Sem fiscalização rigorosa, turistas e moradores continuam ignorando riscos nas falésias de Pipa

Em novembro de 2020 um trágico acidente vitimou três pessoas de uma mesma família em um dos principais cartões-postais do Rio Grande do Norte: a praia de Pipa. Localizado no município de Tibau do Sul, o destino é um dos mais procurados do Brasil, principalmente no período de alta estação, e isso faz acender mais uma vez o alerta que sinaliza para os riscos de se manter perto das famosas falésias, que estão localizadas na parte costeira da localidade.

O desastre ocorrido na primeira semana do ano na cidade mineira de Capitólio, onde uma placa rochosa se desprendeu dos cânions típicos da região e acabou matando dez pessoas que estavam em barcos no Lago Furnas, deixou todo mundo em alerta novamente. Em Pipa, o medo de novas vítimas ainda existe, e estudos estão sendo feitos desde o desabamento de 2020, no intuito de mensurar os riscos e evitar outras fatalidades.

A Prefeitura de Tibau do Sul garante que ações estão sendo feitas para evitar que novos acidentes geológicos atinjam mais pessoas, inclusive com fiscalização. Contudo, essa parte da ação não têm surtido o efeito desejado, já que diariamente turistas e moradores seguem transitando nas proximidades das áreas de risco, inclusive sobre o chapadão, onde existe até trânsito de veículos.

“A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Mobilidade Urbana (Semurbmo) realiza fiscalizações das falésias durante o período de maior risco de erosão, que vai de outubro a janeiro, quando há maior atividade de impacto das ondas. Além disso, a Defesa Civil do município foi acionada e prontamente fez contato com a Defesa Civil do Estado, onde foi feito o isolamento da área e sinalização do local”, diz a administração municipal através de nota divulgada na imprensa.

Apesar dos riscos, as recomendações para que as pessoas não se aproximem das falésias estão sendo constantemente desrespeitadas, e as chances de um novo acidente seguem batendo na porta de Tibau do Sul.

Sem fiscalização rigorosa, turistas e moradores continuam ignorando riscos nas falésias de Pipa

Moradora da localidade, Marília Di Cesare conta que passa constantemente nas proximidades das falésias, e que em determinados momentos até encontra agentes fazendo fiscalização nos lugares críticos, mas a depender do horário, ninguém acompanha a movimentação, e as pessoas aproveitam para ficar na sombra que o paredão projeta.

“Eu vou cedo pra praia e não tem nada lá. Às vezes tem uma indicação, mas é difícil sinalizar porque lá a areia mexe muito, tem a maré, muita pedra e acho que isso dificulta mesmo. Não sei como a prefeitura pode resolver isso”, diz Marília, que completa: “Esse fim de semana eu fui e tinha os dois fiscais lá, mas era no horário de pico, que normalmente tem uma movimentação por lá, por volta das 10h, mas cedo não tem nada não”.

Marília Di Cesare também critica a falta de consciência dos moradores da localidade, que deveriam dar o exemplo para quem chega de fora, e por vezes são eles os infratores.

“Ontem passei cedinho, às 8h, e tinha um rapaz sentado lá na sombra da falésia. E é um rapaz que mora aqui. Aí é difícil de conscientizar os próprios moradores. As pessoas esquecem tão rápido, já sentam mais perto da encosta. É complicado, eu vejo que a prefeitura não age muito, mas eu não sei nem como seria uma sugestão do que fazer ali”, diz a moradora.