COLUNA LONGE DE SERENO – POR ÉLIDA MERCÊS

NOVA TEMPORADA!

Dez anos depois de trocar a atividade jornalística pela dedicação à vida acadêmica, é com imenso prazer que retorno ao meio trazendo para este espaço o hábito de compartilhamento de leituras e reflexões estimuladas por autores como algo capaz de ampliar a percepção e a compreensão do mundo, na medida em que essas experiências oferecem novos ângulos de observação da realidade.

Isso, que nada mais é do que o impacto do processo da formação educacional, em seu sentido mais  amplo, e o desenvolvimento que dela resulta em cada um de nós, nos mostra que não existem verdades absolutas.

Nesse período, pude estudar, entre outras coisas, administração, pedagogia, processos de aprendizagem, marketing, pessoas e comportamentos, tudo fundamentado nos mais variados livros e autores que incluem clássicos, teóricos, até os gêneros ainda vistos com preconceitos por alguns. Para livros e pessoas, vale a máxima de que não posso falar daquilo que não conheço, portanto, só experimentando para saber e construir as minhas próprias impressões.

Como estudante e docente, tive a oportunidade de conviver com os mais variados tipos de pessoas e ambientes, ver e sentir como todas essas experiências, agregadas às anteriores, moldaram o meu olhar e a forma de ler o mundo, pessoas e livros. Sendo esse um processo em andamento.

O encontro com o outro é tão intenso que, em ‘um piscar de olhos’, o rumo das nossas vidas pode ser transformado de maneira até então inimaginável. Racionalizar sobre esse movimento orientador das escolhas que fazemos a todo momento é o que nos permite manter, minimamente, o controle das nossas vidas.

Como diz Jean-Paul Sartre, no livro “O existencialismo é um humanismo”, é a partir da relação estabelecida com o outro que conhecemos mais sobre nós mesmos e o que torna cada pessoa com a qual cruzamos indispensável à nossa existência.

Longe de ser uma experiência serena, a leitura é uma das oportunidades de vivenciar o encontro com o outro e o aprendizado consequente dessa prática que se traduz nas relações estabelecidas, nos caminhos trilhados, na construção e entendimento do contexto social, político e econômico no qual estamos inseridos. Esse é o fio condutor das nossas conversas.

Como em uma série, nesta nova temporada com o Jornalismo teremos episódios inéditos às segundas-feiras no impresso e diários no portal do Novo Notícias.

Aqui, torno público o agradecimento ao amigo desde os tempos de escola, o diretor executivo do Novo, Jean Valério, pelo acolhimento; Cris Macêdo, diretora de redação, por acreditar neste projeto antes mesmo de eu pensar na viabilidade dele; ao editor Isaac Ribeiro pela generosa receptividade; e a você, prezado leitor, que desejo, sinta-se bem-vindo para refletir comigo sobre o nosso caminhoar que é tudo,  mas, sobretudo, longe de sereno.

EDUCAÇÃO FAMILIAR

E já que falamos da importância do outro para o desenvolvimento do indivíduo, mais de 400 entidades vinculadas à Educação no Brasil assinaram o manifesto contrário ao Projeto de Lei (PL) 3.179/2012 e apensados que trata da regulamentação do ensino domiciliar no país e está em tramitação no Congresso Nacional.

VOTOS

O texto-base do PL, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para incluir homeschooling, atualmente ilegal, como modalidade de ensino no país, foi aprovado em 18 de maio, na Câmara dos Deputados, e segue para apreciação no Senado Federal. Da bancada do RN, Benes Leocádio (União), Natália Bonavides (PT) e Rafael Motta (PSB) votaram contra o projeto. Beto Rosado (PP), Carla Dickson (União), General Girão (PL) e João Maia (PL) foram favoráveis à proposta. O deputado Walter Alves (MDB) não votou.

COMPLEXIDADE DA EDUCAÇÃO

O projeto  de lei ignora a complexidade do processo de aprendizagem, que vai além dos aspectos cognitivos, como bem demonstram as consequências no desenvolvimento de crianças e adolescentes após o isolamento social imposto pela pandemia da Covi-19. A formação educacional pressupõe o desenvolvimento integral do indivíduo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Isso significa que a aprendizagem passa, necessariamente, pela socialização para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e ampliação da visão de mundo. Além disso, a escola é um ambiente de proteção social.

FRASE

“O medo corta mais profundamente do que as espadas.” Arya Stark | A tormenta de Espadas – Livro Três de As Crônicas de Gelo e Fogo | George R. R. Martin