Contatos entre Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central ocorreram enquanto o BC analisava a compra do Banco Master pelo BRB. | Foto: Rosinei Coutinho/STF

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Bastidores Moraes ligou seis vezes em um dia para presidente do BC durante análise do Banco Master, revela jornal

Ministro do STF nega interferência e diz que contatos trataram apenas de sanções impostas pelos Estados Unidos

por: NOVO Notícias

Publicado 24 de dezembro de 2025 às 13:08

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez seis ligações telefônicas em um único dia para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enquanto estava em andamento a análise da compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo a apuração do Estadão, além dessas seis ligações, Moraes teria tratado do assunto em ao menos outras quatro ocasiões com Galípolo. Uma dessas conversas ocorreu de forma presencial. As informações foram obtidas a partir de relatos de fontes do meio jurídico e do mercado financeiro.

A movimentação ganhou repercussão após o jornal O Globo divulgar, no início da semana, que o ministro teria procurado o presidente do Banco Central para tentar interceder no processo de compra do Banco Master.

Diante da repercussão, Alexandre de Moraes se manifestou publicamente na terça-feira (23). Pela manhã, divulgou uma nota afirmando que a reunião com o presidente do BC teve como objetivo discutir os impactos da aplicação da Lei Magnitsky contra ele, imposta pelo governo dos Estados Unidos. No comunicado, o ministro não mencionou o Banco Master.

Pouco depois, o próprio Banco Central confirmou, também por meio de nota, que manteve encontros com o ministro do STF para tratar exclusivamente dos efeitos da sanção internacional.

No entanto, à noite, Moraes divulgou um novo comunicado negando qualquer contato telefônico com Galípolo. Segundo ele, “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”.

Reuniões de Moraes e Galípolo

De acordo com o ministro, a primeira reunião ocorreu em 14 de agosto, após a sanção imposta a ele em 30 de julho. A segunda reunião teria acontecido em 30 de setembro, depois que a Lei Magnitsky também foi aplicada contra sua esposa, em 22 de setembro.

Moraes afirmou ainda que, em nenhum dos encontros, houve qualquer discussão ou pressão relacionada à aquisição do BRB pelo Banco Master. Também declarou que o escritório de advocacia de sua esposa não atuou no processo de compra junto ao Banco Central.

Em setembro, o Banco Central vetou oficialmente a operação de compra do Banco Master pelo BRB. A decisão foi baseada na ausência de documentos que comprovassem a viabilidade econômico-financeira da transação.

Dois meses após o veto, o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal. Ele é investigado por suspeitas de fraudes contra o sistema financeiro nacional.

Ainda segundo revelação do jornal O Globo, o escritório de advocacia da esposa de Alexandre de Moraes mantinha um contrato com o Banco Master no valor de R$ 129 milhões. O acordo previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões entre os anos de 2024 e 2027.

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