Inauguração do ISI-ER – Foto: Divulgação/SENAI

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis abriu oficialmente as portas em Natal, no Rio Grande do Norte, com mais de R$ 20 milhões em projetos já em andamento e perspectivas de elevar o valor em ao menos 50% ainda este ano – com estimativas no radar, porém, que vão bem além desses números. “Nossa carteira de projetos acumulados poderá duplicar ou triplicar à medida em que formos fortalecendo o Instituto e em que o setor também for avançando”, diz o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no estado (SENAI RN), Emerson da Cunha Batista.

Principal referência do SENAI no Brasil para pesquisa, desenvolvimento e inovação em energias renováveis, o ISI-ER negocia novos contratos não só com empresas instaladas no estado – o maior produtor de energia eólica do país – como mantém a todo vapor conversas que poderão resultar nos primeiros acordos de cooperação técnica e científica com empresas e instituições em operação na Ásia e na Europa.

De acordo com Batista, “parcerias voltadas à instalação e evolução dessa indústria encontram-se firmadas ou em contatos avançados com países como China, Dinamarca e Holanda”. Em meio a esse movimento, o Instituto também mantém e avança em projetos de pesquisa com a Petrobras, a Câmara EIC Trier e a GIZ, empresa do governo alemão que executa projetos de cooperação técnica focados em desenvolvimento sustentável, entre outros parceiros.

Outros projetos, segundo o diretor do ISI-ER, Rodrigo Mello, também estão no gatilho no Brasil – e em vias de serem oficializados – para além das fronteiras do Rio Grande do Norte.

Investimentos

Dentro do RN, uma das iniciativas a cargo do Instituto – o Atlas Eólico e Solar do RN – é desenvolvida em parceria com o Estado e deverá resultar em um grande mapa para subsidiar investidores do setor com foco na geração de energia solar fotovoltaica e, no caso de energia eólica, para os que querem investir na cadeia produtiva com parques em terra ou no mar.

Os trabalhos tiveram início há aproximadamente um ano e durante a cerimônia que marcou a inauguração oficial do ISI, em 15 de junho, foram destacados pela governadora Fátima Bezerra entre os mais importantes em curso para captação de investimentos. A expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados no primeiro semestre do próximo ano.

“Esse é um instrumento pautado na pesquisa que deverá apresentar um mapeamento completo sobre o potencial de geração de energia eólica e solar em diferentes áreas do estado, como um guia para atuais e futuros investidores”, disse Fátima durante discurso.

O Rio Grande do Norte, segundo a governadora, tem assegurados, até 2026, ao menos R$ 7 bilhões em investimentos em energia eólica e R$ 2,3 bilhões em energia solar fotovoltaica.

Mapeamento

No campo da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação, os trabalhos estão a todo vapor, segundo o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do ISI-ER, Antonio Medeiros. Os pesquisadores do Instituto começaram a medir no último fim de semana o potencial de seis municípios do Rio Grande do Norte para geração solar fotovoltaica e se preparam para dar início em julho a medições que irão apontar as melhores áreas para investimentos em geração de energia eólica no mar, a nova grande aposta do RN na área de energia.

Levantamentos já publicados pelo governo federal e também pelo setor apontam o Rio Grande do Norte como um dos grandes filões nesse campo. Estimativas conservadoras da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, indicam que o potencial de geração offshore do Brasil, ou seja, de geração da “energia dos ventos” com usinas implantadas no mar, fica em torno de 317 Gigawatts (GW) – número 22 vezes maior que a capacidade instalada em Itaipu, usina hidrelétrica na fronteira com o Paraguai, que se apresenta como líder mundial em produção de energia limpa e renovável.

Considerando medições já divulgadas pela Petrobras, segundo as quais apenas a Bacia do Rio Grande do Norte e do Ceará tem potencial estimado em 140 GW nessa área, 44,16% da capacidade nacional prevista estaria concentrada na costa dos dois estados nordestinos.

Para o mapeamento de áreas específicas agora, a pedido do governo do estado, os pesquisadores do ISI-ER farão medições à beira mar, em praias que serão definidas ao longo do Litoral Norte. O Instituto já havia realizado medições semelhantes em 2015 para a Petrobras, utilizando, porém, outros tipos de equipamentos instalados em plataformas marítimas.