Dólar - Foto: Reprodução
Entrada recorde em setembro reverteu a forte saída de recursos registrada em julho, após o anúncio do ‘tarifaço’ americano. Queda dos juros nos EUA e enfraquecimento do dólar incentivaram o retorno dos investidores a países emergentes.
Publicado 4 de outubro de 2025 às 12:39
O investimento estrangeiro na bolsa de valores brasileira, a B3, teve uma forte recuperação em setembro, com uma entrada líquida de R$ 5,27 bilhões. O resultado colocou o mês como o quarto melhor do ano em termos de aportes de capital externo e foi suficiente para neutralizar as saídas registradas nos meses anteriores, fazendo com que o terceiro trimestre encerrasse com um saldo positivo de R$ 63,45 milhões.
O trimestre foi marcado por grande volatilidade, principalmente devido aos efeitos do “tarifaço” americano. Em julho, o anúncio de uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou uma saída de R$ 6,37 bilhões da B3, a maior registrada no ano.
No entanto, a flexibilização da medida, com a inclusão de uma longa lista de exceções que contemplou produtos como os aviões da Embraer, trouxe alívio ao mercado. Em agosto, o fluxo já havia voltado a ser positivo, com uma entrada de R$ 1,17 bilhão.
O ponto de virada definitivo do trimestre foi o mês de setembro. A redução dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, e a sinalização de mais dois cortes ainda este ano deram apoio à corrida global por ativos de risco. A tendência de enfraquecimento do dólar nos últimos meses também contribuiu para um reposicionamento dos investidores, incentivando o fluxo de capital para países emergentes como o Brasil.
“Julho prejudicou os números trimestrais, porque o estrangeiro saiu do País com as tarifas americanas mirando o Brasil. Com Trump anunciando exceções, o fluxo voltou a crescer e, com os cortes de juros do Fed, deve seguir este caminho”, afirma Gustavo Bertotti, head de renda variável da Fami Capital.
Para Daniel Utsch, gestor de renda variável da Nero Capital, o “tarifaço” acabou tendo um impacto menor que o esperado para a bolsa brasileira, transformando-se em um “tarifinho” devido às exceções. Ele mantém uma visão otimista para o fluxo de capital estrangeiro no longo prazo. “Continuamos entendendo que é um movimento de médio e longo prazo relevante e que é muito mais provável o estrangeiro continuar alocando no Brasil do que retirar mais”, acrescenta.
Apesar da recuperação, o saldo anual de investimento estrangeiro na B3, que chegou a patamares mais altos, agora está em R$ 26,51 bilhões.
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