Nenhum dos oito deputados federais do Rio Grande do Norte está entre os 100 mais influentes da Câmara dos Deputados. É o que aponta o Índice de Influência Parlamentar (IIP), um ranking inédito produzido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem) e pelo Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB). A ferramenta mede o potencial de influência político-institucional de cada parlamentar com base na ocupação de cargos estratégicos e na atuação legislativa.
Apesar da ausência de potiguares, o Nordeste ocupa espaço relevante na lista. A região concentra quatro dos cinco primeiros colocados. O atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), lidera o estudo. Ele é seguido pelo seu antecessor no cargo, Arthur Lira (PP-AL); por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB); e por José Guimarães (PT-CE), que é o líder do governo na Casa.
A Bahia é o estado nordestino com mais representantes entre os mais influentes, com nove deputados. Em seguida, estão Pernambuco (4), Ceará (4) e Paraíba (3). O Rio Grande do Norte é o único estado da região a não ter nomes no ranking.
Segundo a pesquisadora do OLB e do INCT ReDem, Maiane Bittencourt, doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o ranking oferece uma análise sobre a influência dos 513 deputados da Câmara dos Deputados no biênio 2025-2026, indo além da mera produção legislativa. A metodologia considera cargos estratégicos e relatorias de projetos para identificar quem realmente tem o poder de moldar os rumos da Casa.
O ranking avalia a influência, ressalta Bittencourt. Ela explica que os pesquisadores utilizaram três critérios para compor o índice: concentração de poder, liderança unitária e a duração em cargos dentro da Câmara.
O primeiro ponto analisa a ocupação em posições estratégicas, como presidência da Mesa Diretora ou comissões. Também são consideradas as lideranças de partido, governo, oposição, maioria e de minoria Além disso, a relatoria de projetos de lei é um fator de peso na pontuação.
O segundo pilar é a liderança unitária, valorizando posições ocupadas por apenas uma pessoa. Posições como as vice-lideranças, que podem ser compartilhadas por vários parlamentares, são desconsideradas, pois o poder nelas é diluído. Por fim, o terceiro critério é a duração do cargo ocupado. Por isso, são valorizados cargos estáveis, como a presidência de comissões permanentes (com mandato de um ano) e os postos na Mesa Diretora (com eleição a cada dois anos).
Após atribuir notas às posições na Casa, são feitos cálculos utilizando pesos previamente definidos, produzindo uma média ponderada numa escala de 0 a 10.
Dessa forma, aponta Maiane Bittencourt, a ausência de representantes do Rio Grande do Norte na lista se deve ao fato de os parlamentares potiguares não ocuparem, no período avaliado, posições com alguma concentração de poder. “Não levamos, num primeiro momento, a unidade federativa como critério ou como impacto para fazer a nota final da influência. (…) O objetivo foi o de analisar aquela influência mais “dura”, que é a influência do cotidiano dentro da Câmara dos Deputados”, detalha a pesquisadora.

Entre os parlamentares do RN, apenas quatro têm cargos em comissões. Sargento Gonçalves (PL) é o 2º vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. General Girão (PL) é o 1º vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Fernando Mineiro (PT) atua como 1º vice-presidente da Comissão de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde. Benes Leocádio (União) é o 1º vice-presidente da comissão especial sobre precatórios. Já Carla Dickson (União) é a 1ª procuradora adjunta da Procuradoria da Mulher. Os deputados Natália Bonavides (PT), João Maia (PP) e Robinson Faria (PP) não ocuparam cargos de liderança no período analisado.
O estudo não se limita a um ranking geral, adianta Maiane Bittencourt. “Estão sendo desenvolvidos recortes temáticos para facilitar o diálogo entre especialistas e os deputados mais influentes em cada setor”, complementa.
O ranking que mede a influência de cada parlamentar na Câmara dos Deputados revelou que apenas 12% dos 100 deputados mais influentes do biênio 2025-2026 são mulheres. O percentual é ainda menor que a composição da bancada feminina na Casa, que é de 18%.
O estudo aponta que a influência na Câmara está fortemente concentrada em parlamentares homens de partidos do Centrão, como PP, PL, União Brasil e Republicanos. Já entre as mulheres mais influentes, há uma distribuição mais plural, com um equilíbrio entre direita e esquerda. Os partidos PL e PSOL aparecem com três representantes cada, seguidos por Novo, PCdoB, PDT, PSD, PT e União, com uma parlamentar cada.
“A sua importância [do ranking] é justificada para a gente verificar quais são os parlamentares que podem ter mais influência de moldar os rumos dentro da Câmara. A gente quer tentar produzir isso voltado para a sociedade civil, para que as organizações da sociedade civil possam olhar e saber com quem comunicar, com quem falar sobre determinada pauta”, detalha Maiane Bittencourt.
A análise, segundo a pesquisadora, também aponta as desigualdades do Legislativo, expondo disparidades significativas ao cruzar os dados de influência com atributos sociodemográficos. O levantamento destaca ainda a diversidade geracional entre as lideranças femininas influentes, que inclui desde parlamentares com 35 anos ou menos, como Sâmia Bomfim (PSOL-SP), até veteranas como Benedita da Silva (PT-RJ), de 83 anos.
Receba notícias em primeira mão pelo Whatsapp
Assine nosso canal no Telegram
Siga o NOVO no Instagram
Siga o NOVO no Twitter
Acompanhe o NOVO no Facebook
Acompanhe o NOVO Notícias no Google Notícias