Comportamento Rogério Marinho diz ao STF que Bolsonaro queria “civilidade” na transição, mas ex-presidente se recusou a passar faixa para Lula

Depoimento do senador potiguar contraria a realidade dos fatos, que apontam para atitudes de total incivilidade por parte do ex-presidente e de aliados

por: Foto do autor Daniela Freire

Publicado 3 de junho de 2025 às 23:57

O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não houve planejamento golpista por parte de Jair Bolsonaro. Segundo o potiguar, o então presidente da República demonstrava preocupação com a “civilidade” no processo de transição de governo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

No entanto, o que aconteceu foi exatamente o contrário na transição de Bolsonaro para Lula. Para começar, o ex-presidente se recusou a passar a faixa para o sucessor, em um ato de total incivilidade.

Ora, com a anuência do então presidente derrotado, aliados e eleitores passaram a montar acampamentos golpistas porque não queriam aceitar o resultado das urnas. Além disso, houve tentativa de explodir bomba em Brasília, enquanto articulava-se um golpe sob a liderança do próprio Bolsonaro, de acordo com a acusação da PGR.

Mas veja o que disse Rogério Marinho ao Supremo, no depoimento prestado na condição de testemunha no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado 👇

“Havia uma grande preocupação para que não houvesse excessos e que houvesse civilidade na transmissão do poder. Todos nós estávamos chateados com o processo eleitoral e não esperávamos a derrota”,

Trata-se, claramente, de uma mentira absurda. Rogério Marinho brinca com a memória e com a inteligência do Brasil ao fazer tal afirmação.

Segundo ele, Bolsonaro estava preocupado em evitar bloqueios de rodovias ou medidas que pudessem comprometer a economia ou dificultar a transição. mas o ex-presidente, na verdade, fugiu para os EUA e de lá silenciou enquanto a sua tropa agia, incentivando a continuidade da violência.

Marinho relatou que os encontros com o então presidente no Palácio da Alvorada — cerca de dez, segundo ele — trataram majoritariamente de temas partidários e das estratégias do PL para o Congresso Nacional. “O presidente falava da importância do Senado e do crescimento do partido”, disse. O senador afirmou ter encontrado Braga Netto em apenas duas dessas ocasiões.

Com o depoimento de Marinho, o STF conclui a fase de oitivas de testemunhas do primeiro núcleo da trama golpista. Desde o dia 19 de maio, foram ouvidas 52 testemunhas — cinco indicadas pela acusação e 47 pelas defesas. Duas enviaram declarações por escrito, enquanto outras 29 foram dispensadas.