Um relatório da Polícia Civil de Pernambuco aponta suspeitas de que a empresa Esportes da Sorte esteja envolvida em atividades de lavagem de dinheiro, supostamente provenientes do jogo do bicho no Estado. Essas suspeitas foram levantadas com base em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificaram indícios de operações suspeitas envolvendo a empresa.
Datado de 7 de junho de 2023, o relatório fundamentou um pedido de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas à administração da Esportes da Sorte. A advogada Deolane não foi mencionada nesse documento.
O documento também detalha as atividades de Darwin Henrique da Silva, apontado como envolvido no jogo do bicho pela Banca Caminho da Sorte. Os investigadores relataram as informações obtidas até o momento, em um documento assinado pelo delegado Paulo Gustavo Gondim Borba Correia de Souza. Entre os itens apreendidos, destaca-se um caderno com anotações diárias de apostas e prêmios relacionados ao jogo do bicho e ao futebol, além de documentos da contabilidade de lojas físicas da Esportes da Sorte, sugerindo uma conexão entre as duas atividades.
A polícia também observou que, nas operações da banca do jogo do bicho, havia opções de apostas esportivas. O site da Esportes da Sorte é operado pela HSF GAMING N.V, registrado em Curaçao, um paraíso fiscal.
Os investigadores aprofundaram a análise das operações da empresa, destacando também a atuação de Darwin Henrique da Silva em Fortaleza, onde teria introduzido uma nova modalidade informatizada do jogo do bicho. A apuração envolveu também relatórios do Coaf, analisando CPFs e CNPJs relacionados aos investigados e seus familiares. O delegado descreve operações que indicam práticas de lavagem de dinheiro para ocultar a origem dos recursos movimentados pelas empresas.
A polícia sugere que os fundos provenientes do jogo do bicho e de apostas esportivas estariam sendo lavados por meio de patrocínios e investimentos da empresa, incluindo imóveis e carros de luxo.
A Esportes da Sorte patrocina diversos clubes de futebol, incluindo Corinthians, Grêmio, Athletico-PR e Bahia na Série A, além de equipes de outras divisões. Os clubes não são acusados de crimes, mas afirmaram estar acompanhando as investigações.
Durante a operação, foram apreendidos bens de luxo, incluindo aeronaves, automóveis e bolsas. A Justiça também determinou o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões.
O delegado-geral de Pernambuco, Renato Rocha, afirmou que a organização criminosa utilizava empresas como a Esportes da Sorte para lavar dinheiro proveniente de jogos não autorizados pela legislação brasileira.