Secretária de Assistência Social de Natal, que recebe apoio de quase toda a ala masculina da política potiguar, se autodeclarou como “a mulher que mais sofre violência política no RN”, o que é uma notória mentira
Publicado 23 de outubro de 2025 às 10:31
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A vereadora, primeira-dama e secretária de Assistência Social de Natal, Nina Souza, que recebe apoio de quase toda a ala masculina da política e da imprensa potiguar, se autodeclarou como “a mulher que mais sofre violência política no RN”, durante entrevista à Central Agora RN, nesta quarta-feira.
Das duas, uma: ou Nina não sabe o que é violência política de gênero ou ela utilizou a mentira como método (como faz todo bom bolsonarista) para escapar de prestar esclarecimentos sobre as críticas legítimas que ela vem recebendo diante de situações contraditórias e pertinentes nas quais ela está envolvida como gestora da Semtas.
Uma delas é a de ter utilizado cerca de R$ 80 mil em emendas culturais para realizar evento interno da secretaria da qual é titular e em restaurante de luxo – e isso não diz respeito ao fato de ela ser mulher.
A segunda, só para ficar em duas situações, é a de ter sido contemplada, através da Semtas, com boa parte de um empréstimo de 50 milhões de dólares pedido (em um documento de quatro páginas) pelo seu esposo-prefeito Paulinho Freire à Câmara Municipal de Natal (que já aprovou) e sendo pré-candidata a deputada federal ano que vem – e essa suspeição não caracteriza violência política.
A mentira de Nina, de que é a mulher que mais sofre violência política no RN, está exposta à sociedade potiguar.
Na verdade, a esposa de Paulinho é aliada do grupo político que mais pratica violência de gênero na política! E não é contra ela, mas contra a governadora Fátima Bezerra e contra deputadas e vereadoras de esquerda, especialmente Thabatta Pimenta (PSOL).
Fátima Bezerra, de acordo com a realidade vista há muitos anos por aqui, é a política que mais sofre ataques desse tipo – “ato, conduta ou omissão que visa impedir, dificultar ou restringir o exercício dos direitos políticos de uma mulher, por meio de agressões físicas, psicológicas, morais, verbais ou sexuais, com o objetivo de deslegitimar, intimidar ou silenciar mulheres na política” – em todos os setores da sociedade do RN.
Nina já deve ter sofrido, sim, esse tipo de violência, porque ele atinge mulheres de diversas origens e partidos políticos, mas a vereadora está numa distância quilômetrica do que vivem Fátima, a deputada Natália Bonavides, as vereadoras Thabatta, Brisa Bracchi, Samanda Alves, entre outras. Basta acompanhar o cenário político e os discursos das oposições na Câmara Municipal de Natal e na Assembleia Legislativa.
Formas de violência política de gênero não são vistas nas críticas (políticas) a Nina, mas muito observadas contra Fátima e Thabatta, por exemplo:
Assédio: Constrangimento, humilhação ou ameaças, tanto no ambiente físico quanto virtual.
Discriminação: Desqualificação das habilidades e da função da mulher.
Intimidação: Ameaças verbais ou não verbais.
Difamação: Espalhar informações falsas para prejudicar a reputação de uma candidata ou política.
Violência simbólica: Ações que desvalorizam a presença feminina na política e a restringem a espaços privados.
Outra prova de que Nina mente ao se autodenominar “a mulher que mais sofre violência política” no Estado são os dados oficiais sobre violência política de gênero no Brasil!
O Blog fez uma pesquisa sobre o tema e confirmou que mulheres do PT, mulheres negras, LGBTQIA+ e de partidos de esquerda são as principais vítimas de violência política de gênero e raça no Brasil. Quem afirma? Estudos, relatórios e pesquisas de organizações da sociedade civil, grupos de pesquisa e instituições governamentais.
Entre os principais relatórios e pesquisas que embasam essa conclusão, destacam-se:
1. Monitor da Violência Política de Gênero e Raça 👇
Realização: Observatório Nacional da Mulher na Política (Câmara dos Deputados), Instituto Alziras e Agência Francesa de Desenvolvimento.
O que diz: Este relatório, mencionado em notícias, monitora os casos de violência e traz dados que evidenciam como a violência política é atravessada por questões de raça e gênero, afetando desproporcionalmente as mulheres negras e aquelas alinhadas a pautas mais progressistas.
Uma reportagem sobre o relatório (Monitor da Violência Política de Gênero e Raça) mencionou que, de 175 casos denunciados entre 2021 e 2023, mulheres do PT e o tema de violência de gênero e raça são o foco do monitoramento.
2. Pesquisa do Instituto Marielle Franco 👇
“Regime de Ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital”
Realização: Instituto Marielle Franco.
O que diz: O estudo foca na dimensão e gravidade dos ataques no âmbito digital, mostrando que a violência é sistêmica e direcionada de forma mais intensa a mulheres negras no cenário político, em linha com a trajetória da própria vereadora.
3. Estudos do Núcleo Mídia e Democracia (FGV) 👇
Exemplo: O estudo “Violência Política de Gênero Online: mulheres de esquerda candidatas à prefeitura receberam mais ataques e menos apoio em comentários do YouTube”.
O que diz: Esta pesquisa analisou candidatas a prefeita e concluiu que mulheres de esquerda foram alvo de uma quantidade maior de ataques virtuais, com um teor de toxicidade mais elevado, incluindo transfobia (como no caso de Duda Salabert, do PDT, que recebeu ataques transfóbicos).
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Conclusão
As evidências indicam que a violência política de gênero é potencializada pela interseccionalidade (gênero, raça e orientação política), tornando mulheres que defendem pautas progressistas, especialmente negras e LGBTQIA+, os alvos preferenciais. Nina não faz parte desse grupo.
O blog aproveita para disponibilizar inks para pesquisa sobre o tema 👇
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