Prefeito Paulinho Freire e o presidente do LIDE RN, Jean Valério - Foto: Dayvissom Mello
Durante evento promovido pelo LIDE RN, o prefeito de Natal enfatiza a necessidade de uma nova abordagem na gestão pública, fortemente ancorada em parcerias público-privadas (PPPs) e na busca por maior eficiência do município
Publicado 12 de maio de 2025 às 15:30
Em um discurso durante evento fechado com empresários associados do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais do Rio Grande do Norte, o prefeito de Natal Paulinho Freire destacou os desafios e as estratégias de sua administração para impulsionar o crescimento de Natal. Freire enfatizou a necessidade de uma nova abordagem na gestão pública, fortemente ancorada em parcerias público-privadas (PPPs) e na busca por maior eficiência, inspirada em sua própria experiência no setor privado.
Reconhecendo a diferença de ritmo entre a iniciativa privada e a máquina pública, Paulinho destacou que a agilidade é crucial para o desenvolvimento. “A iniciativa privada é muito mais rápida, as coisas acontecem com muito mais rapidez”, afirmou, contrastando com a burocracia conhecida do serviço público. Ele admitiu as dificuldades fiscais enfrentadas pelo município, chegando a comparar a situação, metaforicamente, à de uma empresa que estaria “decretada falência” se operasse sob as mesmas condições, referindo-se não apenas ao nível municipal, mas também estadual e federal.
Nesse cenário, as PPPs emergem como a “grande saída”. “Nós estamos partindo para uma era totalmente diferente de gestão pública, que é a era das parcerias público-privadas”, declarou Paulinho, indicando que sua gestão está dando “prioridade” a esse modelo.
Paulinho não escondeu os obstáculos. A situação fiscal delicada (mencionando o Capag 3 e a cidade estar “no Serasa”, impedindo operações de crédito), a burocracia de órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estaria dificultando obras na rua João Pessoa ao exigir peneiramento arqueológico da areia, e o Ministério Público, em relação à abordagem de moradores de rua, além de uma cultura política de negatividade que “torce para que dê errado”, foram apontados como entraves.
Diante disso, o prefeito fez um forte apelo à colaboração do setor produtivo. “Precisamos muito do setor produtivo. Eu valorizo demais, porque é o setor que sustenta a nossa cidade”, disse, convidando os empresários a trazerem ideias e participarem ativamente das parcerias. Ele também incentivou a destinação de parte do imposto de renda devido para os fundos municipais do idoso e do adolescente.
Apesar das dificuldades e da complexidade dos problemas herdados, o discurso de Paulinho Freire buscou transmitir uma mensagem de ação e disposição para enfrentar os desafios, com a crença de que a modernização da gestão e a colaboração entre poder público e iniciativa privada são os caminhos para destravar o potencial de Natal.
O prefeito detalhou uma série de projetos e áreas que estão recebendo atenção especial, muitos dos quais dependem da concretização dessas parcerias e de uma gestão mais dinâmica:
Revitalização da Ribeira e Centro Histórico
Um dos focos mais enfáticos foi a recuperação de áreas históricas degradadas. Paulinho mencionou a longa data do debate sobre a revitalização da Ribeira, um projeto que “nunca saiu do papel”, mas que agora a gestão está “fazendo por onde” acontecer. Ele citou a inspiração no Pelourinho, em Salvador, que foi revitalizado através da Lei Rouanet, uma possibilidade que está sendo explorada para Natal. A visita de um especialista de São Paulo ao centro histórico e Ribeira gerou entusiasmo: “Ele ficou louco, ele disse: ‘não existe isso no Brasil, um centro histórico, cultural como esse’”, relatou o prefeito, reforçando o potencial da área, comparável a centros europeus.
Um projeto via PPP, envolvendo empresários locais, está em preparação para transformar a área cultural, social e economicamente.
Praça de Mirassol e Parque na Roberto Freire
A Praça de Mirassol está nos planos para ser transformada em um espaço simbólico do Natal, celebrando o nascimento da cidade e servindo como novo polo de entretenimento. Outra iniciativa mencionada é a criação de um parque linear na Avenida Roberto Freire, em uma área não edificável, com negociações em andamento com o Exército para cessão via concessão.
Impulso ao turismo e eventos
Paulinho lamentou a curta estadia média dos turistas em Natal, atribuindo-a à falta de opções de entretenimento além das praias. A revitalização da Ribeira e a criação de novos espaços como a Praça de Mirassol visam reter os visitantes por mais tempo. A estratégia inclui posicionar Natal no calendário nacional de grandes eventos. O sucesso do Carnaval organizado em curto prazo, que segundo pesquisa da Fecomércio movimentou quase R$ 200 milhões, foi citado como exemplo do potencial. O grande “sonho”, no entanto, é fazer jus ao nome da cidade: “como é que a gente tem uma cidade com o nome de Natal e não tem o maior Natal do Brasil? Isso é inconcebível”, disse, defendendo um evento transformador, não apenas de shows, mas que envolva toda a cidade (comércio, indústria, espírito natalino) e necessite da união de todos os setores.
Infraestrutura e mobilidade urbana
o prefeito reconheceu os “problemas seríssimos” no trânsito e a necessidade de grandes obras estruturais, dificultadas pela geografia de Natal. A implementação de tecnologia, como o uso de caminhões e robôs para limpeza e inspeção de bueiros e drenagens, foi destacada. A situação do transporte coletivo foi classificada como “seríssima” e “inviável” sem subsídios, devido à queda no número de passageiros e concorrência de aplicativos e mototáxis. A meta é deixar o sistema “funcionando a contento” ao final do mandato, um desafio que passa por buscar eficiência e, possivelmente, explorar modelos como a integração com futuros sistemas (embora um metrô demande altíssimo investimento e dependência de captação de recursos externos).
Modernização da Gestão e Tecnologia
a experiência no setor privado impulsiona a busca por resultados. Paulinho mencionou a meta de 20% de economia em cada secretaria e o uso intensivo de tecnologia para melhorar o controle e a eficiência. “Hoje, qualquer gestor público tem à sua disposição a tecnologia”, afirmou, citando o trabalho do secretário Wagner Araújo na implementação de inteligência artificial e outras ferramentas para otimizar a gestão municipal e combater desperdícios. A mudança para aplicativos em vez de carros alugados pela prefeitura foi um exemplo prático de economia citado.
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