PF aponta que entidade de pescadores foi usada para fraudar aposentadorias e movimentar recursos para empresas ligadas ao Careca do INSS. | Foto: Reprodução

Cotidiano

Investigação PF diz que Careca do INSS controlava entidade que arrecadou R$ 221 milhões

Polícia Federal aponta que confederação de pescadores foi usada para fraudes em descontos de aposentadorias e envio de recursos a empresa do lobista preso desde setembro

por: NOVO Notícias

Publicado 20 de dezembro de 2025 às 14:36

A Polícia Federal afirma que o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, era o dono de fato da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA). A entidade é investigada por participação em um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias do INSS e, segundo dados oficiais, arrecadou R$ 221 milhões.

De acordo com a PF, a CBPA era utilizada para dar aparência legal a movimentações financeiras irregulares. O dinheiro, segundo a investigação, era direcionado a empresas ligadas ao lobista, preso desde setembro deste ano.

Dados do Portal da Transparência mostram o volume de recursos movimentados pela entidade. A confederação também é citada em repasses a outras organizações e pessoas físicas investigadas no caso.

A apuração faz parte do desdobramento da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, que apura fraudes contra aposentados por meio de cobranças associativas não autorizadas.

Controle e repasses sob investigação

As investigações apontam que o Careca do INSS comandava a CBPA ao lado de Gabriel Negreiros e Tiago Schettini. Para a PF, os três atuavam como gestores ocultos da entidade, embora não aparecessem formalmente como dirigentes.

Segundo a Polícia Federal, Gabriel Negreiros era responsável pela parte operacional do esquema. Ele gerenciava empresas usadas para simular contratos e justificar movimentações financeiras consideradas ilícitas.

Um desses contratos envolvia a ACCA Consultoria, empresa ligada ao Careca do INSS, que recebia transferências da CBPA. As notas fiscais, segundo os investigadores, eram emitidas sem a efetiva prestação dos serviços.

A PF também identificou pagamentos da CBPA à Federação das Colônias dos Pescadores do Estado do Maranhão. A entidade era presidida pelo deputado estadual Edson Araújo (PSB), que, segundo a investigação, recebeu R$ 5,4 milhões, além de um repasse de R$ 400 mil à federação.

Blindagem de sócio e ocultação de vínculos

Os investigadores afirmam ainda que Antonio Carlos Antunes tentou blindar Tiago Schettini antes da primeira fase da operação policial. Schettini, segundo a PF, além de atuar na parte operacional, recebia parte dos lucros do esquema.

Uma das empresas usadas para atender aposentados prejudicados pelas fraudes, a ACDS Call Center, teria participação direta de Schettini por meio de um contrato informal. Áudios apreendidos indicam que ele dividiria cotas e lucros com o lobista.

A PF aponta que Schettini não aparecia de forma explícita nas mensagens e nos negócios porque já era investigado em outro esquema de fraude envolvendo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Para os investigadores, a ocultação tinha o objetivo de evitar a atuação dos órgãos de fiscalização e repressão penal.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos citados até a sexta-feira (19). O espaço segue aberto para manifestações.

Tags