Saúde Mortes por câncer de mama no RN crescem 22,8% em 2025

Os óbitos por câncer de mama no Rio Grande do Norte registraram alta de 22,8% em 2025, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre janeiro e agosto deste ano, foram contabilizadas 70 mortes pela doença, contra 57 no mesmo período de 2024.

As mortes estão concentradas nos dois principais polos de saúde do estado: Natal e Mossoró. Juntas, as cidades somam 94% das mortes causadas pela neoplasia no período de 2023 a 2025. Isso se explica porque ambas concentram a maior parte dos leitos de internação oncológica em todo o Rio Grande do Norte.

Somando os óbitos entre 2023 e 2025, Mossoró apresenta o maior número total no período (129), sendo 31 mortes apenas em 2025. Natal, entretanto, registra o maior número de mortes em 2025. Após uma queda no número de óbitos entre 2023 e 2024, a capital potiguar registrou um salto para 37 mortes este ano, um aumento de 85% em relação ao ano anterior.

O cenário reforça a importância da detecção precoce da doença. O mastologista Flávio Rocha, membro do Conselho de Administração da Unimed Natal, destaca que o autoexame é fundamental. “Na grande maioria das vezes, a própria paciente, através do autoexame, é quem descobre um nódulo. O toque na mama é fundamental”, afirma. Ele recomenda que o autoexame seja feito diariamente, no banho ou em frente ao espelho, prestando atenção a qualquer alteração.

Rocha reforça que o melhor exame para o diagnóstico precoce continua sendo a mamografia, indispensável para todas as mulheres a partir dos 40 anos. “Muitas vezes a mulher não sente absolutamente nada e descobre o câncer de mama na fase inicial, e é aí que a gente consegue uma chance de cura acima de 90%”, diz o mastologista, reforçando que o diagnóstico precoce permite tratamentos menos agressivos e aumenta as chances de cura.

Em 2025, a Unimed Natal lançou a campanha “Ano Rosa”, uma iniciativa que propõe um ciclo contínuo de conscientização e prevenção do câncer de mama. Durante um ano inteiro, até outubro de 2026, serão realizadas ações educativas e de incentivo ao diagnóstico precoce, reforçando o compromisso da cooperativa com a saúde da mulher. O grande diferencial do “Ano Rosa” é a isenção da coparticipação para exames de mamografia de beneficiárias com idade entre 40 e 74 anos. A isenção será válida exclusivamente para os exames realizados no Centro de Diagnóstico e Imagem da Unimed Natal, localizado no Hospital Unimed (CSU). O agendamento pode ser feito pelo telefone ou WhatsApp (84) 3220-6200.

Entrevista: mastologista Flávio Rocha

Qual a importância e a frequência recomendada para o autoexame e, principalmente, para a realização da mamografia? A partir de que idade este exame se torna indispensável?
Na grande maioria das vezes, a própria paciente, através do autoexame, é quem descobre um nódulo ou percebe as alterações no seu exame físico. O toque na mama é fundamental. Se a mulher tem um ciclo menstrual regular, a recomendação é que faça o autoexame na semana seguinte à menstruação. As mulheres que não menstruam mais ou não têm um ciclo regular podem escolher uma data do mês para fazer essa avaliação. A minha recomendação é que você, mulher, faça isso todos os dias: na hora do banho, com a mão ensaboada, passe a mão na sua mama, prestando atenção. Na hora de escovar os dentes, de pentear o cabelo, olhe para sua mama e perceba alterações como mudanças na pele, na coloração ou a saída de algum líquido. Ao notar algo, procure o seu mastologista. No toque, o mais comum é a mulher perceber um nódulo. Geralmente parece um caroço de feijão, um caroço de arroz. Não espere ele crescer. Quanto mais cedo você fizer o diagnóstico, maior a chance de cura. E, lembrando, o melhor exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama continua sendo a mamografia. A mamografia é um exame fundamental e indispensável para todas as mulheres acima de 40 anos.

Quais outros sinais e sintomas de alerta do câncer de mama toda mulher deve estar atenta no dia a dia?
A mulher que se conhece, que se toca, que faz o autoexame, pode perceber alguns sinais e sintomas de alerta. O primeiro seria ela palpar um nódulo. Vai perceber que, na hora que passa a mão na mama, sente como se fosse um caroço de milho ou de feijão, às vezes móvel ou endurecido, rígido, e tem que procurar o mastologista. Então, a palpação do nódulo é a principal forma de diagnóstico do câncer de mama feito no autoexame. Outras coisas a que as mulheres devem estar atentas são à mudança de coloração na pele ou no formato da mama. Aquela mama que tem os dois mamilos bem parecidos e agora um deles está retraído (o bico do peito está entrando); ou a pele está ficando grossa, como se fosse uma casca de laranja; ou quando ela mexe o braço para pentear o cabelo ou escovar os dentes, pode perceber uma retração da pele, que está ficando funda. A saída de líquido pelo bico do peito, sem ela apertar, um líquido transparente como água que deixa a roupa molhada, sem ela saber de onde está vindo, são os principais sinais e sintomas a que a mulher tem que estar atenta. Dor não se aplica a câncer de mama. O câncer de mama não costuma ser causa de dor, a não ser em um quadro bem avançado. Então, você, mulher, fique atenta, se examine e faça a rotina de prevenção ou diagnóstico precoce do câncer, aumentando sua chance de cura.

Qual é a mensagem mais importante sobre o poder do diagnóstico precoce nas chances de cura do câncer de mama?
O mais importante não é ter medo do câncer de mama, mas garantir que, se ele ocorrer, o diagnóstico seja o mais precoce possível para, assim, preservar a mama, passar por tratamentos menos agressivos e ter uma chance de cura muito elevada.

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