Mobilidade Estudo prevê novos corredores de transporte para a Grande Natal

Um estudo estratégico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com o Ministério das Cidades, colocou a Região Metropolitana de Natal no mapa das transformações previstas para a mobilidade urbana brasileira até 2054. O levantamento, que integra o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), projeta investimentos que podem alcançar R$ 500 bilhões em todo o país, com foco na ampliação da malha de metrô, BRTs e VLTs.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), por meio do secretário adjunto de Trânsito, Newton Filho, confirmou que já recebeu a versão preliminar do estudo e encaminhou observações ao BNDES. Segundo ele, embora o documento traga propostas relevantes, como novos corredores de transporte em Natal, a análise ainda carece de uma visão metropolitana mais ampla.

“Não adianta apenas Natal se reorganizar. O transporte público é um direito constitucional, e a integração com cidades como Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Macaíba é essencial. Se o Estado não participa fortemente desse processo, o estudo acaba apresentando lacunas”, destacou Newton Filho.

A principal preocupação da pasta diz respeito à ênfase em linhas de BRT, que exigiriam grandes áreas de via e desapropriações custosas. A STTU avalia que outras soluções, como VLTs ou metrô em pontos estratégicos, também deveriam ser consideradas. “Estamos sugerindo ajustes, pois se trata de um estudo preliminar que será fundamental para captar recursos federais nos próximos anos”, acrescentou.

Questionado, o Departamento de Estradas de Rodagem do RN (DER) informou que não possui conhecimento formal sobre o estudo do BNDES. Em nota, o órgão declarou estar à disposição para avaliar projetos que promovam a integração metropolitana e destacou que atualmente opera 67 linhas intermunicipais, responsáveis por atender a mais de 22 milhões de usuários por ano.

Paralelamente à discussão nacional, Natal se prepara para um marco histórico: a primeira licitação do transporte público por ônibus da cidade. O edital, em fase final de ajustes, deve ser lançado ainda no segundo semestre de 2025, segundo a STTU.

Entre as novidades, o contrato terá prazo de 15 anos, reduzido após recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que fez uma análise prévia do documento. O certame também prevê a modernização da frota, a exigência de veículos com ar-condicionado de forma progressiva, idade máxima de 12 anos e integração tecnológica para que usuários tenham previsibilidade de horários por meio de aplicativos unificados.

A maior expectativa, no entanto, recai sobre a redução do tempo de espera nas paradas. De acordo com o edital, linhas de maior demanda terão intervalos médios entre 10 e 12 minutos, enquanto nas linhas menos utilizadas o limite será de 30 minutos.

“O que o usuário mais espera é não perder horas no ponto. Essa licitação vai permitir que possamos controlar a qualidade do serviço e garantir previsibilidade ao passageiro”, afirmou Newton Filho.

A STTU também incluiu no edital a previsão de integração com o transporte metropolitano, especialmente em futuros terminais como o planejado na entrada norte da cidade, próximo ao acesso ao aeroporto. Contudo, a efetivação desse modelo depende de articulação direta do Governo do Estado.

Assim, enquanto o estudo do BNDES projeta soluções para as próximas três décadas, Natal caminha para resolver uma pendência que se arrasta desde 2012: regularizar seu sistema de ônibus por meio de licitação. Para especialistas e gestores, a combinação dos dois processos pode redefinir a mobilidade urbana da capital potiguar e de toda a região metropolitana.

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