Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões participaram de apostas em agosto, com um gasto mediano de R$ 100 por pessoa. Cerca de 70% dos apostadores são chefes de família
Publicado 24 de setembro de 2024 às 20:00
Uma análise técnica do Banco Central revelou que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas esportivas online via Pix durante o mês de agosto. Esse valor representa 20% do total repassado pelo programa no mesmo período.
Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões participaram de apostas em agosto, com um gasto mediano de R$ 100 por pessoa. Cerca de 70% dos apostadores são chefes de família, responsáveis por receber diretamente o dinheiro transferido pelo governo, e enviaram R$ 2 bilhões às empresas de apostas por meio do Pix.
Os dados consideram apenas as transações realizadas via Pix, excluindo outros métodos de pagamento, como cartões de débito ou crédito, o que sugere que o valor real pode ser ainda maior. A análise também não contabiliza eventuais prêmios sacados pelos apostadores, mas especialistas alertam que as apostas frequentemente resultam em perdas, o que pode comprometer o orçamento de famílias de baixa renda.
Segundo a nota técnica do Banco Central, 17% dos beneficiários cadastrados no Programa Bolsa Família em dezembro de 2023 fizeram apostas no mês de agosto de 2024. A proporção é semelhante entre os chefes de família que recebem o benefício.
Em agosto, o Bolsa Família distribuiu R$ 14,1 bilhões para mais de 20 milhões de beneficiários, com um valor médio de R$ 681,09 por família.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou a crescente preocupação com o impacto das apostas na inadimplência, afirmando que o Banco Central está colaborando com o governo e o Congresso ao fornecer dados sobre o fenômeno.
A análise foi solicitada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que recentemente acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para solicitar a suspensão dos sites de apostas esportivas até que sejam devidamente regulamentados pelo governo.
“Esses resultados refletem outros estudos que indicam que as famílias de baixa renda são as mais afetadas pelas apostas esportivas, uma vez que o apelo de enriquecimento rápido é mais atraente para pessoas em situação de vulnerabilidade financeira”, afirmou o Banco Central.