Surtos de gripe aviária provocam dois tipos de preocupação: econômica e de saúde pública. Foto: Emma Cate/Pexels
Contaminação é restrita a pessoas que tiveram contato com aves infectadas, vivas ou mortas, e não ocorre por meio do consumo de frango ou ovos. Mas possíveis mutações preocupam OMS
Publicado 16 de maio de 2025 às 17:42
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou que foi detectado, no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, um caso de vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em matrizeiro de aves comerciais.
É o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. Por questões contratuais, a exportação de aves para a China é suspensa quando há ocorrências desse tipo, informou o ministério à Agência Brasil.
Em nota, o Mapa informou que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. “A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)”, informa a nota.
Segundo a pasta, já foram adotadas as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência. A medida permite, além do combate ao foco específico, a manutenção da capacidade produtiva do setor, de forma a garantir o abastecimento e a segurança alimentar da população.
“O Mapa também está realizando a comunicação oficial aos entes das cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, bem como aos parceiros comerciais do Brasil”, complementou a nota ao ressaltar que o Serviço Veterinário brasileiro está “treinado e equipado” para o enfrentamento da doença
Desde 2006, os casos de IAAP têm ocorrido principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.
A gripe aviária é provocada por uma variedade do vírus Influenza (H5N1) hospedada por aves, mas que pode infectar diversos mamíferos. No momento, não há evidências que sugiram que humanos possam ser infectados por ovos crus ou produtos contendo carne de aves infectadas.
Mas foi comprovado que os ovos de animais infectados podem conter o vírus tanto na casca quanto na clara e na gema. Por isso, por precaução, o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que enfrenta um surto de gripe aviária desde 2022, recomenda que as pessoas cozinhem a carne de frango e os ovos antes de consumi-los.
O CDC cita que o consumo de produtos originários de aves, como sangue, pode ter sido a origem de alguns casos de contaminação por gripe aviária entre seres humanos no Sudeste Asiático.
A contaminação da gripe aviária em humanos é restrita a pessoas que têm contato com aves infectadas, vivas ou mortas, como tratadores ou profissionais do setor. Nesses casos, a letalidade é alta, de cerca de metade dos casos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em aproximadamente duas décadas, o vírus infectou cerca de 950 pessoas, causando a morte de cerca de 460.
A OMS divulgou nesta sexta-feira (16/05) que foram registrados no ano passado, em todo o mundo, 81 casos de gripe aviária, o número mais alto desde 2015. Os Estados Unidos registraram 66 infecções, e outras dez ocorreram no Camboja e duas no Vietnã. Austrália, China e Canadá reportaram cada um um caso de contágio.
Nas primeiras semanas de 2025, também foram registrados dois casos nos EUA – um deles letal – e um no Camboja, também letal, o que indica a necessidade de monitoramento e controle estrito, segundo a OMS.
Há preocupação especial com possíveis mutações do vírus. As infecções de aves para humanos estão em um momento de alta, e há o risco de que o vírus sofra alguma alteração que o torne capaz de se espalhar entre humanos por meio de espirro, tosse ou contato físico – o que aceleraria enormemente sua transmissão e poderia provocar uma nova pandemia.
“Cada transmissão entre animais para outros, ou para seres humanos, é uma oportunidade para que o vírus sofra mutações ou se combine com outros vírus da gripe”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“A OMS pede a todos os países que fortaleçam sua biossegurança em granjas, mediante testes e vigilância, e oferecendo equipamentos de proteção aos trabalhadores em risco”, afirmou.
Nos Estados Unidos, a gripe aviária foi registrada pela primeira em vacas leiteiras. Em abril de 2024, a FDA, órgão americano de vigilância sanitária, disse ter encontrado fragmentos do vírus em uma de cada cinco amostras de leite cru vendidas no país, e recomendou que os consumidores comprassem apenas leite pasteurizado, cujo processo destrói o patógeno.
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