Produção terrestre – Foto: Agência Petrobras

O aumento da produção e a ampliação da vida útil dos campos maduros estão entre os principais desafios enfrentados pela indústria de óleo e gás, obtidos em terra em todo o mundo, e as alternativas para driblar essas questões no Rio Grande do Norte foram alvo de discussões no segundo dia do Mossoró Oil & Gas Expo, na última quarta-feira (6). Empresários, técnicos, estudantes e especialistas no assunto conheceram técnicas do Canadá, referência mundial na produção de petróleo onshore e em fator de recuperação dos campos maduros.

Conforme definição da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), campos maduros estão em atividade há 25 anos ou mais com produção igual ou superior a 70% das reservas provadas. O chamado fator de recuperação é medido pelo percentual de volume óleo da reserva de cada campo que foi produzido. No mundo, o fator de recuperação médio é de 35%. No Brasil, entretanto, o fator médio é de aproximadamente 13%.

“Se conseguirmos aumentar pelo menos dois pontos nesse percentual, teremos um aumento muito significativo em termos de produção nos campos maduros aqui do estado”, avalia o presidente da Redepetro RN, Gutemberg Dias. O desafio da retomada do setor no Estado, portanto, é melhorar esse rendimento, a partir da chegada de novas empresas no vácuo da Petrobras, que vendeu seus ativos no Rio Grande do Norte à iniciativa privada. Para isso, o mercado estreita os laços com a indústria de petróleo canadense.

Os números de lá chamam atenção. O Canadá detém a terceira maior reserva em terra do mundo, atrás da Arábia Saudita e Venezuela, é o quarto maior produtor mundial; 80% da produção é em terra (onshore), com cerca de mil operadores e mais de 550 mil poços perfurados.

Para o diretor técnico do Sebrae no Rio Grande do Norte, João Hélio Cavalcanti Júnior, a ideia de estimular o intercâmbio de informações tende a gerar resultados positivos na cadeia produtiva do petróleo e gás potiguar. “Essa troca de conhecimento é muito rica. O Canadá tem expertise quando o assunto é fator de recuperação, e devemos nos inspirar nas experiências exitosas para alcançar os melhores resultados possíveis para alavancar ainda mais o onshore no Rio Grande do Norte”, recomenda.

Alternativas

No Mossoró Oil & Gas, Steven Golko, vice-presidente da Reservoir Services at Sproule, foi uma das atrações do painel “Tecnologias aplicadas a recuperação em campos maduros”. Golko apresentou quatro técnicas usadas com êxito, no Canadá, para o aumento da produção de campos maduros: injeção de água, injeção de polímeros, tecnologia térmica e injeção de vapor.

Segundo o canadense, algumas dessas técnicas, como a injeção de polímeros, elevou para até 47% o fator de recuperação de poços na região de Alberta, no Canadá. “Recomendo avaliar a opção mais viável de acordo com cada realidade para incremento econômico”, sugere. Outro participante do painel, Petro Nakutnny, diretor de operações Saskatchewan Research, acrescentou no rol de técnicas injeção de químicos (polímeros + sufactantes). Segundo Petro, é uma alternativa a ser considerada no Brasil.

Na mesma diretriz, a gerente da Petrorecôncavo, Jéssica Canuto, apresentou cases de sucesso da empresa na Bahia. É o caso do campo de Cassarogongo, onde o fator de recuperação beira 30%, por meio de injeção de água, segundo ela. Também participaram do painel Nadine Lopes (mediadora), do consulado do Canadá no Brasil, e Carlos Padilha, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex Brasil).