Hospital Municipal de Natal segue fechado um ano após inauguração oficial

Cotidiano

Saúde Hospital Municipal de Natal segue fechado um ano após inauguração oficial

previsão mais recente indica possível abertura parcial apenas no início de 2026, segundo a secretaria municipal de saúde, com atendimento restrito a encaminhamentos de outras unidades. obra já consumiu cerca de R$ 140 milhões

por: NOVO Notícias

Publicado 8 de dezembro de 2025 às 14:34

Um ano após a inauguração do primeiro bloco, o Hospital Municipal de Natal (São Padre Pio), no bairro de Cidade Satélite, na Zona Sul da capital, continua fechado ao público. A unidade, entregue em 30 de dezembro de 2024 pelo ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), chegou cercada de promessas de atendimento moderno e humanizado, mas até hoje não recebeu um único paciente.

Enquanto isso, o Governo do RN retomou, em novembro, o processo de licitação do Hospital Metropolitano — previsto como uma das principais obras da rede estadual para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel, referência em atendimentos de urgência e emergência no Estado —, com investimento estimado em R$ 200 milhões. Os dois projetos, anunciados e tidos como estratégicos para desafogar o sistema público de saúde, seguem sem data para funcionar.

O Hospital Municipal foi projetado para ser referência em atendimento clínico de média complexidade, composto por dois blocos principais. Na primeira etapa, a Prefeitura entregou o bloco logístico com 100 leitos, com equipamentos de imagem, laboratório, farmácia, refeitório e áreas administrativas. Até este ponto, a obra já havia consumido cerca de R$ 140 milhões.

Apesar do porte e do investimento, o hospital permanece fechado. A nova gestão municipal afirma que a estrutura entregue exige ajustes elétricos, hidráulicos, de climatização e de acessibilidade. Além disso, faltam equipamentos essenciais e insumos para que os leitos possam funcionar.

Nos últimos meses, representantes da gestão atual afirmaram que a unidade não está pronta para operar e que o município não tem recursos para abrir o hospital agora. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS Natal) contabiliza que, além da infraestrutura, seria preciso avançar na compra de equipamentos e na contratação de equipes completas para plantões médicos, enfermagem, apoio, limpeza, laboratório, imagem e assistência farmacêutica.

A principal pergunta — quando o Hospital Municipal vai receber o primeiro paciente — ainda não tem resposta definitiva. A previsão mais recente dada pela gestão municipal indica possibilidade de abertura parcial apenas no início de 2026, e ainda assim em modelo restrito, com a unidade funcionando de “portas fechadas”. Nesse formato, o atendimento não seria direto ao público, mas via encaminhamentos de outras unidades da rede, especialmente UPAs e serviços de urgência.

A pasta da Saúde também admite que o hospital não será aberto totalmente antes da conclusão do segundo bloco, o que ainda exige continuidade das obras. O município reconhece que a ampliação da estrutura será necessária para garantir fluxo adequado de pacientes e viabilidade operacional. O planejamento prevê que o segundo bloco, responsável por serviços clínicos e cirúrgicos mais complexos, só deve ficar pronto nos próximos anos, a depender da liberação de novos recursos.

Enquanto isso, o prédio permanece fechado, com riscos de deterioração pelo não uso e sob críticas de parte da sociedade civil, de profissionais de saúde e da oposição, que questionam a inauguração simbólica no final de 2024 e a demora para colocar o hospital em operação.

Hospital Metropolitano: licitação retomada e expectativa de avanço

Se por um lado o Hospital Municipal de Natal segue sem previsão concreta de funcionamento, por outro, o Governo do Estado tenta desatar um nó que trava há meses o início da construção do Hospital Metropolitano. A obra, considerada prioritária para ampliar a capacidade de atendimento de trauma, ortopedia e neurocirurgia na Região Metropolitana e desafogar o Walfredo Gurgel, teve o processo de licitação suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em junho passado, após suspeitas de irregularidades.

Em novembro, o governo retomou oficialmente o processo licitatório. O contrato anterior, firmado com o consórcio inicialmente vencedor, foi anulado, e a Secretaria Estadual de Infraestrutura (SIN) reabriu a fase de análise das propostas, agora com acompanhamento direto da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e da Controladoria-Geral do Estado (CGE), para garantir transparência e segurança jurídica ao certame.

O hospital será construído no bairro de Emaús e deve contar com cerca de 350 leitos, incluindo 40 de UTI, além de 14 salas cirúrgicas e estrutura completa de diagnóstico e hemodinâmica. Com investimento estimado em R$ 200 milhões, será um dos maiores equipamentos de saúde pública do RN. A previsão inicial era que a obra fosse concluída até 2027, mas o cronograma já deve sofrer impacto por causa da reabertura do processo.

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