Agressores têm algum tipo de familiaridade com as vítimas – Foto Ascom ISD

Os casos de violação dos direitos humanos contra crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte mais que dobraram em 2021, comparados com o mesmo período de 2020. Segundo o Instituto Santos Dumont (ISD), os casos de violação contra esse público notificados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cresceram 257,91% no estado.

O levantamento divulgado pelo órgão aponta que o cenário pandêmico e a imposição do isolamento social como medida mitigadora do avanço do coronavírus no Brasil podem ter mascarado as infrações dos direitos das crianças e dos adolescentes ao longo de 2020.

O percentual apresentado é superior ao registrado em atos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

A reportagem do NOVO Notícias conversou com a assistente social, Alexandra Silva, uma das participantes do levantamento, que apresentou as características desses agressores e quais os principais direitos violados dos menores. Segundo ela, a maioria das violações estão relacionadas à dignidade sexual.

“As principais violações vão desde abusos manifestados, através de toques e carícias, exposição a material pornográfico, até violência que deixa marcas físicas”, disse Alexandra.

Agressor silencioso

A maioria dos violadores dos direitos tem um certo grau de familiaridade com as crianças e adolescentes violados. Ainda de acordo com Alexandra, o perfil dos agressores são diversos, mas sempre atribuindo “culpa” às vítimas e silenciando as famílias.

“Uma parcela significativa dos agressores atribui a culpa à vítima, além de considerar que os crimes ficarão impunes, pois, ao exercerem poder e domínio sobre a pessoa violentada, acreditam que ela não denunciará e silenciará”, explicou a assistente social.

A profissional do Instituto Santos Dumont também abordou a atenção na mudança de hábitos e comportamentos. De acordo com Alexandra Silva, os sintomas já são bem conhecidos e se tornam acentuados no decorrer das atividades cotidianas.

“Quem convive, conhece os hábitos e percebe quando há mudanças no comportamento do dia a dia. O importante é dar crédito à fala de uma criança ou adolescente que lhe traz a informação de que está sendo ou foi submetida a uma situação de violência sexual”, pontua Alexandra.

A profissional ainda lembra que não dá para se omitir em relação a esse tipo de crime e que o denunciante não precisa ter medo de ser identificado pelo abusador. “As crianças precisam ter no adulto uma figura de confiança, de proteção, para lhe acolher e levar a frente as providências necessárias para cessar o ciclo de violências a que tem sido exposto. Os canais de denúncia e orientação são vários, como o disque 100 que é gratuito e anônimo.”

Além do disque 100, também existem outros canais para a denúncia de casos suspeitos ou flagrantes, como os Conselhos Tutelares, os CRAS (Centro de Referencia da Assistências Social), os CREAS (Centro de Referência Especializada da Assistência Social) e as Unidades de Saúde, que possuem serviços que podem orientar e acompanhamento situações de violação de direitos.