Denise Pahim trabalhava com gestão de empresas, mas precisou mudar de carreira depois que enfrentou uma demissão e o etarismo durante o período de pandemia - Foto: Divulgação

Cotidiano

Inclusão Setor imobiliário impulsiona nova fase profissional para quem tem mais de 60 anos

Corretores 60+ de Natal se destacam no atendimento ao público com propósito de fazer a diferença na vida das pessoas

por: NOVO Notícias

Publicado 23 de outubro de 2025 às 19:00

Com o envelhecimento da população brasileira, o mercado de trabalho tem se reinventado — e o setor imobiliário vem se destacando nesse movimento. Segundo o Censo Demográfico de 2022, o país já conta com 32,1 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o equivalente a 15,8% da população — crescimento de 56% em relação ao último levantamento. Um estudo do Grupo OLX, com base na PNAD Contínua do IBGE, mostra que esse público já representa 20% dos corretores de imóveis no Brasil, quatro pontos percentuais a mais do que em 2019. O dado reforça que envelhecer, hoje, não significa desacelerar, mas seguir ativo, produtivo e socialmente engajado.

“Esses profissionais aproveitam sua rede de contatos, conhecimento local e experiência para continuar atuando de forma estratégica e eficiente no mercado. A profissão de corretor permite que mantenham uma vida ativa, com retorno financeiro consistente e a oportunidade de trabalhar com um propósito: contribuir com famílias que buscam realizar o sonho da casa própria”, afirma Renata Melo, gestora comercial da MRV no RN, maior construtora da América Latina e referência em habitação no Brasil.

O maior número desses profissionais é reflexo da expansão do setor. Segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis, o país encerrou 2024 com aproximadamente 580 mil agentes registrados, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. O avanço é impulsionado por fatores econômicos, sociais e tecnológicos — incluindo programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, a facilidade de acesso à profissão, a rentabilidade das comissões e o uso crescente de plataformas digitais e redes sociais, que ampliam as oportunidades de atuação.

“Além da experiência e do conhecimento, a profissão oferece flexibilidade e oportunidade de carreira sólida”, afirma Renata Melo. O estudo da OLX mostrou que 92% dos corretores atuam somente como agente imobiliário, enquanto 8% se dividem em dois trabalhos. A pesquisa revelou ainda que mais da metade trabalha entre 40 e 44 horas semanais, com uma renda média de R$ 4 mil mensais.
É o caso de Fabio Lira, 64 anos, corretor de imóveis da MRV em Natal. Depois de se aposentar ele decidiu ingressar no mercado imobiliário e encontrou na nova carreira uma forma de seguir aprendendo todos os dias.

“Me sinto realizado exercendo esta função atual de corretor. A empresa investe em treinamentos e atualizações, e isso faz toda diferença. Usamos as redes sociais e a tecnologia e estou evoluindo e me desenvolvendo nesta profissão. Já fui homenageado com medalhas e isto faz com que eu queira sempre evoluir e ter reconhecimento. Mas, ver o brilho nos olhos das famílias quando recebem as chaves da casa própria é o melhor de tudo”, conta.

Outro exemplo é Denise Krummenauer Pahim, que começou a trabalhar como corretora na MRV no RN, em fevereiro de 2025. Antes de atuar no mercado imobiliário, ela trabalhava com gestão de empresas e de pessoas, mas, na pandemia, teve o contrato rescindido e, ao tentar retornar ao mercado de trabalho, enfrentou o etarismo. Foi então que decidiu buscar uma nova oportunidade como profissional.

“Já havia iniciado a formação como Técnica em Transações Imobiliárias quando conheci a MRV. Fui convidada pelo gerente para participar da Escola de Vendas e integrar o time de corretores da House. Desde então, venho recebendo acolhimento, treinamentos constantes e todo o suporte necessário para exercer minha atividade com qualidade e foco no cliente”, comenta Denise.

Segundo ela, a profissão proporcionou a recuperação da sua autoestima e a possibilidade de alcançar ganhos que elevam sua qualidade de vida. “Para o futuro, desejo estar entre os corretores mais produtivos da MRV. Acredito que represento o público 60+ e faço questão de destacar que é possível se reinventar, ser produtivo e contribuir ativamente para uma sociedade melhor, em qualquer fase da vida. E, mais do que isso, reencontrar um propósito e a chance de fazer a diferença na vida das pessoas”, destaca.

Os agentes 60+ não só vêm crescendo, como já ocupam o segundo grupo etário mais representativo na categoria, atrás apenas da faixa de 35 a 44 anos, com 26% do total.
“Para quem está começando na profissão, independentemente da idade, meu conselho é simples: tenha dedicação e constância. E, principalmente, não desista diante da primeira dificuldade”, aconselha a corretora.

Para Renata Melo, corretores mais maduros têm papel estratégico na aproximação com diferentes perfis de clientes e na orientação de famílias que buscam realizar o sonho da casa própria. “A companhia valoriza e incentiva a diversidade etária na profissão. A presença crescente de corretores mais velhos mostra que a corretagem é uma carreira que permite longevidade, valorização da experiência e constante atualização — incentivando que mais pessoas considerem a atividade como uma opção viável e promissora para toda a vida profissional”, conclui a gestora.

Tags