideb observado no Rio Grande do Norte, levando em consideração todas as instituições de ensino, ficou abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Educação e que avalia a qualidade do ensino básico brasileiro, em duas das três faixas avaliadas, sendo alcançada apenas nos primeiros anos do ensino fundamental, quando obteve nota 5.2 em uma escala que vai até 9.9. Nos anos finais do ensino fundamental, com 4.1, e no ensino médio, com 3.5, o RN aparece abaixo da meta estabelecida pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) definido pelo Ministério da Educação.

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Recuperação lenta

Especialistas avaliam que serão precisos vários anos para recuperar o déficit educacional causado pela pandemia.

A professora da Universidade de Brasília (UNB), Catarina de Almeida Santos, avalia que, no Brasil, a educação regrediu pelo menos três anos durante a pandemia.

No Estado de São Paulo, o governo faz uma estimativa ainda mais alarmante, onde diz que serão precisos mais de dez anos para recuperar toda a aprendizagem perdida em Matemática durante a pandemia.

Especialista no assunto, a doutora em educação, Cláudia Santa Rosa, avalia que os danos irreversíveis no aprendizado de alguns estudantes já podem ser observados, e cita como exemplo os que concluíram o ensino médio durante o ano de 2020, por meio do ensino remoto.

“Para alguns estudantes essas lacunas vão seguir para o resto da vida. Os que terminaram o ensino médio agora no final de 2020, que praticamente aconteceu sem ter aula, levarão esse déficit pro resto da vida, pois para eles já foi encerrada a educação básica”, diz.

As dificuldades são sentidas também em escolas da rede privada de ensino, no entanto em menor escala graças às melhores condições sociais dos alunos e melhor estruturação da escola, que pode preparar melhor seus profissionais.

“É inegável que a pandemia afeta de forma direta a aprendizagem do aluno. No entanto, nós criamos alternativas para minimizar esse impacto. Eu diria até que diante da situação, nós conseguimos fazer com que os nossos alunos tivessem novas aprendizagens”, diz Mônica Guimarães, diretora pedagógica do Complexo Educacional Contemporâneo.

Evasão escolar

Um estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Instituto Claro aponta que em outubro do ano passado, pelo menos 5,5 milhões de crianças e adolescentes estavam sem atividades ou fora da escola em todo o Brasil.

A Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (Seec-RN) aponta que, dos cerca de 217 mil alunos com acesso às aulas online, mais ou menos 50 mil não conseguiram concluir o ano letivo remoto. As principais causas são as questões­ técnicas, como a falta de acesso a equipamentos eletrônicos ou a uma boa rede de internet.

Escolas estaduais estão prontas para o retorno

No Rio Grande do Norte, as escolas da rede pública estadual já estão prontas para o retorno das atividades presenciais. É o que garante o secretário estadual de Educação, Getúlio Marques.

Em conversa com a reportagem do Novo Notícias, o titular da Seec-RN disse que o Estado já tem um planejamento de retomada das aulas pronto, faltando apenas a oficialização através de decreto. Isso deveria acontecer até o próximo dia 12 de maio, atendendo determinação da justiça estadual, no entanto, nesta quinta-feira (29), o STF derrubou a decisão, o que fez com que o Governo do RN revogasse outro decreto, publicado na manhã de ontem (29), e que já autorizava o funcionamento de escolas privadas e municipais.

O secretário Getúlio Marques confirma que as atividades presenciais nas escolas públicas da rede estadual só devem retornar após o Estado atingir algumas metas com relação à situação sanitária local, como a ocupação máxima de 70% de leitos críticos e a taxa de transmissibilidade abaixo de 1,0. Esse é o pontapé inicial para se pensar no retorno, que deve ser determinado após avaliação das autoridades sanitárias.

“As aulas devem retornar tão logo o comitê científico, junto com os gestores da crise de saúde, apontem que há segurança para o retorno”, diz o secretário de Educação Getúlio Marques.

Getúlio informou ainda que, para a adequação total às regras sanitárias de todas as 596 escolas da rede pública estadual, o Governo do RN investiu cerca de R$ 12 milhões.