Lula em discurso na ONU - Foto: Ricardo Stuckert
Aproximação ocorre em meio a sanções dos EUA contra o Brasil e animou o mercado financeiro, com alta da Bolsa e valorização do real; “Tivemos uma química excelente”, disse Trump
Publicado 23 de setembro de 2025 às 15:14
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram um breve e inesperado encontro nesta terça-feira (23), nos bastidores da Assembleia-Geral das Nações Unidas, e combinaram a realização de uma reunião bilateral para a próxima semana. A aproximação, que não constava na agenda oficial de nenhum dos dois, animou imediatamente os mercados brasileiros, provocando uma valorização de cerca de 1% do real frente ao dólar e uma alta superior a 1% no Ibovespa, que atingiu uma máxima histórica.
O encontro ocorreu em uma sala reservada da ONU, logo após o discurso do presidente brasileiro, que foi acompanhado integralmente por Trump. Segundo integrantes do governo, o republicano, que já estava no local, tomou a iniciativa de abordar Lula assim que ele deixou o púlpito. Trump teria dito que eles “precisavam conversar”, ao que Lula respondeu estar sempre aberto ao diálogo. O americano então sugeriu o encontro na próxima semana, o que foi confirmado pelo brasileiro, com a tradução simultânea do chefe do cerimonial, Fernando Igreja.
A conversa, embora rápida, é o primeiro contato direto entre os dois líderes desde que Trump impôs um pacote de sanções ao Brasil, e acontece em um momento de distanciamento inédito entre os dois países. As medidas punitivas foram uma resposta do republicano ao que ele classificou como uma “caça às bruxas” no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado. Entre as sanções estão a imposição de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, a cassação de vistos de autoridades e a aplicação de punições financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e sua esposa, com base na Lei Magnitsky.
Ao final de seu próprio discurso na ONU, que sucedeu o de Lula, Trump confirmou publicamente o encontro. Ele afirmou que houve “excelente química” e que os dois se encontrarão na próxima semana. “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, declarou o americano. A Presidência do Brasil também confirmou o agendamento da reunião, mas não divulgou mais detalhes.
O discurso de Lula na abertura da Assembleia-Geral foi marcado por diversas críticas a ações dos Estados Unidos, desde a aplicação de sanções unilaterais até operações militares no Caribe. A reaproximação entre os líderes era aguardada em outros momentos, como no funeral do Papa Francisco e na cúpula do G7 no Canadá, mas não havia se concretizado.
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