Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) desenvolveram um drone capaz de ser usado em Marte – ou em outros planetas – de forma autônoma graças à capacidade híbrida de geração de energia, fazendo captação solar ou eólica —mesmo em repouso. E o assunto ganhou destaque nacional.

“O equipamento é um vant (veículo aéreo não tripulado híbrido), que tem capacidade de decolagem e pouso na vertical, mas pode fazer deslocamentos de longas distâncias em voos horizontais. Para isso, basta que exista vento ou sol no local onde será levado”, explica matéria publicada pelo UOL.

O pedido de registro de patente já foi solicitado pelos cientistas da UFRN e do ITA, desenvolvedores do projeto.

“A tecnologia é considerada inovadora por permitir uma capacidade de recarga das baterias hoje inexistente. Os robôs que estão em Marte hoje utilizam painéis solares, e esse nosso pode recarregar através de energia eólica também. O diferencial do nosso equipamento está nessa recuperação de energia”, informou ao UOL Alysson Nascimento de Lucena, pesquisador da UFRN e aluno de pós-doutorado em engenharia eletrônica e computação do ITA.

Hoje só há um tipo de drone em operação em Marte, que recarrega as baterias apenas por meio de energia solar, observa Lucena. Por conta disso, ele sofre com o excesso de poeira em suas placas de captação, assinala o portal.

“Isso o faz correr o risco de ser perdido por redução de eficiência ou mesmo falta de energia. Nesse modelo, o recarregamento das baterias fica cada vez mais comprometido, chegando ao ponto de ter que entrar em modo hibernação para que o robô não ‘morra’. Para chegar até Marte, claro, o vant brasileiro tem de ser embarcado em uma nave-mãe; mas ao chegar lá poderá ser comandado de forma remota e fazer voos por vários dias seguidos”, diz a reportagem.

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Entenda melhor a invenção

O novo vant é uma invenção que mistura conceitos de avião e de helicóptero. Além disso, ele usa um mesmo conjunto de motores quando está em funcionamento.

Durante o voo, uma parcela de energia é gerada pelos painéis fotovoltaicos. Durante o repouso, ele gera energia pelos painéis através de um conjunto motopropulsor que vira um gerador eólico.

Segundo Lucena, essa capacidade de gerar energia parado vem de uma tecnologia que permite posicionar as pás da hélice de um modo que aproveitem o vento.

O pesquisador observa que o tempo de operação de cada equipamento está condicionado à vida útil da bateria. “Ela pode ser eficiente por anos.”

O projeto foi feito com base em outros quatro que Lucena desenvolveu e que também têm pedidos de patente registrados: dois estão com solicitação em andamento, e duas patentes já foram concedidas.

Uso nacional

A ideia dos cientistas é fazer com que o equipamento seja incluído em missões comandadas pelo Brasil.

“Inclusive, estamos em um momento especial com o lançamento do Parque Tecnológico Espacial da Bahia; e esse projeto tem tudo a ver com ele”.

Mas não são os pesquisadores que vão decidir: como a pesquisa foi inteiramente feita em um instituição pública brasileira, os cientistas assinam um termo de cessão de direitos, e toda a negociação de uso é feita pela UFRN. E, caso haja lucro, 1/3 dos valores voltam para os inventores.

Não há um valor exato do investimento na pesquisa. Porém, Lucena estima que fique em cerca de R$ 1 milhão ao contabilizar bolsas para os pesquisadores, maquinário e material usado.

Além de Lucena, também participam do projeto Luiz Marcos Garcia Gonçalves e Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior, da UFRN; e Neusa Maria Franco de Oliveira, do ITA.