Patrícia Abravanel – Foto: Reprodução/SBT

Após a transmissão do programa “Vem Pra Cá”, na tarde da última sexta-feira (30), todos os membros da equipe, incluindo os da área técnica, produtores e editores, foram convidados pela apresentadora do programa, Patricia Abravanel, a descer para a tenda onde é gravado o programa para participar de uma oração.

O evento foi com pastores da Zion Church, igreja evangélica famosa entre a alta sociedade de São Paulo que a filha de Sílvio Santos frequenta.

De acordo com um funcionário do SBT que participou, ouvido pelo UOL, “ninguém foi obrigado a descer para o estúdio”. A intenção da apresentadora teria sido de, neste momento difícil, oferecer “um carinho” para a equipe, “uma simples oração”.

Durante a pregação, de acordo com informações do TV Pop, “os pastores pediram para que pessoas que tivessem enfermidades se apresentassem para que pudessem ser purificados. Ao todo, três funcionários com problemas de saúde se apresentaram e foram alvos da invocação divina feita em pleno cenário do programa. Pouco depois do fim da reunião, os profissionais foram chamados pela diretoria e acabaram dispensados, já que a filha do dono da emissora teria ficado incomodada com as más energias trazidas por eles”.

O SBT negou para a coluna de Mauricio Stycer que os três tenham sido demitidos em função do ocorrido, como relatou o site. Segundo o canal, já estava programada a demissão de um desses funcionários no final do mês devido a uma necessidade de restruturação da equipe.

O sindicato dos jornalistas profissionais no estado de São Paulo criticou a situação: “Relações de trabalho não envolvem religião. As pessoas têm direito à liberdade religiosa e não podem ser constrangidas por crenças vinculadas ao empregador”.

O sindicato dos radialistas no estado de São Paulo também se manifestou: “Vivemos em um país laico. A empresa deveria cuidar mais das pessoas que estão se infectando pelo novo Coronavírus, inclusive com mortes de trabalhadores em São Paulo e no Rio de Janeiro”, disse o diretor coordenador Sérgio Ipoldo. “Vamos levantar junto aos trabalhadores e ver se cabe alguma denúncia ao Ministério Público ou órgãos sanitários”.