Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz - Fotos: Moraes Neto
A sobretaxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros deve afetar até 21 mil empregos no Rio Grande do Norte. A estimativa é do Observatório da Indústria Mais RN, da Federação das Indústrias do Estado (FIERN). O presidente da FIERN, Roberto Serquiz, informou que se reunirá com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras federações nesta segunda-feira (14) para discutir estratégias contra a medida.
Serquiz também se reunirá nesta semana com secretários estaduais para avaliar formas de minimizar as consequências da taxação na indústria potiguar. “O presidente [da CNI], Ricardo Alban, ontem, fez uma convocação para todos os presidentes das federações. Há toda essa busca para que o diálogo possa prevalecer de forma técnica, para que possamos sair desse risco e das incertezas”, detalhou Serquiz.
O presidente da FIERN relatou que a primeira ação da entidade foi contatar os setores que exportam para os EUA para entender o tamanho do impacto. “Estamos conversando com os presidentes de sindicatos de setores envolvidos na exportação para que possamos passar para a CNI esses dados. Esse posicionamento tem base nesse volume de informações”, completou.
Setores Estratégicos Ameaçados
Os dados do Observatório da Indústria Mais RN mostram que, no primeiro semestre de 2025, o RN registrou US$ 67,1 milhões em exportações para os Estados Unidos, uma alta de 120% em comparação com o mesmo período de 2024. Setores como pesca, sal, petróleo, mineração, fruticultura e a indústria de doces e caramelos devem ser os mais impactados.
A indústria salineira, por exemplo, exporta cerca de 40 mil toneladas por mês para os EUA e emprega aproximadamente 4,5 mil pessoas no RN. A fruticultura é responsável por cerca de 9 mil empregos. Já a pesca oceânica de atum gera em torno de 5 mil empregos diretos e indiretos, segundo o SINDIPESCA-RN. Setores como a indústria da pesca, que tem 100% da produção voltada para exportação, estão mais expostos.
“Uma vez que esse problema perdure, teremos um risco de inflação, de desemprego, aumento de juros, o que interfere no investimento. Isso mexe na economia”, analisa Serquiz. Ele defende que a saída para o impasse deve ser construída por meio do diálogo e da diplomacia, pois a decisão americana não teria base econômica.
Entenda o Cenário
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o aumento de tarifas para 50% sobre produtos importados do Brasil. O país, até então, tinha a sobretaxa mais baixa, de 10%. Segundo uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as novas tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Em nota, Lula criticou a medida e disse que ela será respondida por meio da Lei de Reciprocidade Econômica
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