Herman Benjamin vê risco de influência do crime organizado em gabinetes do STJ. | Foto: Reprodução
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, afirmou que o esquema de venda de decisões investigado pela Polícia Federal pode ter relação com a atuação de organizações criminosas dentro da Corte. Em entrevista ao Poder360, ele disse que o “nomadismo” — nome usado para descrever a troca constante de servidores entre gabinetes — pode ter facilitado movimentações suspeitas.
Segundo Benjamin, a prática sempre foi vista como normal, mas passou a ser analisada com preocupação após o avanço das investigações. O magistrado explicou que servidores pediam para trocar de gabinete alegando ofertas melhores ou insatisfação interna, mas que, agora, esse comportamento pode indicar tentativas de influenciar processos considerados relevantes.
“No meu gabinete nunca houve isso. Estou aqui há 20 anos, e a maior parte da equipe está comigo há mais de 10”, afirmou o presidente do STJ.
Benjamin classificou o caso como um “choque de realidade” para o Tribunal, que, segundo ele, vivia com a sensação de estar imune a problemas estruturais enfrentados por outras instituições. Ele reconheceu a gravidade do caso, mas disse que seria “irreal” imaginar que uma Corte com mais de 5 mil servidores não tivesse “alguns poucos” dispostos a violar padrões éticos.
O presidente do STJ afirmou que os ministros querem que as apurações avancem “em profundidade” e que os responsáveis sejam punidos de forma exemplar. Um assessor do Tribunal já havia sido demitido em setembro.
A Operação Sisamnes, deflagrada em novembro de 2024, apura a existência de uma organização criminosa que antecipava decisões judiciais mediante pagamento de propina. Relatórios da PF apontam que assessores de gabinetes teriam manipulado minutas e ajustado despachos para favorecer interesses externos.
As investigações indicam que os ministros do STJ não fazem parte do esquema, mas que advogados contratavam intermediários com acesso aos gabinetes e pagavam valores milionários para garantir decisões “combinadas antecipadamente”.
No final de outubro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu mais prazo ao ministro Cristiano Zanin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para concluir as apurações. Zanin confirmou que há investigação sobre a possível participação de autoridade com foro privilegiado, mas não detalhou quem seria.
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